Audrey Morgan se esforçou para não chorar quando viu a fachada do 221B assim que John Watson estacionou próximo da calçada na Rua Baker.
Sua mente viajou da primeira vez que vira aquela porta, ainda machucada e com medo, até a última vez que saíra de lá, temendo pela segurança das pessoas que a haviam acolhido tão bem.
Ela ficou grata por ter sido a única a sair ferida naquela confusão toda, a não ser que não tivesse acabado.
Talvez fosse perigoso voltar para o apartamento, pensou ela em silêncio franzindo as sobrancelhas. Imaginou se não teria sido melhor ser levada para outro lugar.
— Audrey! — chamou John com a voz um pouco mais elevada pela segunda vez interrompendo os pensamentos dela. — Está tudo bem?
— Vocês têm certeza que é seguro eu ficar aqui?
— Completamente! — respondeu Sherlock Holmes virando o corpo para trás no banco do passageiro e olhando para ela.
— Eu não quero colocar a vida de nenhum de vocês em risco por conta da minha presença — declarou ela com a respiração um pouco mais ofegante.
— Se acalma. — John, que a olhava pelo retrovisor interno, virou para trás colocou sua mão esquerda sobre as dela impedindo que Audrey continuasse forçando as unhas contra os próprios dedos. — Respira mais devagar — recomendou ele.
E continuou.
— O projeto foi paralisado, a pessoa que repassava informações sigilosas para eles foi identificada e presa, assim como os responsáveis pelo esquema irregular. Todos os participantes, com condenação ou não, estão numa prisão de segurança máxima aguardando o que será feito com eles.
— Eu não deveria ter sido presa junto? — Ela evitou olhar para os dois enquanto perguntava.
— E deixar a Rosie sem a babá dela? — perguntou Sherlock sorrindo.
— Saudade da pequena... — Audrey levantou a cabeça um pouco mais animada.
— Ela está aí, — comentou John. — Deixei com a senhora Hudson hoje de manhã antes de ir para o hospital.
— E sobre você ser presa, — continuou Sherlock. — Não tem a menor lógica prender a desertora que desmantelou todo o esquema. Você deveria é receber uma gratificação por isso, inclusive.
— Tá aí uma boa ideia! — afirmou John. — Diga isso ao Mycroft!
— Não gente... Só o que vocês fazem por mim é prêmio suficiente.
— Tarde demais! — anunciou o Holmes mais novo mostrando a mensagem enviada para o irmão antes de guardar o celular de volta no bolso do sobretudo.
— Sherlock... — Audrey sorriu emocionada.
— Vamos entrar? — perguntou ele.
— Sim! — respondeu a mulher.
Antes que John desse a volta em torno do carro, Sherlock já havia saído, aberto a porta do lado da amiga, desafivelado o cinto de segurança dela e a ajudava a ficar de pé na calçada.
Enquanto os dois andavam lentamente até a entrada, o homem pegou a sacola com os exames, trancou o carro e seguiu para a porta do 221B entrando antes da dupla no prédio.
— Faz tempo que essas escadas estão aí? — perguntou Audrey com ironia ao se dar conta que havia esquecido completamente aquele detalhe sobre o lugar.
— Será que agora eu posso? — quis saber Sherlock parado ao lado dela com os braços esticados e o corpo inclinado pronto para erguer a amiga do chão.
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Memórias Anônimas
FanficA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...