Laura
Coloquei a toalha, um vestido e algumas roupas que seriam necessárias para a troca, levei até o secador, para caso meu cabelo molhasse muito e não deixar vestígio nenhum do que eu ia fazer.
Parece que eu estava fugindo de casa ou que iria fazer a maior loucura da minha vida, mas eu só queria me batizar nas águas, finalmente havia tomado coragem e não daria nenhum motivo para o meu pai me impedir, eu sabia que uma hora ou outra ele descobriria, mas eu precisava me preparar.
-Filha? -Minha mãe entrou no meu quarto e olhou para a minha mochila. -O que você está fazendo?
-Mãe... Eu vou me batizar nas águas.
Minha mãe ficou alguns momentos sem responder, mesmo que estivesse apoiando a minha decisão de ir para a igreja, era difícil, porque no momento em que me apoiava, ela ia contra o meu pai. Eu a colocava em uma posição difícil, mas não aguentava mais mentir.
-Entendi. Toma cuidado, tá bom? Qualquer coisa, me liga.
-Fica em paz, mãe. Vai dar tudo certo! -Sorri, e era um sorriso verdadeiro. -A senhora não conseguiu né, a minha Bíblia de volta?
-Infelizmente não, minha querida. Seu pai guardou na gaveta da escrivaninha que se tranca com a chave e eu não tenho acesso a ela.
-Sem problemas, eu vou ir lendo pelo celular mesmo, graças a Deus que existe a Bíblia online. -Coloquei a mochila nas costas e dei um beijo em sua testa. -Tchau, mãe. -Me virei para ir, mas minha mãe segurou minha mão.
-Filha, antes de você ir... -Ela hesitou. -Você pode fazer um favor para mim?
-Claro, mãe. O que a senhora precisa?
-Você pode baixar a Bíblia no meu celular também?
Não me contive e me sentei ao seu lado sorrindo enquanto pegava seu celular.
Por mais que eu me atrasasse aquela noite para chegar na igreja, seria por um bom motivo.
*
Cheguei correndo na igreja e a reunião já havia começado, o obreiro Henrique estava na porta e fingiu fazer cara de bravo apontando para o pulso para sinalizar que eu estava atrasada. Concordei sorrindo, eu estava tão feliz com tudo que estava acontecendo que nem esperei, assim que atravessei a porta olhei para ele e disse:
-Obreiro, depois da reunião eu gostaria de me batizar nas águas.
-Sério? -Ele sorriu. -Depois da reunião a gente conversa, vai lá!
Concordei e fui para um lugar. Como eu me sentia em paz com a minha decisão!
Depois da reunião, o obreiro me levou até o pastor, que me explicou novamente sobre o batismo, eu acenava a cabeça em cada frase que ele falava, eu havia lido estudos, havia lido os livros que auxiliavam naquela decisão, pois esclareçam as milhares dúvidas que insistiam em aparecer, mas o certo era que, ao me batizar nas águas eu estava mostrando para Deus que estava disposta a ter um compromisso de verdade com Ele.
-Você entende que o ato de descer as águas é muito mais do que um simples banho na piscina da igreja? É uma decisão, você não vai ser perfeita, mas você vai lutar bravamente contra o pecado. Não deixamos de ser pecadores, mas deixamos de viver no pecado.
-Sim, senhor. -Concordei.
-Então, tudo bem. Henrique, pega o roupão para a menina.
Fui até o banheiro me trocar e quando voltei tive uma enorme surpresa, minha mãe estava de pé ao lado do pastor e do obreiro Henrique.
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O CAMINHO
SpiritualA vida de Henrique virou de cabeça para baixo, quando sua mãe contraiu diversas dívidas para tentar tirar seu irmão, Heitor do mundo do crime e das drogas. Agora ele se depara em morar em uma comunidade do outro lado da Ponte do Silêncio em um barra...