Capítulo 38 - Imprevisto previsível

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Finalmente, depois de várias noites com medo e desespero, Audrey Morgan conseguiu dormir. Ela tomou o remédio receitado por John Watson e foi para a cama por volta das dez da noite.

Quando acordou no dia seguinte, faltando cinco minutos para as seis da manhã, quase não acreditou. Não foi apenas uma noite relaxante, foi um sono profundo sem pesadelos.

Ansiosa em começar a semana e manter seu emprego de babá, ela rapidamente se levantou, arrumou a cama, desceu para o banheiro onde lavou o rosto e escovou os dentes antes de voltar para o quarto e trocar de roupa.

Estava se preparando para descer e tomar o café da manhã quando ouviu as vozes de John e Rosie no piso principal do apartamento. Audrey desceu para averiguar o que acontecia e encontrou Sherlock Holmes, ainda de pijama com um roupão azul, brincando com a afilhada.

— Bom dia, — cumprimentou ela. — Aconteceu alguma coisa? Eu já estava indo para a sua casa, John...

— A Rosie acordou cedo hoje, então achei melhor trazer ela até aqui.

Audrey abaixou a cabeça, estava com medo que os últimos acontecimentos tivessem colocado certo receio sobre sua capacidade de cuidar da pequena. John percebeu.

— Eu já disse que confio em você. — O amigo se aproximou dela e levantou sua cabeça delicadamente com o indicador esquerdo sob o queixo dela. — A Rosie realmente acordou cedo, e animada, e eu quis te economizar a viagem.

— Escolha interessante de palavras já que eu gastei tudo o que tinha... — A babá comprimiu um lábio contra o outro. — Nem sabia como ia fazer para chegar lá, já que não recarreguei meu Oyster Card e nem tenho dinheiro suficiente para isso...

— Se quiser eu posso...

Audrey o interrompeu.

— Me pagar no final do dia que é quando termina o meu expediente. — A mulher sorriu.

— Por falar em expediente, preciso ir senão eu chego atrasado — disse o pai enquanto sorria. — Até mais tarde, Abelhinha — ele pegou a filha no colo e beijou sua bochecha.

— Papai vai bora?

— Preciso ir trabalhar...

— E a gente vai para o parquinho com o padrinho. — Audrey se aproximou dela sorrindo ignorando a expressão de Sherlock que não havia sido consultado previamente se queria sair de casa. — Daqui a pouco o papai está de volta! — Ela esticou os braços na direção de Rosie que passou para o seu colo.

— Até mais tarde. — John sorriu e saiu rápido do apartamento sem dar tempo para a pequena pensar muito no assunto.

— Agora, enquanto o padrinho vai trocar de roupa, nós vamos comer alguma coisa. — Audrey seguiu em direção à cozinha. — Por favor, não demore Sherlock. Quero aproveitar enquanto o sol ainda não está muito quente.

— Não demola — reafirmou a menina.

Sherlock não teve escolha a não ser sorrir e seguir as instruções das duas. Foi uma manhã divertida que se repetiu no dia seguinte, com John mais uma vez trazendo a filha para a Rua Baker ao invés de esperar por Audrey em sua casa.

Na quarta-feira, porém, sem pacientes na parte da manhã, o médico dispensou a babá do serviço e ela aproveitou que o sedativo ainda estava sendo eficaz para ficar na cama até um pouco mais tarde.

Seu plano era dormir até pelo menos dez horas da manhã, mas pouco depois das nove uma dor a acordou. Algo que nunca havia sentido antes, não que se lembrasse.

Começava na parte mais baixa do seu abdômen e se irradiava para suas pernas. Audrey começou a suar frio e encolheu o corpo abraçando os joelhos. Tentou se lembrar de tudo o que comera no dia anterior para saber se alguma coisa poderia ter causado aquilo, mas nada de diferente vinha à sua mente.

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