Capítulo 12 - Vivian

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Vivian

-Puxa, essa noite você se superou! -Maicon sorriu satisfeito inclinando a cabeça no travesseiro ao lado.

Eu sequer olhava para ele, não via a hora daquele tormento acabar.

-Aqui está o seu dinheiro. -Ele abriu a carteira e jogou as notas em meu rosto. Minha garganta se fechou querendo chorar novamente, eu me sentia tão humilhada! Mas ainda assim, peguei as notas e coloquei na minha carteira enquanto recolhia as minhas roupas pelo chão do quarto. -Sabe, tem um amigo meu chamado Fernando. Eu não sei se você conhece, mas o cara é montado na grana... Se você quiser, eu posso falar bem você pra ele, talvez ele seja generoso contigo.

-O que você acha que eu sou? -Olhei para ele indignada. -Não sou uma mulher dessas.

Maicon apenas deu de ombros acendendo seu cigarro. Eu sabia que não estava em posição de falar nada. Eu ali, havia acabado de me vender por dinheiro.

Peguei minhas coisas e sai sem olhar para trás. O vento gelado sacudia meus cabelos e entrei na primeira loja de conveniência que eu vi. Peguei a bebida mais barata e o gole que eu dei desceu rasgando a garganta. Como não tinha mais para quem esconder o quanto eu me sentia horrível, as lágrimas vieram sem nada que as impedisse.

Eu não sei por quanto tempo eu fiquei sentada ali na calçada sozinha. Eu já tinha terminado a minha garrafa de bebida um certo tempo, não tinha sentido nem um pouco do efeito que eu queria, mas me obriguei a me levantar e ir até a casa de Wesley antes que gastasse o resto do dinheiro tentando esquecer tudo aquilo que eu sentia de ruim sobre mim.

Me sentei no banco perto de sua casa e esperei amanhecer, por mais que eu sentisse o cansaço vindo sobre mim, não conseguia dormir, nem cochilar.

Dentro de mim era um verdadeiro tormento.

O tempo se arrastou e finalmente os primeiros raios de sol começavam a clarear o dia.

Me levantei e fui até a porta que Wesley abria naquele momento. Eu lembrava até mesmo que horário ele ia trabalhar, realmente, cinco anos não se esqueciam tão facilmente.

-O que faz aqui tão cedo? -Ele olhou confuso para mim, mas logo sua expressão deu lugar a arrogância de sempre. Como pude me envolver com alguém como ele? -Sabe quem dorme na porta dos outros é cachorro... Cadela! -Ele lambeu os lábios divertidamente.

Não respondi, não tinha forças para responder. Abri a carteira e tirei o dinheiro de lá e coloquei em suas mãos:

-Uou. -Ele arqueou as sobrancelhas.

-Esta aqui, tudo que eu devo a você. Agora você não pode tirar o meu direito de ver meu filho.

-Sabe, me pergunto o que tu fez para conseguir esse dinheiro da noite pro dia. -Ele olhou bem fundo nos meus olhos e eu desviei o olhar. -Na verdade, eu não quero nem saber.

-Mamãe! -Ricardo correu para fora da casa abraçando as minhas pernas. Ele vestia um pijama azul e estava descalço.

-Rick! O que você está fazendo aqui?! -Wesley o olhou bravo.

Mas meu filho sequer prestou atenção, apenas sorriu para mim e falou:

-Eu escutei a voz da mamãe e vim vê-la.

-Entra já pra dentro, está frio aqui fora e você está descalço nesse chão gelado!

-Mamãe, papai vai fazer uma festa de aniversário pra mim! -Ricardo sorriu e era inevitável não sorrir junto. -Eu chamei todos os meus amiguinhos da escola, eu disse que você ia estar com a gente, você vai estar, não vai?

Olhei de esguelha para Wesley, sua reprovação sobre a minha presença naquela festa era nítida, mas eu não sabia falar não para o meu filho:

-É claro que eu vou estar... -Me agachei para ficar da sua altura. -E a mamãe vai comprar um presente lindo para você.

Os olhos de Ricardo brilharam como toda criança:

-E o que é?

-É surpresa! -Beijei o topo da sua cabeça. -Agora volta para o seu quarto e vai por um chinelo. A mamãe te ama!

Ricardo acenou e saiu correndo para dentro da casa.

-Quero ver da onde vai encontrar dinheiro pra comprar alguma coisa pra ele... Não tem nem onde cair morta. -O sorriso perverso de Wesley voltou em seus lábios. -Aproveite cada segundo com ele, ainda vou conseguir fazer você perder até esse direito de vê-lo.

-Por que você quer fazer isso, Wesley? Você já não me fez sofrer o bastante? -Olhei para ele me lembrando das intermináveis noites em que ele me batia.

-Quero ver você implorar pra voltar para mim, Vivi. -Seus olhos escureceram. -Você sabe, não importa qual caminho que você tente tomar, você sempre vai acabar voltando para mim.

Não o respondi, virei as costas e sai andando para a casa, tentando não pensar em tudo aquilo.

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