Já de volta na cama, Audrey Morgan tirou os chinelos e o roupão com a ajuda de John Watson e, em seguida, se acomodou de volta embaixo dos cobertores.
— Está tudo bem? — perguntou ele parado de pé ao lado da cama com um sorriso sereno no rosto. — Precisa de alguma coisa?
— Estou com um pouco de sede — disse ela.
John caminhou até o frigobar onde encontrou copos limpos e encheu um deles até a metade com água que tirou de dentro do eletrodoméstico antes de caminhar de volta para perto de Audrey.
— Eles passaram por aqui enquanto estávamos fora — comentou ela recebendo o copo.
Quando percebeu que o amigo não tinha entendido, ela indicou o local onde antes estava o carrinho com a tigela do purê e a garrafinha de suco, ambas vazias.
— Ah, sim. — Sorriu John ao compreender.
Ela devolveu o copo vazio para ele.
— Quer mais?
— Não, — ela sorriu. — Obrigada.
Audrey estava sentindo o cansaço resultante do esforço da caminhada e quando John percebeu, incentivou que ela dormisse um pouco.
Mesmo relutante por não querer deixá-lo sem companhia, ela acabou sendo vencida. Dormia em sono profundo quando a doutora Sophie Willows apareceu no quarto para uma visita de rotina.
— Boa tarde, John — cumprimentou a mulher parando à esquerda da cama. — Aconteceu alguma coisa para ela estar cansada nesse horário? Não parece estar com febre — disse enquanto tocava a testa de Audrey.
— Boa tarde, Sophie. De fato, aconteceu — respondeu ele sorrindo enquanto se levantava da poltrona ao lado da cama. — Nós fomos até a sacada lá fora. A distância, e a noite mal dormida de ontem por conta da febre devem ser as culpadas.
— Acredito que sim — concordou a médica. — Ela me parece muito bem. Inclusive vou deixar a alta dela assinada para amanhã de manhã.
John ficou feliz por Audrey estar dormindo e não poder ouvir a conversa.
— Na verdade, se você pudesse adiar um pouco essa alta até de tarde, eu gostaria de pedir que ela fizesse mais um exame antes de irmos.
— Qual?
— Uma ressonância magnética do crânio.
— Não sei se é necessário. Ela recuperou bem as habilidades cognitivas mesmo depois do tempo em que ficou inconsciente. Creio que ela está bem neurologicamente. Ou há alguma queixa não relatada?
— Na realidade não é bem uma queixa, mas ela passou por esse exame a cerca de um mês e foram detectadas algumas anormalidades no cérebro dela. Queria saber se houve alguma alteração.
— E essas anormalidades causaram algum transtorno que mereça ser considerado? Se ela convive bem, talvez um acompanhamento seja uma boa ideia, mas eu sugiro que a Audrey procure um especialista para decidir quais exames pedir.
John olhou para a médica por alguns minutos decidindo o que fazer. Sophie era uma boa profissional e respeitaria o sigilo da paciente. A história de Audrey não era para ser contada a qualquer um pelo risco de colocar todos em perigo.
— Concordo com a ideia de um especialista a acompanhar e agradeceria se tiver algum que possa olhar os exames dela. E sim, as lesões causaram um transtorno bem grave. Mas preciso que você seja discreta com as informações que vou te passar. Vai além do sigilo médico paciente. — John se afastou da cama andando em direção aos fundos do quarto e um pouco mais longe da porta para evitar que alguém que passasse pelo corredor pudesse ouvir a conversa.
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Memórias Anônimas
FanfictionA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...