Capítulo 89 - O Caso da Vida Roubada

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Apesar das tentativas de convencer Audrey Morgan de que ela era mais do que apenas uma cliente, Sherlock Holmes aceitou atender ao pedido da amiga.

Quando ouviram os passos da senhora Hudson subindo as escadas, a dupla se dirigiu para o piso principal do apartamento ainda vestindo seus respectivos pijamas.

A idosa olhou espantada para os dois ao vê-los descerem juntos do quarto, e Audrey precisou segurar o riso imaginando quais eram os pensamentos dela.

— Eu tive outro pesadelo — esclareceu a mulher. — E o Sherlock foi mais do que paciente passando horas conversando comigo depois do susto por acordar com meus gritos.

— Oh, eu sinto muito por isso ainda estar acontecendo com você — lamentou a idosa colocando a bandeja com o bule e duas xícaras sobre a mesa. Havia também um pratinho com biscoitos amanteigados.

— Acho que vai ser assim o resto da minha vida. — Audrey tentou sorrir, mas não conseguiu segurar a expressão por muito tempo.

— Senhora Hudson, — chamou Sherlock saindo do seu quarto com o celular na mão. Ao invés de permanecer na cozinha com as duas, ele havia ido buscar o aparelho. — Seria problema tomar conta da Rosie por algumas horas?

— Claro que não, querido — respondeu ela sorrindo.

— Obrigado — agradeceu ele antes de ligar para John Watson.

Apesar dos biscoitos preparados pela senhora Hudson parecerem apetitosos, Audrey não conseguiu comer nenhum deles e estava fitando a xícara de chá pela metade sentada à mesa da cozinha com Sherlock quando John os encontrou meia hora mais tarde.

Ambos já haviam trocado seus pijamas por roupas comuns de uso diário e o esperavam para contar as últimas novidades.

Saber que precisaria revisitar o pesadelo da noite anterior pareceu inofensivo no início, mas aos poucos a mulher se arrependia da ideia e sentia um peso comprimindo seu peito.

— Será que agora você pode me explicar o que está acontecendo? — perguntou John aflito.

Audrey piscou rapidamente os olhos algumas vezes tentando se livrar das lágrimas que surgiram de repente.

— Ela teve outro pesadelo — declarou Sherlock. — E sabe de algumas coisas que não contamos para ela.

John cobriu a boca com a mão enquanto olhava para a amiga que girava um biscoito entre os dedos.

— E outras que nós não tínhamos como deduzir — continuou o detetive.

Por fim ela colocou o quitute dentro da boca e levantou passando entre os dois enquanto caminhava para a sala.

Com uma cadeira de frente para as duas poltronas, a mulher sentou e esperou pelos amigos que se acomodaram em seus lugares de costume. Sherlock respirou profundamente antes de começar.

— O seu nome é Catherine De Santi e apesar de não lembrar, seus pais são os principais responsáveis por você ter sido admitida em um programa do governo, exclusivo para criminosos condenados, sem nunca ter cometido nenhum crime — declarou ele com um tom de voz solene olhando para a amiga. — Acho que isso agora ficou claro, não é? — perguntou de forma um pouco mais gentil.

A mulher acenou em positivo com a cabeça e sorriu finalmente aceitando que nunca havia cometido nenhuma contravenção, nem ameaçado a vida de alguém, até ser recrutada pelos criminosos que a transformaram uma assassina de aluguel.

— Sherlock, o que significa isso? — John não estava entendendo a forma como aquilo estava sendo conduzido.

— Eu pedi pra ele concluir o caso da maneira que faz com todo mundo — explicou Audrey.

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