Capítulo 35 - Renato

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Renato

Uma semana depois eu estava em meu quarto sentado, estava me arrumando porque naquele dia minha mãe havia me chamado para ir à igreja novamente. Eu queria ir, sabia o quanto havia me feito bem-estar naquele lugar, mas ao mesmo tempo diversos pensamentos vinham até a minha mente, eu pensava o que aconteceria quando os meus amigos soubessem que a igreja que eu tanto havia condenado, agora era algo que estava me ajudando a encontrar a salvação para mim mesmo.

Respirei fundo, eu sempre havia dito que não ligava para o que as outras pessoas pensavam de mim, por que agora eu estava me importando?

Terminei de vestir a calça e colocar o cinto quando o meu celular tocou. Olhei para a tela do celular e pude ver o nome de Pamela brilhar na tela. Desde quando eu havia a deixado naquele dia, nós não havíamos mais conversado direito, estávamos nos estranhando e isso era péssimo.

-Alô?

-Oi, Nato. Ainda lembra que eu existo? -A ignorância era notável na voz dela, sempre quando fazia isso, eu sabia que tinha muitas coisas erradas, e que não era só aquilo que a estava incomodando.

-Desculpa, Pam, eu tive alguns problemas, precisava ficar sozinho...

-Mano, eu não consigo te entender, sério. Do nada você some, nem sequer pensa em mim, nem se preocupa em ligar ou mandar uma simples mensagem para avisar que você tá vivo pelo menos.

-Eu precisava de um tempo, já disse.

-Tá, tá, não quero discutir com você. -Ela respirou fundo. -Que horas você vai vim me buscar para irmos à festa do Xander?

-Festa? Que festa?

-A festa do Xander, oras! Vai dizer que anda tendo amnésia também?

Levei a mão contra a testa, simplesmente havia esquecido daquela festa.

-Eu acabei esquecendo.

-Tá, mas agora lembrou, que horas vai vim me buscar?

-Eu tava pensando em não ir...

-Tá doido? Por quê?

Fiquei em silêncio, afinal, eu ia para a igreja, mas e se eu fosse outro dia? E foi assim, que eu deixei de ir todos os dias.

-Nada não, te busco às nove.

-Fechou, beijo.

-Beijo.

***

Infelizmente, tive que deixar de ir à igreja, e foi a pior escolha que eu havia feito. Aquele pensamento era estranho, mas quando cheguei na festa do Xander foi como se tudo aquilo que a gente fizesse para preencher o tal vazio fosse me vão, logo todos nós iriamos para casa e nosso estado se tornaria pior do que antes.

-Você não vai beber nada? -Pamela sussurrou em meu ouvido.

-Estou sem vontade.

-Sério, o que está acontecendo com você? -Xander interveio entre nós. -Parece até que virou um caretão.

Senti meu coração vacilar e a ansiedade bater. Se eles já sabiam que eu havia ido para a igreja e estavam apenas me testando?

-Vocês são chatos, em! -Falei forçando um sorriso e pegando o copo de Pamela e bebendo tudo. O liquido pareceu rasgar a minha garganta e a minha alma, mas não recuei, pelo contrário, bebi tudo o que me ofereciam e usei tudo que estava disponível para mim naquele lugar.

Meus pensamentos começaram a ficar meio turvos e a tensão que estava entre mim e a minha namorada finalmente estourou, no meio da madrugada, ambos em seus piores estados, nem lembro o porquê de havermos começado a briga, mas quando vi, Pamela já estava aos berros e eu tentava me controlar, até que ela soltou:

-Então vai me largar que nem o seu pai e vai começar a ir para aquela igreja? -Todos na festa ficaram em silêncio e olhavam para mim e para ela. -É pessoal! -Ela gritou ao perceber que conseguia a atenção de todos ali. -O Renato, de todos aqui, o que mais jurou de pés juntos que não entraria naquela igreja, foi esses dias para lá! Logo estará se tornando um crente e vai tentar, -Ela fez aspas no ar. -Converter a gente.

O sangue subiu à cabeça, mas antes que eu falasse qualquer besteira, todos os nossos celulares na festa tocaram ao mesmo tempo notificando uma nova mensagem. Eu estava com muita raiva, e por isso, acabei ignorando, mas ao ver a cara de surpresa de cada um ali, peguei meu celular e abri a mensagem de um número anônimo.

Era uma foto. Uma foto de Pamela e Xander juntos.

Olhei para Pamela irado. A garota olhava para a tela do seu celular com uma de suas mãos em sua boca.

-O que é isso? -Perguntei controlando a voz.

-Nato... Eu posso explicar... -Ela me olhou temerosa.

-Acho que não tem nada para ser explicado. A foto já diz por si só tudo o que eu precisava saber.

-Nato... -A garota se aproximou de mim e tocou em meu ombro. Foi então que a segurei pelos seus cabelos e desferi um tapa em seu rosto a jogando no chão. Quando caiu, eu me aproximei para bater ainda mais nela, mas Xander se colocou na minha frente para me impedir de fazer besteira.

-Cara, por favor, podemos conversar...

-Conversar? -Gritei. -Agora você quer conversar? Achei que você era meu amigo!

-Mas eu sou!

Foi então que sem aviso prévio, fechei a mão e transferi um soco no rosto de Xander, respingando sangue no chão.

-Eu não poderia ter um amigo melhor. -Cuspi em seu rosto, e sai. Algumas pessoas vieram atrás de mim pedindo calma, mas não parei.

Que raiva eu tinha dentro de mim, da minha vida, daquele caminho que eu havia escolhido.

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