Capítulo 62 - Confia em mim

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Molly Hooper ficou muito feliz ao receber a notícia que Audrey Morgan estava respirando por conta própria e havia conseguido passar nos testes clínicos para continuar assim. Assim que terminou seu turno, ainda no meio da tarde, ela foi para o hospital ansiosa para visitar a amiga.

A senhora Hudson também ficou feliz, mas ao saber que a mulher ainda não estava completamente acordada, preferiu continuar na função de cuidar de Rosie para que John Watson tivesse mais tempo livre.

— É tão bom ver você reagindo — disse Molly sorrindo parada de pé ao lado da cama.

— Quase matou a gente de susto hoje de manhã. — A expressão de John não escondia sua alegria.

— Vocês estavam sozinhos com ela?

— Eu estava, — comentou Sherlock Holmes transparecendo um pouco de irritação na voz. — Ele estava dormindo.

Molly riu imaginando o amigo sem saber o que fazer e desesperado para acordar John.

— Mas agora vai ficar tudo bem. Sem mais sustos, se possível. — Ela segurava a mão direita da amiga ainda um pouco mais fria do que estaria em seu estado normal.

— Audrey vai ficar assim para sempre? Não vai acordar? — perguntou Sherlock sem entender como ela podia ter ficado tão agitada e agora estar inerte novamente.

— Não é assim que funciona, ainda pode demorar um pouco para ela recobrar totalmente a consciência. — Molly sorriu com afeto. — O que você viu hoje de manhã foi um movimento involuntário causado pelo incômodo que ela sentiu com os tubos da ventilação mecânica, já que a médica diminuiu tanto a sedação quanto a dosagem dos bloqueadores musculares.

Sherlock apenas balançou a cabeça frustrado por parecer ainda estarem na mesma situação.

Mas e se ele estiver certo e eu ficar assim para sempre, Molly? — pensou Audrey em resposta.

Ela queria abrir os olhos para ver os amigos, ou mexer as mãos, ou os pés, mas nada respondia. A mulher sentia a mão de Molly tocar a sua, mas não conseguia retribuir e começou a ficar com medo de que aquilo fosse permanente.

Era preferível ter seguido em frente. Porque me agarrei tanto naquela possibilidade de voltar? Agora sim vou dar trabalho. Não devia ter feito isso. Por que voltei? Devia ter deixado vocês em paz. Depois do luto seguiriam com suas vidas... Se eu ficar para sempre desse jeito, vocês vão querer cuidar de mim. Vão gastar um tempo precioso para nada...

Enquanto esses pensamentos corriam por sua mente, um ruído chegava aos ouvidos dela. Um barulho agudo e frenético indicando que algo estava errado. Mas ela não conseguia saber o que era. Sentiu seu coração batendo acelerado e uma lágrima saiu pelo seu olho direito, descendo pela lateral do rosto.

— Jawn, o que está acontecendo? — Ainda abalado com o que presenciara mais cedo, Sherlock estava prestes a entrar em pânico.

— Pode ser dor — respondeu o médico avançando em direção à máquina que dosava a quantidade de analgésico dado a ela.

— Espera um pouco John — pediu Molly olhando para o rosto da amiga. — Audrey... — ela passou o polegar sobre a lágrima e dobrou o corpo para ficar mais próximo dela. — Você confia em mim?

Claro que eu confio em você — pensou a mulher em resposta.

— Isso é temporário. Mesmo que demore um pouquinho até você poder voltar a correr atrás da Rosie, e precise de um pouco de fisioterapia, vai voltar a ser como era antes.

Tem certeza? — Audrey ainda estava aflita enquanto ouvia.

— Não houve nenhuma lesão que comprometa sua capacidade motora. — A voz de Molly era tranquila. — Você não consegue se mexer, porque perdeu muito sangue e seus órgãos estão usando toda a energia que tem para se recuperar — ela acariciava os cabelos da amiga enquanto falava. — Além disso, faz muito tempo que você está deitada e precisou de ajuda para respirar por um longo período. Aos poucos você se recupera. Confia em mim.

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