Capítulo 47 - Daniel

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Daniel

Eu estava em casa, era sábado e eu não tinha nada para fazer, com tanto tempo vago eu não sabia muito o que fazer para preencher os meus dias em que eu ficava na igreja a maior parte do tempo, mas eu ia resolver aquilo, coisas para que eu fizesse e experimentasse era que não faltava.
Eu mexia distraidamente no meu celular, quando recebi uma mensagem de Vitória:
[06/11 16:12] Vitória: Oi Dan! 😚
[06/11 16:12] Daniel: Oi.
[06/11 16:13] Vitória: Faz tempo que eu não te vejo na igreja... O que aconteceu?
[06/11 16:13] Daniel: Nada demais, só estou muito ocupado ultimamente.
[06/11 16:13] Vitória: Poxa, sinto tanto a sua falta 😔😔😔 o encontro não é a mesma coisa sem você...
Senti minha barriga estremecer, Vitória estava dando em cima de mim? Como assim?
Eu senti uma pontada de esperança, quem sabe finalmente ela havia me enxergado além do garotinho que sempre a chamava para ir a igreja?
Fiquei tão eufórico com a possibilidade, mesmo que fosse pequena, que sequer pensei em perguntar porque ela estava mexendo no celular sendo que naquele momento deveria estar acontecendo o encontro e ela deveria estar prestando atenção na palavra que o obreiro Henrique estava dando e não mexendo no celular.
[06/11 16:14] Daniel: rsrsrsr... Eu nem faço falta assim ☺️☺️☺️
[06/11 16:14] Vitória: É claro que faz... Você nem imagina... Pelo menos para mim, né...
[06/11 16:15] Daniel: Está falando isso para me agradar.
[06/11 16:15] Vitória: Você poderia me agradar vindo aqui me ver, sabe? O encontro ainda está no começo, cola aqui...
Eu não pensei duas vezes, mandei um ok, tomei um banho rápido e me enchi de perfume. Eu não precisava assistir a reunião, poderia chegar no final como quem não quer nada para ela me ver.

***

Eu cheguei estava quase no final, fiquei na porta e mexia no celular como se estivesse ocupado, até que o obreiro fez a oração final e dispensou todo mundo, acreditei que ele viria falar comigo, me dar bronca, mas não, sequer falou comigo, apenas um rápido aceno e foi conversar com outro jovem que eu não conhecia, tentei me convencer de que era melhor assim do que escutar alguns de seus sermões.
Vitória conversava com outra jovem e quando me viu, veio correndo até mim e me abraçou, empurrei a vergonha para o lado e a abracei de volta, atraindo olhares das demais pessoas que estavam ali.
-Você veio!
-Eu disse que viria, nunca irei mentir para você...
Ela se afastou um pouco e me encarou ainda com as mãos em volta do meu pescoço, naquele momento imaginei como seria se eu a beijasse...
-Você tá cheiroso, adoro o seu perfume!
-Quer ir comer alguma coisa? Eu pago.
Ela sorriu para mim e me deu um beijo na bochecha:
-Com certeza, vou pegar a minha bolsa e ir ao banheiro, me espera!
Ela saiu e foi até os bancos que estava mais a frente. Enquanto pegava a bolsa, Saulo se aproximou dela, parecia bravo e olhava para mim com um misto de desafio, Vitória deu de ombros e seguiu para o banheiro.
Ele me encarou e pareceu tentado vim até mim e conversar sobre aquilo, por um momento, senti o friozinho na barriga, mas Vitória era uma menina livre e solteira, ela poderia fazer o que quiser da vida.
-Vamos? -Ela se aproximou de mim e finalmente quebrei o olhar.
-Aquele rapaz está te perturbando?
-Tá tudo bem, vamos, não temos tempo a perder. -Ela entrelaçou o meu braço no dela e seguimos.
Naqueles momentos em que eu estive com Vitória, eu ainda me sentia receoso quando ela colocava a mão em meu joelho ou se aproximava muito de mim.
-Você precisa relaxar. -Ela disse me olhando como se fosse um animal feroz analisando sua presa.
-Eu estou relaxado. -Tentei sorrir.
-Não, não está. -Ela colocou as mãos em meus ombros e aproximou os lábios. -Você não precisa dar satisfação para ninguém sobre o que faz ou deixa de fazer.
Antes que eu pudesse falar algo, ela me beijou, não foi um beijo demorado, foi apenas um selinho, mas olhei para ela atordoado.
-Só não vou te beijar mesmo porque eu ainda tenho que dar satisfação. -É voltou a comer seu lanche.
Toquei levemente nos meus lábios e ali eu entendi, eu poderia fazer o que quiser que ninguém ia ficar pesando no meu ouvido que eu iria ser condenado pelo caminho que ia escolher.

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