Uma nova dose da medicação foi trazida para Audrey Morgan às 10 da manhã e quando terminou, uma enfermeira trouxe mais uma pastilha para dor de garganta antes do almoço.
Como havia lidado bem com o café da manhã por conta própria, a mulher decidiu que já podia comer sozinha.
Sherlock Holmes, no entanto, ficou preocupado quando a profissional falou sobre o risco de ela aspirar a comida caso engasgasse, e deixou por conta dele a tarefa de vigiar a amiga chamando ajuda caso fosse necessária.
— Não precisa ficar me olhando desse jeito. — Ela sorriu sentada sobre a cama enquanto levava a colher à boca. — Eu não vou morrer sufocada com um purê de batata com carne cozida.
— Tem certeza? — A dúvida ainda pairava sobre o olhar de Sherlock acompanhando atento da poltrona.
— Tenho. — Ela segurou a vontade de rir.
Ele não parecia convencido.
— Me passa o suco, por favor? — pediu ela.
— Só quando você terminar de comer — respondeu ele levantando e pegando a garrafinha sobre o carrinho aonde viera a refeição.
— Sherlock, eu não sou a Rosie — argumentou Audrey.
— Eu sei disso. — Ele voltou para a poltrona com o suco sem esconder que estava irritado. — Mas você não vai beber algo enquanto tenta comer.
— E por que não? — Ela virou o corpo na direção do amigo.
— Você vai se engasgar!
— Claro que não vou! — Audrey franziu as sobrancelhas.
Os dois estavam tão entretidos na discussão que não perceberam que John havia entrado no quarto e observava o impasse contendo o riso.
— Tudo bem por aqui? — perguntou ele interrompendo.
— Sherlock não quer me deixar tomar meu suco. — Ela voltou a atenção à tigela com o purê comprimindo um lábio contra o outro.
— Eu só não acho prudente ela comer e beber ao mesmo tempo — declarou ele. — A enfermeira me disse para ficar de olho e cuidar para que ela fizesse tudo devagar e com cuidado.
Houve um momento de silêncio, mas não do tipo desconfortável. John estava se divertindo com a situação desde que chegara e Audrey se concentrou em terminar de comer para não ter uma crise de riso. Por último Sherlock também acabou se descontraindo.
— Acabei! Me dá isso aqui! — Ela esticou a mão com a tigela vazia para John e a outra para Sherlock, mas ele não atendeu ao pedido de imediato.
— Copo ou canudinho? — perguntou John.
— O que você achar melhor. — Ela sorriu para o amigo.
John pegou um copo de cima do carrinho, depois de depositar a tigela sobre ele, e pegou a garrafinha com Sherlock.
— Já sei, devagar — anunciou ela quando recebeu o copo cheio até a metade. — Eu já estou bem melhor. — Audrey olhou para os amigos.
— Estou vendo, — John sorriu. — E fico feliz por isso.
— Ainda vão demorar muito para me liberar? — perguntou ela tomando pequenos goles da bebida adocicada.
— Acho que amanhã você sai.
— Que bom. — Audrey sorriu estendendo o copo vazio para John. — Achei que iam me segurar por conta disso. — Ela indicou o suporte com o recipiente vazio da medicação que recebera.
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Memórias Anônimas
FanfictionA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...