Sherlock Holmes, John Watson e Audrey Morgan andavam pelo terreno silencioso do cemitério. Não demorou mais do que alguns minutos para que o detetive descobrisse onde Raymond e Barbara De Santi haviam depositado os, assim chamados, restos mortais da filha.
Eles não faziam ideia do que poderia estar guardado no mausoléu da família já que ela estava viva e saudável ao lado deles, mas uma curiosidade mórbida fez com que a mulher quisesse visitar seu túmulo naquela tarde de domingo.
O trio não esperava menos ostentação do que encontrou. As sepulturas da família ficavam dentro de uma pequena construção toda em mármore preto com um portão de ferro da mesma cor destrancado em frente à entrada estreita.
Por dentro, no entanto, o desleixo era compatível com a forma como eles tratavam alguns dos membros da família. Plantas secas e sem vida, iluminação precária proveniente das pequenas janelas basculantes perto do teto e muita poeira sobre as superfícies.
— Eles deviam pelo menos pagar alguém para manter isso limpo — reclamou Audrey trazendo o trench coat bege de lã que usava para mais junto do corpo evitando esbarrar com ele em alguma coisa. — Mas esse descaso não me surpreende. — Ela olhou sorrindo para Sherlock e John que vinham atrás dela.
As placas com os nomes identificando quem estava enterrado seguiam um padrão em ferro preto com letras e números prateados. O detetive rapidamente localizou a pertencente ao túmulo dela por ser uma das menos desgastadas pelo tempo na parede onde estava.
— Catherine De Santi. — Audrey leu a placa falando seu antigo nome em voz alta pela primeira vez.
— Eu gosto do nome — comentou John parado do lado direito dela.
— É bonito também. — Ela sorriu. — Eu sempre tive nomes bonitos.
— São para combinar com você — continuou ele.
Audrey sentiu as bochechas ardendo com o elogio.
— Não acha que está na hora de consultar um oftalmologista, doutor Watson?
— Já pensou em só aceitar o elogio e agradecer? — retrucou o amigo.
— Fala sério, John! Você tá guardando isso desde aquele dia no hospital! — declarou ela com os olhos arregalados e sem fechar a boca quando terminou, se lembrando do dia em que revelou que ele ficava bonito de jaleco e obteve praticamente a mesma ironia como resposta.
Sherlock olhou para os dois com um enorme sorriso no rosto.
— O que será que eles colocaram aí dentro? — perguntou Audrey curiosa.
— Podemos descobrir — respondeu o detetive tirando um canivete de dentro do bolso do sobretudo.
— Isso seria violação de sepultura. — John levantou a mão para impedi-lo. — Tenho certeza que o Greg consegue uma autorização para você.
— Ele tem razão, Sherlock — concordou a mulher. — Além de não ser correto, vai chamar a atenção do Raymond e da Barbara e eles podem querer investigar. Seja lá o que estiver aí dentro, tenho certeza que não sou eu. — Ela deu um risinho.
— Bem observado — ironizou o detetive.
— Por falar em mim, acho que calculei errado a minha idade — declarou ela. — Pelo que Raymond disse no sonho, era meu aniversário de 34 anos... não posso ter 37.
— Ele realmente falou isso com a gente quando contou o que aconteceu — confirmou John.
— Mas você está ignorando um pequeno detalhe — continuou Sherlock apontando para a placa.
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Memórias Anônimas
FanfictionA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...