Querendo deixar bem claro que estava recuperada e apta a continuar como babá, Audrey Morgan foi pontual quando chegou para trabalhar na segunda-feira.
Assim como da primeira vez na casa de John Watson, ela chegou enquanto o homem ainda estava descalço e terminava de se vestir dando o nó na gravata que usava. Como da outra vez, ele ofereceu café assim que fechou a porta, e dessa vez ela aceitou.
— Está sem açúcar — avisou o amigo sentando no sofá para calçar os sapatos.
Na cozinha, a mulher encheu uma caneca para ela e experimentou a bebida da forma que estava, mas desistiu depois de fazer uma careta acrescentando duas colherinhas de açúcar.
— Definitivamente temos paladares diferentes — disse Audrey encostada no armário tipo cristaleira que ficava sobre uma das muretas que delimitava o espaço entre a sala e a cozinha sorrindo para John. — Pelo menos quando o assunto é café. — Ela tomou um gole da bebida quente.
— Sherlock também prefere o café com açúcar — informou ele antes de sorrir. — Agora preciso ir. — O pai ficou de pé. — Audrey, será que você se importaria de ir ao mercado que tem aqui perto comprar umas coisinhas para fazer o almoço? Queria ter comprado na sexta-feira, mas não tive tempo.
— Sem problemas. — Ela sorriu. — Vou aproveitar e levar a Rosie pra brincar no parquinho antes.
— Ótima ideia. — John sorriu. — Divirtam-se — disse ele entregando uma quantia em dinheiro para a mulher. — A lista está pendurada na porta da geladeira.
O pai subiu até o quarto da filha, que ainda dormia, para se despedir e saiu deixando tudo por conta de Audrey. A babá foi para o quarto de Rosie e se acomodou sobre uma grande almofada redonda de tecido colorido para terminar de ler um livro adquirido recentemente na Amazon.
Ela estava pensando em pedir permissão para ler também os exemplares da biblioteca de John em breve. Quanto mais informação conseguisse memorizar em menos tempo, melhor seria seu relacionamento com todos à sua volta. Sua atualização, no entanto, precisou ser adiada quando a menina acordou.
Depois da rotina matinal, ela colocou uma roupinha de passeio em Rosie e preparou a mochilinha dela com água e alguns biscoitos para que pudessem sair indo direto para o parquinho antes do mercado como havia dito que faria.
Audrey precisava resistir a vontade de usar os brinquedos enquanto acompanhava a pequena. Tudo parecia ser muito divertido, mas ela não podia descuidar da menina nem por um segundo. Cada vez mais esperta, a babá precisava ficar atenta e às vezes correr atrás dela quando se afastava demais.
— Você é muito sapeca! — disse ela pegando Rosie no colo e a beijando antes de colocá-la no balanço.
A menina riu alto enquanto Audrey garantia que ela estava segura para só então começar a balançar.
— Que gracinha sua filha, — comentou uma mulher de pé perto de um menino que ocupava o balanço ao lado de onde Rosie estava.
— Não é minha filha, sou só a babá dela — respondeu Audrey.
— Nossa! Sem uniforme e tratando ela com tanto carinho, imaginei que fosse a mãe. — A mulher sorriu. — Será que não tem umas horinhas sobrando? Quanto recebe para cuidar dela?
— 10£ por hora.
— Eu te pago 12£ se quiser mais duas ou três horas de trabalho.
— Ah, sinto muito, mas fico com ela dez horas por dia durante a semana, e aos fins de semana é minha folga.
— Pago o dobro se quiser trabalhar no final de semana — ofereceu a mulher.
Audrey ficou feliz com o interesse dela. Às vezes ainda duvidava se estava cuidado direito de Rosie, mas depois de ouvir aquilo, imaginou que provavelmente estava fazendo um bom trabalho.
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Memórias Anônimas
FanfictionA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...