Capítulo 79 - Se essas paredes falassem

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Na manhã de segunda-feira, Audrey Morgan tomou o chá da manhã acompanhado por scones preparados para ela pela senhora Hudson na sala com Sherlock Holmes.

John Watson havia passado rapidamente pelo apartamento para deixar a filha com a madrinha mais velha antes de ir para o hospital e ficou feliz ao encontrar a amiga ocupando sua poltrona.

À tarde, Rosie se juntou a eles e aos poucos a vida no 221B da Rua Baker ia retomando a normalidade. Obviamente dentro das possibilidades quando se vive com um detetive consultor.

Já era tarde da noite quando Audrey encontrou Sherlock sentado em sua poltrona aparentemente em seu palácio mental.

Ela queria dar boa noite a ele antes de subir para o seu quarto. Finalmente o cômodo estava preparado para recebê-la depois que John colocou lençóis limpos na cama e a liberou para subir e descer as escadas, embora ainda houvesse a recomendação de continuar utilizando a bengala.

No entanto, sem querer incomodar, ela se virou na direção da porta e já se preparava para subir quando Sherlock a chamou.

— Será que você pode dar uma olhada num caso? — perguntou ele. — Estou ignorando algum detalhe.

— Sherlock, se você está ignorando como eu vou perceber? — Ela caminhou para perto do amigo que já havia se levantado e estava em frente à mesa da sala.

— Você demonstrou uma boa habilidade de dedução com aquele incêndio. — Ele separava as pastas abertas na ordem em que haviam acontecido os assassinatos.

— Já disse que aquilo foi sorte de principiante — retrucou ela sorrindo.

— Vamos ver se você continua com sorte — rebateu Sherlock também sorrindo. — Já são cinco pessoas mortas. Espero que as fotos da cena do crime não sejam um problema para você.

— O que? — Audrey olhou para os arquivos e se arrependeu ao ver os cadáveres dilacerados. — Agora se eu tiver pesadelos de madrugada e acordar você, não vou me sentir culpada — disse ela de olhos fechados.

— Eu sinto muito, er... deixa pra lá... — O detetive começou a fechar as pastas. — Com o seu passado eu achei que..., mas você perdeu a memória, não faz nem sentido eu pensar assim.

— Relaxa, tá tudo bem, — Audrey sorriu e olhou para Sherlock. — Só me prepara melhor da próxima vez.

Ele sorriu de volta.

— Quer que eu te conte o que já sei ou prefere analisar primeiro? — perguntou ele.

— Melhor analisar, assim minha atenção não fica direcionada para o que você já descobriu.

— Boa escolha. — O detetive voltou para sua poltrona e deixou a amiga com as fotos.

Cinco pessoas, todos adultos. Idades entre 35 e 60 anos. Três mulheres e dois homens. Assassinatos em horários e dias variados dentro de casa sem sinais de arrombamento. Tanto dia da semana quanto finais de semana. Nada em comum entre as vítimas. Exceto um detalhe.

— Sherlock, você já tinha notado que estão todos com as unhas bem-feitas, não é? — perguntou ela.

— Sim. É a única coisa em comum entre as vítimas. O salão onde a manicure trabalha. Lestrade já interrogou todos os funcionários, clientes e outras pessoas nas proximidades. Já olhou as câmeras da rua e do estabelecimento também. Nada suspeito.

— E o caminho que fazem para chegar até lá?

— Traçamos as possíveis rotas. — O detetive voltou para perto da mesa e mostrou o notebook com o mapa do centro de Londres com cinco linhas verdes e cinco linhas vermelhas. — Da casa de cada um até o local, em verde e partindo de onde trabalham em vermelho. Nenhuma rua coincide para os cinco.

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