Capítulo 43 - Tempestade Iminente

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O trem chegou à estação Central em Cardiff precisamente às 15h36min. Sherlock Holmes e John Watson embarcaram em um táxi e em pouco menos de meia hora chegaram à clínica.

O prédio de dois andares era circundado por muitas árvores de pequeno porte e flores. Tinha uma atmosfera aconchegante e agradável completamente incompatível com o esquema criminoso que parecia estar acontecendo ali.

Além da porta de vidro, todas as paredes do térreo eram do mesmo material transparente, o que deixava o local muito bem iluminado. A dupla foi direto para o balcão em frente à entrada principal onde um sorridente recepcionista de uniforme amarelo claro os atendeu.

— Em que posso ajudá-los? — perguntou o homem atrás do balcão.

— Imagino que vocês estejam cientes que voltaríamos a fazer uma visita — Sherlock mostrou um cartão de identificação com o nome do irmão mais velho para ele.

— Acho que já esclarecemos tudo o que tínhamos para explicar, senhor Holmes — argumentou o atendente já sem o mesmo sorriso.

— Vou ter que discordar e pedir as fichas de todos os pacientes que morreram ou desistiram do tratamento nos últimos doze meses. — O detetive sorriu. — Para levar comigo. Prometo que devolvo o mais rápido possível.

— Não sei se posso fazer isso, senhor.

— Bem, imagino que sejam muitos arquivos e acho que apenas nós dois não daremos conta de analisar tudo aqui com o tempo que temos disponível para o serviço. Sendo assim, precisarei chamar reforços... — Sherlock guardou a identificação e pegou o celular no bolso.

— Uma movimentação como essa com certeza vai chamar a atenção, e é bem provável que vá parar nos jornais. — John sorriu e inclinou levemente a cabeça para o lado. — De novo.

Há muito tempo ele havia parado de se espantar com Sherlock usando as credenciais de Mycroft para ter acesso a algum lugar.

— Esperem um minuto. — O recepcionista tirou do gancho o telefone oculto pelo balcão e discou apenas três números.

Os amigos aguardaram sem se abalar enquanto as informações eram passadas. Eles ouviram o nome do Mycroft e a descrição do que queriam. Foram apenas 5 minutos até conseguirem a permissão para ir ao acervo da clínica e pegar o que precisavam.

Os dois saíram levando consigo quatro pastas com divisórias contendo os arquivos de 126 pacientes. Quase 700 folhas com seus dados, quadro clínico, tratamento e motivo da desistência ou causa da morte.

— Vamos levar isso para Londres? — perguntou John carregando duas pastas.

— Sim. A própria Audrey pode nos ajudar a analisar. — Com as outras duas embaixo do braço, Sherlock andava tranquilamente pela calçada atento para ver se passava algum táxi.

— Sherlock, e se não encontrarmos nada? Nem sei se deveríamos estar com esses arquivos. Essa clínica ignorou completamente o sigilo médico paciente nos entregando isso. — Ele estava mais preocupado do que o amigo sobre as implicações daquilo.

À medida que caminhavam as nuvens começaram a cobrir o azul do céu e Sherlock estava cada vez mais ansioso por encontrar transporte até a estação para embarcarem no trem que saia 20 minutos depois das 5 horas.

— Esse tipo de restrição não existe para o Mycroft — retrucou ele sentindo a primeira gota de chuva bater em seu rosto. — Droga! — praguejou antes de começar a correr.

John fez o que pôde para acompanhá-lo com a mesma velocidade.

— Sherlock! — chamou o amigo com dificuldade para respirar se escondendo debaixo de uma marquise.

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