Capítulo 49 - Corajosa e Ingênua

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Audrey arrumou a cama e pegou seu celular percebendo que havia uma mensagem não lida. Era de Sherlock Holmes a chamando para ajudar a pôr um fim naquele esquema criminoso. Ela sorriu e digitou sua resposta.

"Eu prometi fazer tudo o que pudesse para ajudar. Chego em breve." - AM

A mulher subiu para seu quarto no segundo piso, deixou o aparelho em cima da mesinha de cabeceira enquanto separava uma roupa para vestir. Acabou escolhendo a mesma com a qual chegara ali.

Se eles queriam que ela fosse reconhecida, a melhor forma era estar usando as mesmas roupas com que saíra do centro de treinamento, ou pelo menos a maior parte dela. A calça, a bota, a camiseta e o casaco. A camisa que vinha usando quando acordava com o nariz sangrando havia sido substituída por uma caixa de lenços descartáveis e jogada fora.

A mulher percebeu que aquela peça não fazia falta quando notou o impacto causado em John Watson ao encontrá-lo na cozinha.

Audrey sorriu quando as lembranças do dia em que o médico cuidou do machucado em sua testa naquele mesmo lugar, passearam por sua memória.

John praticamente conseguiu ouvir como gritara com o amigo assim que viu a mulher pela janela: "Ela está coberta de sangue, Sherlock!" E também sorriu.

— Audrey, eu quero que leve isso com você. — Ele estendeu a mão com a arma que ficava guardada no armário atrás dele. — Não sei o que vamos encontrar e quero que você tenha quanta chance de defesa puder.

— Vocês vão estar lá comigo, é tudo o que eu preciso. — Ela sorriu confiante. — Mas se isso te deixa mais tranquilo — continuou ela antes de esticar a mão, pegar a pistola e a guardar em um bolso interno do casaco.

Das duas vezes que esteve com a arma em mãos, ela encarou situações as quais se considerava com sorte por ter saído ilesa. Estar mais uma vez armada, trazia o medo de algo muito ruim prestes a acontecer.

— Agora precisamos ir. O helicóptero não vai nos esperar por muito tempo. — O médico já havia desmarcado todos os seus pacientes daquele dia para poder acompanhá-la.

— Helicóptero? Quer dizer, a gente não vai de carro? Nós vamos voar! — A animação dela aumentava exponencialmente de uma forma infantil e inocente. — Foi mal... Eu tô trabalhando nisso de me controlar ainda... — Ela estava envergonhada com o próprio entusiasmo. — Pareço até a Rosie quando sabe que vai ganhar um doce.

— Não está fazendo nada de errado. — John sorriu.

Audrey retribuiu o gesto e os dois desceram, parando por alguns minutos para que ela se despedisse da senhora Hudson. Depois de dar um abraço demorado na idosa, a mulher aceitou com muito gosto, um pote com scones de mirtilo recém-preparados ofertados por ela e começou a comê-los assim que entrou no carro, protegido por um segurança armado, que os esperava em frente à porta. A quantidade era suficiente para ela dividir com John que não recusou a guloseima, já que não havia comido nada desde a batata recheada do dia anterior.

A menção ao fato de estar se comportando como a Rosie, trouxe à memória de Audrey o episódio estranho do dia anterior com a mulher no parquinho. Ela então resolveu aproveitar que estava sozinha com John no banco de trás do veículo para conversar sobre o assunto e tentar entender o ocorrido.

— John, — chamou ela. — Aconteceu uma coisa estranha no parquinho ontem.

— O que? — O amigo tombou a cabeça para o lado olhou para ela sorrindo.

— Eu tava com a Rosie no balanço e apareceu uma mulher com um menino. Primeiro ela achou que eu era a mãe, mas eu disse que era a babá e aí ela começou a me oferecer trabalho.

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