Capítulo 53 - Vitória

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Vitória

Depois do que havia acontecido comigo e Saulo, era como se todo mundo soubesse da história. As meninas na igreja começaram a me evitar, talvez não fizessem isso de propósito, ou sequer percebiam que faziam isso, mas aquilo me doía demais. Eu que sempre havia tido o amor de todos, ser excluída das danças, das conversas e dos projetos, foi difícil.
Eu entendia que era porque eu precisava de ajuda e não estava em posição de ajudar outras pessoas, mas eu não queria permanecer naquele estado, eu queria avançar.
Queria que as pessoas me tratassem como antes, queria que os meninos não fugissem de mim como se eu fosse obrigar eles a pecarem.
No sábado, Vivian cantou no meu lugar durante o encontro, enquanto a felicidade da minha irmã era nítida, a minha inveja também era percebida de longe. O obreiro Henrique a elogiou, e eu nunca havia desejado tanto ficar no lugar dela como naquele momento.
Então no final do encontro dos jovens eu tomei uma decisão, no final sempre o obreiro falava que se alguém quisesse a ajuda dele e fosse sincero, ele estaria ali para ajuda-lo.
Comuniquei que queria conversar com ele e ele concordou.
Nos sentamos em alguns bancos, o obreiro ficou um pouco longe, mas contei tudo que havia acontecido e que eu queria mudar, reconhecia que aquilo era errado, que não era uma conduta de uma mulher de Deus e queria ser diferente.
-Fico feliz que você tenha vindo e que queira mudar. -O obreiros sorriu, realmente ele acreditava em mim. Por alguns breves segundos me senti mal por estar fazendo aquilo apenas para chamar a atenção, mas com a mesma rapidez que vieram aqueles pensamentos, eu os expulsei da minha mente. -Você sabe que depois de reconhecer, o segundo passo é realmente se arrepender. O arrependimento não é só um sentimento de tristeza ou de culpa, isso se chama remorso. O arrependimento é acompanhado por atitudes de mudança, em que você definitivamente larga o pecado e muda de vida.
Concordei com a cabeça e até tentei por algum tempo mudar, mas era como o obreiro havia dito, eu não estava arrependida, então eu não mudava.
Na igreja eu era uma coisa, mas lá fora eu continuava a mesma pessoa. Eu fingia estar com uma conduta impecável e correta e passou algum tempo o obreiro até estava pensando em deixar eu voltar novamente para o Cultura, eu estava tão feliz! Até que chegou um domingo e por mais que eu não quisesse, fui evangelizar com a galera. Eu precisa ir, para que realmente o obreiro aceitasse eu entrar no grupo novamente.
Estávamos andando por um rua, eu estava próxima do obreiro, ajudando ele a bater em cada casa junto com Laura.
-Vitoria, você convida dessa vez? -Ele perguntou, enquanto batia palmas.
Concordei com a cabeça e foi quando quem saiu da casa fez um frio percorrer toda a minha espinha. Rian me olhou confuso:
-E aí, Tóri! -Ele sorriu.
-Vocês se conhecem? -O obreiro perguntou.
-E como... -Ele ia continuar respondendo, mas eu o cortei.
-Rian, estudava comigo! -Respondi rapidamente.
-Estudavamos? -Ele perguntou e vendo minha cara de desespero sorriu se divertindo. -Ah sim, tinha umas matérias que Vitória não era aluna, ela praticamente dava aula. -Seu sorriso era malicioso, mas se o obreiro percebeu, não deixou isso transparecer.
-Obreiro, o senhor vai convidando ele. Eu preciso fazer uma ligação. -Peguei o celular nervosa, enquanto empurrava os convites nas mãos de Laura. -Tchau, Rian! Foi muito bom ver você, depois de tanto tempo!
Sai correndo. Não sei se Rian falou alguma coisa para o obreiro naquele momento, mas assim que eu cheguei em casa, mandei mensagem para ele:

[28/06 17:55] Vitória: Você comentou alguma coisa com aquele rapaz que estava conversando com você?
[28/06 17:55] Rian: Ele é seu namorado?
[28/06 17:56] Vitória: NÃO! Pelo amor de Deus!
[28/06 17:56] Rian: Então qual é a de se esconder do rapaz?
[28/06 17:56] Vitória: Nada demais, só não acho que todo mundo precise saber de tudo. Você não falou nada mesmo, né?
[28/06 17:57] Rian: Não, e tu vai ficar me devendo essa...

Eu já imaginava qual seria a forma de pagamento...

[28/06 17:58] Rian: Mas quer um conselho, Tóri? Não vai por esse caminho de fingir ser algo que você não é, vai acabar se machucando e machucando muita gente.

Visualizei e não respondi, porque eu sabia que ele tinha razão.

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