Capítulo 32 - Vitor

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Vitor

Não sei quanto tempo eu fiquei ali com o rosto naquele chão úmido sendo obrigado a olhar em direção ao corpo de Liliane que haviam deixado ali de propósito para eu me torturar.

Eu havia parado de lutar. Meu corpo doía, mas não mais que o meu coração, por mais que eu tentasse fechar meus olhos para não ter que encarar Lili, eu não conseguia ficar em paz ao saber que por minha culpa ela havia morrido.

-Lili, onde você estiver... -Sussurrei. -Peço que me perdoe, por favor. Eu tentei fazer de tudo para te proteger, mas não tinha como te proteger do meu amor... De mim...

O dia pareceu se arrastar, eu sabia que um dia iria morrer, sabia que não viveria muito por ter escolhido a vida que escolhi... Mas pensar que eu realmente ia morrer naquela noite me deixava angustiado.

Tantas vezes Lili e Pamela disseram para largar vida... Se eu tivesse mais uma oportunidade de fazer tudo diferente do que havia feito até aquele momento, certamente agarraria com todas as minhas forças.

-Se há alguma força, algum Deus, que controla todas as coisas... -Falei enquanto lembrava do rapaz que havia tentado falar para mim da igreja. -Sei que não mereço ser escutado, mas também não posso morrer assim.

Assim que eu terminei de falar, alguns rapazes entraram. Eles levantaram o meu corpo de qualquer jeito e mesmo amarrado eu tentei lutar. Em todo o caminho de carro, eu pensava mil e uma maneira de tentar me livrar daquela situação e ainda quando apoiaram o meu corpo na viga que protegia as pessoas de caírem no rio não me dei por satisfeito.

Olhei para o rio que se estendia a minha frente, eu sabia que era fundo, por experiência própria sabia que quem era jogado ali não tinha chances de sobreviver, ainda mais amarrado.

O vento gelado baita contra o meu rosto suado. A dor dos cortes era a menor das minhas preocupações. A noite era escura e não se via uma estrela no céu, eles apoiaram a minha cintura na grade e arrancaram a mordaça que estava na minha boca.

-Me soltem! Seus vermes! -Comecei a gritar e me sacudir. -Vocês vão se arrepender disso!

-Pedido concedido, nós vamos te soltar. -Sem mais nem menos, eles empurraram meu corpo e eu cai.

Meu corpo se chocou contra a água e eu comecei a afundar. Não conseguia enxergar nada, só sentia que cada vez mais eu afundava, por mais que eu tentasse me soltar, meus punhos permaneciam presos pela corda.

Eu ia morrer. Eu sabia disso, mas não conseguia aceitar.

Meus pulmões começavam a doer pela necessidade de respirar, até que algo começou a me puxar para cima, mas não consegui ver. Não aguentava mais e acabei me dando por vencido.

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