Capítulo 21 - Pequena Rosie

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— Audrey, o que você fez?! — O desespero na voz de John Watson a apunhalou como uma faca afiada.

Ele estava ajoelhado ao lado do corpo imóvel da filha caído perto da escada.

— Eu... eu... eu tentei segurar ela. — Audrey não conseguia falar por conta da sensação de que havia um nó em sua garganta.

O pai começou a gritar quando percebeu não haver mais sinais vitais e Sherlock Holmes se abaixou ao seu lado o abraçando já com lágrimas escorrendo pelo rosto.

As lágrimas turvaram a visão da mulher que correu para a única porta do patamar superior do salão de mármore que ela sabia estar aberta. Audrey se arremessou na escuridão já esperando pelo impacto com o chão da cela.

Queria estar lá. Merecia estar lá. Era onde criminosos deviam ficar. Devia ter prestado mais atenção e segurado a pequena Rosie quando... ela não se lembrava. Não estava com ela lá em cima.

— Não foi minha culpa! — gritou ela na escuridão da cela de concreto.

— Mas isso não vai trazer ela de volta, vai? — perguntou uma voz de gelar os ossos.

Audrey estremeceu ao ouvir. Não sabia identificar de quem era, nem visualizar de onde tinha vindo. Sua cabeça começou a latejar e ela fechou os olhos enquanto mantinha as mãos cobrindo as orelhas. Quando voltou a abri-los, estava de volta na Rua Baker ainda com a dor e o nariz sangrando.

A mulher se apressou em pegar a camisa guardada na gaveta da mesinha de cabeceira e limpar o rosto antes que Sherlock chegasse à porta. Pelo ardor na garganta, ela sabia que tinha gritado de novo. O homem não teria mais nenhuma noite tranquila de sono por culpa dela.

— Audrey. — Ela o ouviu bater. — Posso entrar?

— Só um segundo — respondeu escondendo a camisa no mesmo lugar antes de ajeitar os cobertores em volta do corpo e acender o abajur ao seu lado. — Entra...

Dessa vez Sherlock já vinha com um copo d'água e um comprimido para dor de cabeça nas mãos.

— Muito gentil de sua parte, já que eu não tenho te deixado dormir. — Ela aceitou e bebeu o remédio.

— Não estava dormindo.

Audrey não acreditou, mas preferiu não discutir. Sherlock, no entanto, percebeu.

— Não costumo dormir quando tenho um caso interessante para resolver e o seu tem sido um bom desafio.

— Então, de qualquer forma, eu continuo sendo a responsável por te manter acordado.

— Bem observado. — Ele sorriu. — Mas não é nada fora dos meus padrões.

— Isso não faz bem, Sherlock. Cérebros precisam de algumas horas de descanso, principalmente os que trabalham tanto quanto o seu.

Ainda com um sorriso no rosto, o homem pegou a mesma cadeira que havia usado no dia anterior e a colocou ao lado da cama de frente para Audrey.

— O que você viu dessa vez?

Ela abaixou a cabeça. O pesadelo conseguira ser pior do que o anterior e ela decidiu que iria mentir para Sherlock. Não falaria sobre Rosie morta ao pé da escada. Só de pensar naquilo sentia uma dor no peito bem pior do que a enxaqueca que ainda a castigava.

— Vi o John de novo... E você estava lá também. — Ela voltou a olhar para o homem. — Eu tentava explicar que não tinha sido minha culpa.

— Faz sentindo pelo que ouvi você gritar. — Sherlock a encarava certo de que havia mais alguma coisa na história, mas por alguma razão ele não conseguia decifrar o que era.

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