Vivian
Os dias em que eu me submetia a fazer aquilo eram horríveis, mas nunca pensei que poderia ficar pior.
Eu não sabia o que iria acontecer, mas desde quando havia acordado naquele dia, eu estava me sentindo indisposta e com receio de que alguma coisa ruim acontecesse comigo, mas mesmo sentindo tudo aquilo, simplesmente ignorei e rotulei aquela sensação como besteira quando Maicon disse que havia um rapaz que gostaria muito de me conhecer naquele noite e que dinheiro não era problema.
O nome do tal rapaz era Fagner, eu nunca havia ouvido falar sobre ele e até seu nome parecia embrulhar o meu estomago, e a =única coisa que não havia me feito desistir daquela ideia ainda era que no dia seguinte era aniversario do meu filho, eu havia prometido um presente para ele e não queria dar qualquer coisa como havia feito nos aniversários anteriores. Ele já tinha que viver longe de mim, eu queria dar algo que fosse significativo.
E como eu já estava naquela situação, eu deveria terminar logo com aquilo, ganhar o dinheiro que era necessário e cair fora. Já que eu estava na chuva, eu deveria me molhar.
Eu passava pano no balcão do bar, quando o rapaz da igreja que a minha irmã um dia havia frequentado entrou, ele fez seu pedido para o meu tio e me encarou. Seus olhos eram claríssimos como água e sem recuar devolvi o olhar. Quando percebeu que eu não iria deixar de encara-lo, ele abaixou a cabeça e se sentou em uma das cadeiras próximas.
Me aproximei e sorri:
-Oi, posso te servir alguma coisa?
-Não precisa. -Ele olhou de canto. -Meu pedido já vai chegar.
-Beleza, então.
-A senhora está melhor?
Arqueei as sobrancelhas e esperei por alguns momentos ele começar a rir, mas pelo visto ele havia realmente me chamado de "senhora", quando certamente eu deveria ter a mesma idade que ele.
-Estou sim, "senhor". -Dei uma ênfase maior na palavra senhor, mas ele não olhou para mim, parecia evitar me olhar de propósito. Suas mãos mexiam os guardanapos nervosamente, até que meu tio apareceu e entregou as duas marmitas para ele.
Ele acenou para mim com a cabeça e saiu.
-Ele é estranho. -Falei quando minha irmã observou a cena.
-Você tava doidona mesmo, né Vivi?
-Do que você está falando?
-Você não lembra que vomitou em cima do cara?
Olhei para minha irmã esperando que ela dissesse que aquilo que havia acabado de dizer era uma brincadeira de mal gosto, mas o rosto de Vitoria continuou impassível.
-Você tá de zoera?
-Não, irmã. Você vomitou no cara, bem chapadona.
-Meu Deus... Por isso, ele estava perguntando se eu estava melhor?
-Sim...
Senti vontade de ir imediatamente atrás do pobre rapaz, mas nem o nome dele eu sabia. Que vergonha! Levei as mãos até o rosto o cobrindo quando Maicon chegou acompanhado de um rapaz alto, com os olhos fundos e que andava com os ombros encurvado. Mesmo seu rosto mostrando a magreza e talvez uma má alimentação, dava para ver pela sua camiseta alguns músculos, mostrando que se ele entrasse em uma briga, seu rosto poderia parecer que ele iria perder, mas seu oponente não sairia ileso. Seus olhos pousaram sobre mim, e enquanto ele me analisava de cima a baixo um frio percorreu por minhas costas, por que eu estava com tanto medo? Infelizmente, já havia saído com tantos rapazes, ele seria só mais um!
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O CAMINHO
SpiritualA vida de Henrique virou de cabeça para baixo, quando sua mãe contraiu diversas dívidas para tentar tirar seu irmão, Heitor do mundo do crime e das drogas. Agora ele se depara em morar em uma comunidade do outro lado da Ponte do Silêncio em um barra...