Capítulo 42 - Trem para Cardiff

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Já acomodado no trem que saiu da estação em Londres em direção à Cardiff, John Watson, sentado no banco de frente para Sherlock Holmes, pegou o celular e ligou para a babá.

— Oi Audrey, tudo bem por aí? — perguntou ele quando ela atendeu após o terceiro toque.

— Estamos sim, John. Acabei de colocara Rosie para dormir a soneca da tarde e vou aproveitar para arrumar a cozinha.

John ergueu as sobrancelhas. Já havia desistido de tentar convencer Audrey a não se preocupar com nada além de sua filha, mas a babá não cansava de repetir que apenas cuidar da Rosie era muito pouco comparado ao que eles estavam fazendo por ela.

— Algum problema? Achei que você fosse aparecer na hora do almoço — continuou a mulher.

— A Molly encontrou uma pista daquela substância injetada em você e estou indo junto com o Sherlock até Cardiff, que é onde fica o hospital em que o amigo que passou a informação para ela trabalha. É uma cidade não muito longe de Londres. Provavelmente estaremos de volta hoje à noite.

— Que ótimo! — Audrey sorriu enquanto colocava o que ia lavar dentro da pia.

— É sim! — concordou John olhando a paisagem passando rapidamente pela janela. — Se conseguirmos rastrear quem está fabricando e para quem vende, as chances de encontrar o responsável por apagar sua memória são enormes! Daí para descobrir sua identidade será questão de dias.

— Talvez horas — acrescentou Sherlock fazendo o amigo sorrir, mas a mulher não pôde ouvir.

Audrey puxou uma cadeira sentou sem saber como reagir à notícia. Saber sua verdadeira identidade era tudo o que mais queria desde que havia encontrado os dois na Rua Baker.

— Audrey, está tudo bem? — John ficou preocupado com o silêncio dela e trocou um olhar apreensivo com o detetive.

— Tudo sim — respondeu ela. — Eu só fiquei sem saber o que dizer. Está realmente acontecendo!

Ele sorriu deixando Sherlock mais tranquilo ao perceber que estava tudo bem.

— Sim Audrey. Vai ser só questão de tempo.

A mulher sorriu e uma lágrima desceu pelo seu olho direito.

— Eu só vou precisar que você faça uma coisa.

— Pode falar, John. — ela se recompôs.

— Como não sei que horas vamos estar de volta, quero que você arrume uma mochila com as coisas da Rosie e vá para a Rua Baker com ela no final da tarde.

— John, eu consigo tomar conta dela aqui até vocês chegarem.

— Eu sei que consegue Audrey, mas, por favor, faça isso. Você sabe que eu não acho justo você assumir toda a responsabilidade sozinha cada vez que eu e o Sherlock perdemos a noção do tempo em uma investigação.

— Aprecio sua preocupação John, mas vocês não estariam indo para Cardiff se não fosse por mim...

— Não deixa de ser verdade, mas ainda assim não acho justo. E a senhora Hudson vai ficar feliz em ajudar... — argumentou ele. — Eu sei que ela sente saudade de quando cuidava da Rosie por mais tempo, antes de você aceitar se tornar a babá dela.

John não queria ter que fazer aquilo, mas não estava vendo outra opção. Mesmo com o sentimento de culpa, resolveu atingir Audrey em seu ponto fraco. Achar que sua chegada estava de alguma forma interferindo na vida deles. O artifício funcionou.

— Tudo bem então, — Audrey sorriu. — A gente vai para lá.

— Obrigado — agradeceu o amigo. — Até mais tarde.

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