Audrey Morgan precisava chegar à casa de John Watson antes das 7 da manhã e não queria se atrasar. Apesar de ter aprendido o caminho no dia anterior, a mulher não quis arriscar ir de ônibus ou metrô com receio de se atrapalhar e demorar demais. Pagou um táxi até lá gastando sua última reserva financeira para isso.
— Bom dia, Audrey. — Ele a recebeu com um sorriso já de camisa e calça social, porém descalço.
— Bom dia, John. Espero não ter chegado cedo demais. Fiquei com medo de me atrasar — comentou ela entrando na casa quando ele se afastou para que a mulher pudesse passar.
— Chegou em ótima hora. Aceita um café? — perguntou ele fechando a porta.
— Não, obrigada. Comi com a senhora Hudson antes de sair.
— O Sherlock ainda dormindo? — Ele sentou no sofá e calçou as meias e depois os sapatos.
— Ficou tocando violino até tarde ontem...
— Ah, não acredito que ele fez isso. — John levantou a cabeça e olhou para a mulher. — Olha, se quiser converso com ele...
— Não John, não me atrapalhou se é o que está pensando. — Audrey sorriu sem contar toda a história. — Eu gostei de ouvir.
— Se está tudo bem para você. — Ele sorriu balançando os ombros. — Agora preciso ir senão quem vai chegar atrasado sou eu. Está com a rotina da Rosie que eu te passei?
— Sim. Anotei tudo.
— Bem, você já conhece a casa, fique à vontade. — Ele subiu as escadas e desceu alguns minutos depois carregando uma pasta de couro caramelo. — Rosie ainda está dormindo — declarou o pai. — Qualquer coisa me ligue.
— Vou ficar atenta. — Ela acenou com a cabeça. — Pode ir trabalhar tranquilo.
— No início da tarde venho ver como vocês estão antes de ir encontrar com o Sherlock.
— Quer que te espere para almoçar?
— Não precisa. Não tenho horário certo. — John pegou as chaves do carro e abriu a porta. — Até mais tarde, Audrey.
— Até mais tarde, John.
(...)
No número 221b da Rua Baker, Sherlock Holmes ficou um pouco confuso ao acordar e perceber que estava sozinho. Não viu Audrey em lugar nenhum e imaginou que ela talvez estivesse com a senhora Hudson, mas quando a idosa chegou desacompanhada, ele ficou um pouco preocupado.— Onde está a Audrey? — perguntou bebendo o chá que ela havia deixado no apartamento enquanto ele dormia.
— Bom dia para você também, Sherlock — respondeu a idosa. — Audrey foi para a casa do John. Está tomando conta da Rosie, esqueceu?
— Verdade! — Um enorme sorriso iluminou o rosto do homem.
— Vou sentir falta de tomar conta da pequena. Mas John está certo quanto a querer alguém cuidando dela em horário fixo, sem imprevistos. — A senhora Hudson sentou na poltrona de John de frente para Sherlock que ocupava sua poltrona. — Facilita para ele...
— Não é como se você nunca mais fosse tomar conta da Rosie — retrucou o homem.
— Eu sei Sherlock, mas já sinto falta...
— Combine com a Audrey, talvez ela não se importe em ter um dia, ou algumas horas a mais de folga. — Ele bebeu um gole do chá.
— Não deixa de ser uma boa ideia. — A senhora Hudson levantou para ver o que precisava ser lavado na cozinha, mas Audrey não havia deixado nada sujo para trás.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Memórias Anônimas
FanfictionA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...