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— Pode entrar! — ela disse com a fala mansa e deu passagem.

— Alicia tá aí? — perguntei olhando em volta. Saudade daquele apartamento e de estar perto de duas mulheres que eu amo muito.

— Não, ela saiu com o Patrick. Não tem ninguém em casa. — ela disse fechando a porta e indo até o sofá.

— Com o Patrick? — franzi a sobrancelha.

Fiquei alguns dias fora e já tinha perdido metade dos acontecimentos do Rio de Janeiro, por isso que eu falo, se você não é sagaz, você não acompanha.

— Longa história, acredito que depois ela vá te contar. — ela disse.

Eu assenti e puxei uma cadeira da mesa pra frente do sofá. Sinceramente eu só queria sentar e ficar olhando pra ela, aproveitar o momento antes de talvez a merda acontecer.

— O que você tem pra falar comigo? — ela perguntou. Sua voz estava trêmula, se eu falasse, sairia pior ainda.

— Tá, vou ser direto, você já tá ficando com outra pessoa? Especificamente, o José?

— Pra que você quer saber disso? — ela fez cara de debochada. Eu odiava isso na Eduarda, mas ainda sim sentia saudade.

— Só responde, Duda...

— Fiquei com ele sim, a gente tem ficado, mas é óbvio que não é nada sério. — ela disse sincera.

— Já?

— Ué Matheus, a gente terminou. — ela falou e foi quase que arrancar meu coração pra fora do peito. — E além do mais, você foi pra Floripa, quer mais rapidez que isso? Cidade da balada, putaria... eu vi aquela série "soltos em Floripa" com você ainda.

— E daí? Eu não transei com ninguém, no máximo dei uns beijos. — disse bolado.

— Porque você é burro. — ela falou dando de ombros.

— Não, porque eu te amo. — falei.

Ela ficou em silêncio e eu também. Nós dois estávamos sérios olhando um pro outro, eu já não estava mais flores como estava antes, tava era puto por dentro das minhas calças dela ter transado com outro.

Ela respirou fundo. — Eu também te amo, mas...

Eu a interrompi levantando da cadeira e sentando ao seu lado no sofá. — Mas nada Eduarda.. eu tô com saudade de você, eu quis matar aquele moleque quando te vi perto dele no bm.

— E que que você quer que eu faça? Que ignore tudo que você fez no nosso relacionamento?

— Foram oito anos ruins? — questionei arqueando as sobrancelhas.

— Não Matheus, foram maravilhosos, mas você vacilou feio demais nos último tempos comigo, doeu, eu sofri e continuo sofrendo por dentro de mim porque eu não consigo deixar de gostar de você. — ela disse fechando os olhos.

— Du... — enxuguei a lágrima que caiu na bochecha dela. — Você é a mulher da minha vida cara, eu sei que eu vacilei e agora tenho noção do que eu fiz, e quero consertar. — acarinhei o rosto dela. Ela não abria os olhos tentando esconder o choro. — Volta pra mim, por favor!

— E como eu vou acreditar que aquilo não vai se repetir? Que você não vai ignorar minhas inseguranças? — ela tirou o rosto da minha mão.

— Eduarda, eu aguentei as consequências do que eu fiz e vi a merda que era ficar sem você. Você acha que eu vou cometer os mesmos erros, ainda mais por aquela filha da puta? Eu fui burro pra caralho, eu sei, se você quiser me bater eu deixo, mas só uma vez pra não virar abusivo. — ela riu em meio ao choro. — Mas me dá a chance de te mostrar que nada mais atrapalha nosso relacionamento e de te fazer sorrir de novo como agora, me mata saber que te fiz chorar.

— Caralho, por que você faz isso comigo? — ela riu limpando as lágrimas. — Eu te amo tanto.

E fez o inesperado, que foi me puxar pro abraço dela e me apertar com força como se quisesse aquilo por muito tempo. E eu queria.

A afastei e puxei ela pra cima de mim pra beijar aquela boca gostosa que eu tanto queria, que beijei várias, mas não chegaram nem perto dela.

Enchi a cara dela inteirinha de selinho que gargalhou e eu senti uma felicidade que não cabia dentro do meu peito. Eu vim pra resolver, só não tinha tanta esperança que acabaria assim.

— Agora vou postar um tbt que eu achei nosso que eu queria tanto postar e avisar por meio da legenda pra aquele babaca que você é minha. — disse puxando meu celular do bolso.

— Porra, você prefere postar foto do que ter uma boa foda de reconciliação? — ela olhou pra mim indignada.

— Porra, claro que não. — larguei o celular de lado. — Depois eu posto.

Ela riu e começou a beijar meu pescoço enquanto tirava minha blusa, eu a deitei no sofá e fui tirando o short dela.

— NÃO
ACRE
DI
TO! — Alicia entrou pela porta gritando pausadamente.

— Agora, Alicia? — disse voltando a me sentar e Eduarda a botar o short.

— Não, fala sério, vocês voltaram? Diz que sim, diz que sim. — ela implorou vindo pra perto da gente.

Olhei pra Eduarda que balançou a cabeça positivamente com um sorriso de canto de boca.

— O universo está conspirando a meu favor de novo, gracias. — ela se ajoelhou no chão e caímos na risada.

— Como foi lá? — Eduarda perguntou.

— Espera, deixa eu respirar, tô feliz demais. — ela disse recuperando o fôlego e se ajeitando no tapete.

— Respira logo que eu quero saber que papo é esse de Patrick. — disse autoritário.

— Tá, vamo lá... falei pra ele que acho que tô me apaixonando por ele. — ela soltou de uma vez.

— QUE!? — eu e Eduarda falamos juntos.

Ela me contou toda a tour de antes enquanto Eduarda ainda estava meio em choque esperando ela continuar.

— Cara, não acredito! — balancei a cabeça negativamente. — E o Daniel?

— O Daniel eu vou marcar de encontrar amanhã antes do trabalho pra contar toda a verdade, tô zero preparada, mas vou ficar. — ela disse calma.

— Vai voltar a trabalhar num sábado? — Eduarda perguntou e ela assentiu. — Mas pera, que que o Patrick respondeu?

— Ele me beijou e disse pra contarmos juntos pro Daniel, mas eu não quis.

— Eu sabia que ele tava muito na sua... — Eduarda se gabou. — Só não sabia que você tava muito na dele.

— Pois é, estou. — ela disse com um sorriso de orelha a orelha, bem Alicia mesmo. — Cadê Jade?

— Foi pra casa da mãe dela. — Eduarda disse, fiquei boiando.

— Tá, agora vamos falar do que interessa que é vocês!

Ela se levantou e se jogou em cima de nós dois. Começou a fazer cosquinha na Eduarda e eu comecei a fazer nas duas que não paravam de rir.

Depois sossegamos no sofá, eu e Eduarda resumimos a volta, colocamos um filme pra assistir - é claro que fiz meu post pra marcar meu território - e quando Alicia dormiu eu e o amor da minha vida fomos pro quarto pra rolar o que eu tanto queria.

Era uma vez, AliOnde histórias criam vida. Descubra agora