Capítulo 50 - Tudo que puder lembrar

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Quando o helicóptero pousou, eles viram não muito longe dali, Sherlock e Mycroft Holmes parados esperando de pé do lado de fora do carro preto blindado. John Watson desceu primeiro e ajudou Audrey Morgan a desembarcar enquanto os irmãos se aproximavam.

Depois os quatro seguranças armados desceram e o Holmes mais velho os instrui a acompanhá-los e não hesitassem em atirar caso julgassem necessário.

— Sherlock, — chamou Audrey. — Recebeu minha mensagem?

— Eu recebi, — um sorriso encantador iluminou o rosto dele. — Você não viu minha resposta?

A mulher colocou a mão no bolso e só então percebeu que havia esquecido o celular em cima da mesinha ao lado da cama.

— Droga... — praguejou ela em voz baixa.

— Tudo bem? — perguntou John.

— Meu celular ficou lá na Rua Baker, tem como a gente voltar pra pegar? — Ela deu um sorriso irônico.

Enquanto conversavam, o grupo se deslocava em direção à entrada do prédio da organização.

— Acha que usar a mesma roupa do dia que eu cheguei foi uma boa ideia? — perguntou ela tentando acompanhar os passos do detetive.

— Excelente ideia! — elogiou ele. — Agora preciso que fique bem perto de mim. Se alguém te reconhecer eu vou perceber na hora!

— Tá certo! — Audrey estava animada.

À medida que chegavam mais perto da edificação, no entanto, seus sentimentos foram mudando para um medo que ela não conseguia entender ao certo a origem.

O prédio imponente parecia ser de uma universidade, inclusive com um jardim e árvores em volta, mas todos estavam cientes do tipo de ensino que era ministrado entre aquelas paredes de tijolo vermelho bordô. Nos quatro andares havia janelas grandes, sendo cinco nos andares superiores e apenas quatro no térreo.

Audrey olhou para Sherlock à sua direita buscando amparo quando passaram por dois homens que conversavam debaixo da sombra de uma árvore ao lado da entrada principal. Ele percebeu o desconforto dela.

— Reconheceu algum deles?

A mulher negou decepcionada com um aceno de cabeça.

— Tudo bem. — Ele a puxou para mais perto para ver se provocava alguma reação nos homens.

Estavam muito bem armados, usavam roupas semelhantes às de Audrey e o detetive teve certeza que um dos dois olhava diretamente para ela com raiva.

Seu plano estava saindo melhor do que o esperado e tinha convicção de que devia coletar mais informações a respeito daquele sujeito. John notou as conclusões pelo olhar de Sherlock e passou a andar do lado esquerdo da amiga na intenção de protegê-la.

— Senhor Holmes! — exclamou o homem passando pela porta principal e descendo pela escadaria chamando sem querer a atenção dois irmãos. — À que devo a honra da sua visita? — continuou ele se direcionando ao mais velho.

— Vim saber que história é essa de vocês estarem admitindo pessoal sem a nossa autorização e aceitando encomenda particular de assassinato em troca de dinheiro, Donnie — revelou Mycroft sem cerimônia enquanto eles trocam aperto de mão pouco amistoso. — Donald Coheny, diretor responsável pelo projeto — continuou ele para Sherlock.

— Não sei com quem você está se informando, mas a única ilegalidade que fazemos aqui é declarar mortas pessoas que ainda estão vivas. — Ele esticou a mão para cada um do grupo e foi cumprimentado sem deixar de notar quão frias estavam as mãos da mulher que os acompanhava. — Mas isso nunca foi segredo para ninguém e faz parte do projeto. Além de ter o consentimento de todos os envolvidos. É importante para manter a discrição que o trabalho exige e garante a segurança dos voluntários e de suas famílias.

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