Capítulo 74 - Passado Apagado

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Assim que entrou na sala de exames, Audrey Morgan entendeu o que John Watson quis dizer quando mencionou o dinheiro.

Desde o ambiente climatizado, iluminado e com cores calmantes, até as pinturas nas paredes contribuíam para deixar tudo menos parecido com uma sala de exames. A mulher ficou de boca aberta enquanto observava cada detalhe.

— John, a gente pode vir morar aqui? — Ela sorriu descontraída com a própria brincadeira.

— Não falei que o dinheiro fazia toda a diferença — comentou ele ao ouvido dela enquanto a ajudava a se levantar da cadeira e deitar na maca da máquina.

Até isso era mais confortável do que a própria cama aonde ela vinha dormindo. Nem mesmo a dor que sentia no braço esquerdo, agora que começara a movimentá-lo com mais frequência, foi suficiente para estragar o momento.

— E tem mais. — John pegou em cima de uma mesa um par de fones de ouvido sem fio. — Esqueça o barulho dessa vez. Esses vão bloquear o som de maneira bem mais eficiente. — Você pode escolher uma das playlists desse aparelhinho, — ele repassou o equipamento para ela. — Ou acessar a conta premium do hospital no Spotify.

— Não se preocupe com o tempo que vai demorar. — Ela colocou os fones no ouvido e sorriu enquanto olhava as músicas disponíveis até se dar conta de que não conhecia nenhuma. — Não tem uma lista com o Sherlock tocando violino? — ironizou ela.

— Como assim? — O médico sorriu enquanto prendia a cabeça da amiga ao suporte acolchoado para que ficasse no lugar apropriado para a máquina fazer as imagens.

— As únicas músicas que eu ouvi até agora foram tocadas por ele. Nem tenho ideia do que eu gosto.

— A gente realmente esquece esses detalhes. — John pegou o aparelhinho de volta. — Tenho uma ideia. Se você nasceu em mesmo em 1980, talvez essa lista tenha algo familiar para você.

Audrey pegou o aparelho e olhou a lista selecionada. — Sucessos dos anos 90, — leu ela.

— É um ponto de partida — afirmou John.

— Tem razão. — Ela iniciou a reprodução das músicas e relaxou.

— Daqui a pouco eu volto para aplicar o contraste em você. — O médico gesticulou com as mãos para que ela conseguisse entender.

Como não conseguia mais mexer a cabeça para concordar ela apenas sorriu em resposta.

Quando John voltou alguns minutos depois para dar sequência ao procedimento, ficou feliz ao ver o semblante tranquilo de Audrey. Ela pausou a reprodução da playlist para conseguir ouvi-lo.

— Conseguiu reconhecer algumas das músicas? — perguntou ele preparando a seringa sobre a bancada.

— Não, mas quase chorei com algumas. — Ela sorriu quando o médico se virou, mas depois fez uma careta olhando para a seringa com a agulha ainda coberta.

— Fica tranquila, não vou precisar espetar você com ela — disse ele a deixando ao lado da amiga e liberando do esparadrapo o acesso venoso ainda conectado ao braço direito dela. — Mas pode ser que você sinta aquele gosto estranho de novo — continuou John destampando a agulha e injetando o contraste.

Audrey franziu as sobrancelhas quando sentiu o gosto metálico.

— Já vai terminar — afirmou o médico antes de voltar para a sala de comando junto da doutora Sophie, o técnico que operava a máquina e a neurologista do hospital.

Terminado o exame, John e Audrey, acompanhados por Sherlock, voltaram para o quarto onde encontraram o carrinho com o café da manhã trazido pela enfermeira responsável pela alimentação dela.

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