Capítulo 81 - Meu passado me condena?

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Audrey Morgan estava se sentindo péssima por ter nutrido sentimentos por um homem tão horrível. Mesmo que ela não soubesse de seu passado, ficou pasma por não ter percebido que estava se relacionando com um ser humano frio e capaz de matar sem remorso para conquistar seus objetivos.

Isso a fez pensar se, apesar de conseguir se comportar de maneira tão amável, ela não teria o mesmo tipo de passado com seu lado cruel apenas adormecido. Um tremor passou pelo corpo da mulher imaginando o que poderia acontecer aos amigos caso um dia simplesmente voltasse a responder aos seus antigos instintos.

— Cuidado, está quente. — John Watson estava parado na frente dela com uma caneca de chá com leite.

— Obrigada. — A mulher pegou o objeto de porcelana pela alça. — Onde está a Rosie? — perguntou ela depois de soprar a superfície do líquido e tomar um pequeno gole.

— Está dormindo na casa da Sra. Hudson — respondeu John voltando a sentar do lado direito dela no sofá.

— Até agora? — comentou a babá achando meio longa aquela soneca da tarde.

— Ela demorou a pegar no sono ontem de noite. — Suspirou ele com um sorriso modesto no rosto.

— Você também deve estar cansado. — Audrey tomou mais um gole do chá.

— Quase nada. — O sorriso de John ficou um pouco maior.

A mulher sorriu para ele antes de fechar os olhos e respirar fundo. Os amigos aguardavam pacientemente ela se recuperar do choque com os vídeos para continuar a conversa. Audrey queria saber tudo ao que havia sido submetida.

— Podemos começar? — A mulher segurava a caneca sobre o colo com as duas mãos.

— O que você quer saber? — perguntou Sherlock ainda acomodado em uma cadeira à esquerda dela.

— As cirurgias. Já ficou claro pela nossa conversa de outro dia que passei por algumas no cérebro e agora tenho certeza que passei por algumas no rosto também — declarou ela. — Porque fizeram isso?

— As no seu rosto foram para impedir que você fosse reconhecida, mesmo só tendo permissão para sair a trabalho e devidamente disfarçada — respondeu o detetive. — As no cérebro faziam parte do ciclo para apagar sua memória junto com a droga.

— E eu concordei participar disso? — quis confirmar Audrey. — Igual ele? — Ela indicou a pasta com os arquivos de Albatroz sobre a mesinha na frente do sofá.

— Você precisou ser convencida — disse John.

— Tortura? — Ela encarava o líquido bege dentro da caneca.

— O psiquiatra não foi específico sobre como faziam, mas comentou sobre privação de liberdade, de comida e castigos físicos — esclareceu Sherlock.

— Explica o meu medo de pessoas desconhecidas... — A frase saiu quase que em sussurro.

— Assim que a investigação for concluída, eu me comprometo a levar você para consultar com uma terapeuta — declarou John apoiando a mão no ombro da amiga. — Você vai superar tudo isso.

Audrey suspirou e levantou a cabeça enquanto a mão dele escorregava pelo seu braço.

— E essa droga, não deveria ter feito esquecer essas coisas todas?

— Segundo Federico, quando são traumas muito profundos deixam sequelas difíceis de apagar. Você não vai lembrar exatamente do que passou, mas as consequências dos maus tratos aparecem nas suas reações — respondeu Sherlock. — Ataques de pânico, pesadelos e fobias são apenas alguns exemplos do que pode acontecer.

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