PATRICK
Leandro tava me enchendo o saco pra partir pra festa da ex mina dele, mas quando eu soube que Daniel tava lá eu preferi ficar na minha em casa.
Hoje não tinha ido trabalhar por conta de uma reunião com os advogados do meu avô que eu marquei e também foi uma boa pra não dar de cara com a Alicia depois do que aconteceu.
Assim que cheguei em casa no dia anterior, Daniel tava amarradão conversando com ela no WhatsApp, quase me bateu a culpa, só que preferi fingir que nada tinha acontecido como de costume.
Acabou que por carência chamei Rebeca pra vir pra minha casa, comprei umas cervas e ela trouxe o famoso beck pra gente torrar.
— Daniel ta com Vinicius hoje? — ela perguntou colocando as pernas por cima de mim no sofá.
— Não! — disse enquanto enrolava o baseado. — Já falei que esse nome perto de mim é proibido.
— Até hoje? — ela arqueou uma sobrancelha e se ajeitou no sofá.
— Tá de sacanagem comigo, Rebeca? Briguei com o cara outro dia, é óbvio que até hoje. — disse grosso.
— Ei ei, calma! — ela levantou as mãos em sinal de rendição. — Acende logo isso aí.
Continuei apertando o beck, depois acendi. Eu gostava de quando Rebeca trazia que era sempre da boa, me deixava numa paz terrível.
Passei pra ela o baseado que quase não deixou nada pra mim, a não ser uma ponta (e olha que era dos grandes). Ela sempre foi assim, maconheira toda vida.
Acendi outro já que a doidona me deixou na miséria e fiquei pensando na vida enquanto ela pedia pizza pra gente matar a larica.
Tava cheio dos problemas, meu pai me dando mais trabalho do que nunca, meus avós incomunicáveis em Portugal - meu pai nem sabiam onde estavam - até porque provavelmente eles estavam escondendo minha mãe, e agora tinha esse problema com a Alicia.
Que na real eu não quero nem tratar como problema porque foi só uma ficada qualquer, só que era brabão fazer isso com meu irmão apesar de todas as brigas.
— Pode ser inteira portuguesa? — ela perguntou olhando pro celular.
— Tanto faz. — dei de ombros.
Terminei de fumar e fui pegar cerveja na geladeira pra gente, colocamos uma música e ficamos viajando esperando a pizza.
— Você não acha que a gente já não tá nessa há muito tempo? — ela perguntou subindo no meu colo passando uma perna pra um lado e vindo beijar meu pescoço.
— Que nessa? — franzi a sobrancelha.
— Ficando, só ficando. Eu gosto de você, Patrick. — disse ela enquanto passava a língua até minha orelha.
— Tá Rebeca, eu também gosto de você, mas não tô entendendo qual é o ponto. — me fiz. Era óbvio o que ela queria e pra mim era óbvio que era impossível.
— Porra Patrick, vamo namorar! — ela se afastou me olhando nos olhos.
Quase pulei do sofá com ela junto, mas não podia ser tão babaca com a mina. Não tinha nenhuma possibilidade de eu namorar com ela, apesar de gostar da mina como pessoa, não tinha nenhum sentimento.
Fora que eu cheio dos problemas jamais arrumaria outro como um relacionamento. Tô fora!
— Que isso Rebeca. — ri de nervoso. — Tu sabe que eu não sirvo pra essas coisas.
— E nem eu, mas qual é!? Já são anos nesse chove não molha. — ela levantou saindo do meu colo.
— Pensei que você curtia, eu curto. — falei colocando minha cerveja na mesa ao lado do sofá.
— Eu curto também, mas tá na hora de mudar. — ela cruzou os braços.
— Po gata... — me levantei e parei de frente pra ela, que já estava com uma cara toda manhosa. — Eu curto muito você, sério, mas você sabe como é a minha vida, eu não tenho potencial pra isso. — coloquei o cabelo dela pra trás. — Mas eu não quero parar com nosso lance, eu gosto de como tá.
— Mas patrick...
Eu a interrompi puxando o rosto dela com força pra perto do meu. Acarinhei o meu nariz no dela e nós selamos nossos lábios.
Passei minha mão pela nuca dela apertando o cabelo e ela entrelaçou suas mãos em volta de mim. Rebeca tinha um jeito mais afobado e acelerado de beijar, mas dessa vez parecia querer que eu sentisse algo a mais, no caso sentimento, mas não rolou e nem rolaria.
— Tá bom PTK. — ela deu ênfase no meu apelido. — Mas depois a gente vai conversar melhor sobre isso.
Eu assenti sabendo que eu não conversaria sobre nada depois e voltei a me sentar no sofá.
Desligamos as luzes, ela pegou meu cobertor no meu quarto e ficamos deitados na sala mesmo assistindo um filme na televisão.
Até pensei em partir pra um barzinho, mas era terça e nem em clima eu estava pra isso, acabou que vendo filme cochilei um pouco com Rebeca.
— Aí, você é muito gostosa! — escutei um sussurro que me fez despertar devagar.
Olhei por cima da cabeça de Rebeca em meu ombro e vi Daniel com uma mina se pegando na porta de entrada.
— Você me deixa maluco! — ele disse em meio a gemidos.
Os dois estavam em uma pegação violenta, mão pra lá e pra cá, fiquei sem graça até de falar e olha que nunca fui disso.
Pigarreei pra tentar fazer eles prestarem atenção e o que eu consegui foi um susto grande da parte dos dois e o meu de ver que a mina era a Alicia.
— Porra, tá fazendo o que aqui? — ele perguntou ajeitando a roupa.
— Que eu saiba essa é a minha casa. — falei sarcástico ainda olhando pra ela que claramente estava envergonhada.
— Vamo lá pro quarto, Ali. — ele puxou ela pela mão.
— Aí Dan, acho melhor eu ir embora. — ela disse sem graça.
— Não, que isso, dorme aqui comigo. Tô doidão, preciso de carinho. — ele grudou o corpo dos dois e deu um selinho nela.
Ela riu sem graça e enquanto ele ficou no desenrolo em cima dela pra ela poder ficar, Rebeca foi acordando.
— Nossa, apaguei do nada! — ela disse bocejando e me dando um selinho em seguida.
Quando olhei pros dois vi Alicia olhando de soslaio. — Eu sei gata, eu também. Vamos dormir lá no quarto.
Ela assentiu me dando outro selinho e nós levantamos do tapete.
Não falei mais nada, só levei Rebeca comigo pro quarto e os dois continuaram na sala, fiquei sem saber de nada, até porque não me interessava.

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Era uma vez, Ali
Fanfictionautora: juwebs_ Quando Tina, a filha mais velha de um casal, completa 10 anos de idade, seu pai conta a história do grande amor da sua vida... e uma história de amor nunca foi tão difícil de ser contada: uma mulher sonhadora, dois amores, alguns ami...