Pouco antes das 8 da manhã, Molly Hooper chegou ao hospital particular com o endereço que Sherlock Holmes havia passado para ela e o encontrou sozinho no quarto com Audrey Morgan. John Watson havia ido buscar Rosie com a senhora Hudson e ainda precisaria ligar para seus pacientes e adiar todas as consultas que pudessem ser reagendadas.
Quando entrou no quarto e viu o amigo deitado sobre a poltrona reclinável, Molly ficou na dúvida se ele estava dormindo ou apenas em seu palácio mental. Tentando não incomodar, ela fechou a porta e caminhou fazendo o mínimo possível de barulho até a cama de Audrey. Ela segurou a mão direita da amiga e um tremor espalhou pelo seu corpo ao senti-la tão fria.
— Você não pode ir embora — sussurrou Molly tentando conter as lágrimas enquanto acariciava o rosto dela em meio aos tubos que a mantinham respirando. — Eu não quero perder outra amiga.
— Nesse caso precisa manter todas a uma distância segura de mim... — A voz barítono do detetive a fez saltar de surpresa.
— Ah não Sherlock... já conversamos sobre isso pelo telefone. — Molly ainda segurava a mão direita de Audrey. — Esse... — ela não sabia bem como se expressar. — Estilo de vida sempre tem risco e mesmo que ela não tenha tido poder de escolha, vai ser sempre vítima dele. Era apenas questão de tempo.
— Ou questão de me encontrar... — Sherlock sentou na beirada da poltrona encarando a amiga.
Molly colocou a mão de Audrey com carinho de volta ao lado do corpo dela e contornou os pés da cama para se aproximar dele.
— Todos vocês estariam mais seguros sem mim — reclamou.
— Essa sem dúvida é a coisa mais absurda que você já disse. — Molly ficou de pé ao lado do amigo e passou seus braços em torno dos ombros de Sherlock o trazendo para perto dela. Em resposta ele a abraçou pela cintura. — Quantas vezes você já arriscou sua vida para nos manter seguros?
— Isso não impede vocês de se ferirem. — Sherlock olhou para cima a encarando.
— Seja como for, nunca é essa a sua intenção. — Ela abaixou a cabeça na direção dele e beijou sua testa.
Um pequeno sorriso surgiu no rosto do homem.
— Espero que ela seja forte o suficiente para sobreviver. — Sherlock voltou a olhar para Audrey estática sobre a cama.
Molly escorregava os dedos da mão esquerda pelos cabelos dele enquanto mantinha a direita onde estava desde que os dois se abraçaram.
— No centro de treinamento de onde a Audrey foi expulsa disseram que ela é obstinada, habilidosa e forte.
— Me lembra de alguém que eu conheço. — Molly deu uma risadinha que contagiou o amigo. — Faz parecer que não foi só coincidência você ter reivindicado o posto de irmão mais velho dela.
— Eu não acredito em coincidências. — Sherlock suspirou. — O universo não é tão preguiçoso.
Os dois ficaram um tempo em silêncio apenas olhando para a mulher como se de repente ela pudesse olhar para eles e começar a conversar.
— Sherlock, eu preciso ir trabalhar. — A mulher se afastou devagar retirando por último as mãos dos cabelos do amigo. — Mas eu volto mais tarde. — Ela sorriu.
O homem concordou com um aceno de cabeça.
— Você vai ficar aqui o tempo todo?
— Não vou abandonar a Audrey...
— Não vai estar abandonando ela se for para casa por algumas horas — respondeu Molly, mas antes que ele pudesse argumentar, continuou. — Quer que eu traga alguma coisa para você? Ou avise o John para trazer? Uma camisa limpa talvez?
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Memórias Anônimas
Fiksi PenggemarA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...