Capítulo 69 - O Coração de Molly

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Molly Hooper procurou ficar o mais quieta possível para que Audrey Morgan não se sentisse incentivada a conversar. Esperava que daquela forma ela estivesse melhor algumas horas depois, mas não foi o que aconteceu.

Sentada na poltrona ao lado da cama, ela acompanhava a amiga procurando uma posição confortável para ficar sem encontrar nenhuma. Molly desistiu de ficar apenas olhando e levantou.

— Audrey, ... — chamou se aproximando e acariciando os cabelos dela. — Ainda está com dor?

A mulher apenas concordou com um aceno de cabeça.

— E acho que você está com um pouquinho de febre também. — Molly acionou o botão para chamar a enfermeira e em poucos minutos elas ouviram batidas na porta.

— No que posso ajudar? — perguntou a profissional sorrindo ao abrir a porta.

— Florence, — Molly a reconheceu. — A Audrey está com a garganta doendo e acho que está com febre.

— A doutora Willows estava esperando para ver se ela iria melhorar sem medicação, mas se ela está com febre... — A enfermeira tirou um termômetro de dentro do bolso do uniforme. — Com licença, Audrey. — Ela colocou o fino objeto embaixo da axila direita da mulher.

Molly continuava acariciando os cabelos da amiga e sorrindo para ela.

— Definitivamente ela está com febre — anunciou Florence alguns minutos depois removendo o termômetro.

— Quanto? — quis saber Molly.

— Quase 39˚C.

— Você não está com frio? — perguntou ela a amiga.

Audrey concordou com um aceno e mais uma vez Molly ficou com pena por ela não ter reclamado.

— Eu vou chamar o otorrinolaringologista de plantão, doutor Ângelo Ramirez — declarou Florence antes de sair do quarto.

Audrey olhou aflita para a amiga que entendeu o motivo dela não ter reclamado. O medo de ter mais uma pessoa estranha a examinando superava qualquer desconforto.

O relato sobre a reação dela aos procedimentos realizados naquele dia havia chegado via mensagem enviada por John Watson e lidas por Molly fazia apenas alguns minutos.

— Vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você. — Ela segurou a mão de Audrey se aproximando um pouco mais. — E prometo que não vou sair daqui.

A mulher concordou, mas continuou incomodada com o que estaria por vir.

O médico era um jovem muito simpático, do tipo que encantava e distraía os pacientes com bom humor e gentileza.

No entanto, nem mesmo isso fez Audrey se sentir confortável quando ele calçou um par de luvas para tocar no pescoço dela e depois pediu para que abrisse a boca para examinar sua garganta com um abaixador de língua e um pequeno espelho circular.

— É só uma laringite — diagnosticou ele. — Vai melhorar rapidinho com o anti-inflamatório e a dor vai passar com o analgésico. A partir de amanhã você vai começar com as pastilhas também — Ângelo sorriu. — A senhorita não devia ter arrancado os tubos da ventilação mecânica.

— Sem querer — respondeu Audrey.

— Claro que foi. — Ele sorriu e colocou a mão já sem as luvas sobre a dela com um aperto suave. — Não estava te culpando. — Seu tom de voz era doce e os olhos dele pareciam brilhar acompanhando o sorriso em seu rosto.

Molly estava se divertindo com os gestos de Florence se abanando com a mão pelas costas do médico indicando como ele era charmoso.

— Florence, — ele se virou fazendo a enfermeira ficar séria e recompor a postura profissional. — Pode começar o tratamento dela. — Audrey já sofreu muito para ficar esperando. — Ele olhou mais uma vez para a mulher sobre a cama ainda com um sorriso no rosto e depois para Molly, de pé ao lado dela, também sorrindo.

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