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MARATONA ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS 4/4

DANIEL

Odiava acordar cedo, odiava mesmo. Hoje voltava as aulas da minha faculdade, que eu não iria por ter uma reunião na academia que nem saber do que se tratava eu sabia.

Desde que Alicia me contou o que eu já imaginava, eu não tinha dado de cara com o Patrick, o evitei ficando na casa de Vinicius.

— Vai rolar o boldia não? — ele disse sentado no colchão no chão me mostrando o baseado apertado.

— Dá não, tenho reunião. — disse me levantando e procurando uma roupa pelo menos limpa na pilha da minha mochila.

— E daí mano? É bom que chega lá tranquilo e calmo. — ele disse com a voz rouca.

Vinicius parecia aquele diabinho que fica no nosso ombro incentivando as piores coisas, confesso que eu sabia disso mas não tomava nenhuma atitude, aliás, eu não ligava. Quando eu não queria, era só ignorar e foi isso que fiz.

Joguei uma água no corpo, lavei meu rosto, escovei meu dente e vesti uma calça jeans largona que eu tinha, enfiei um blusão qualquer e calcei meu tênis da nike. Dei uma ajeitada no cabelo e tava ótimo.

— Fui! — avisei colocando a mochila nas costas. Ele deu de ombros continuando a fumar.

Até pensei em passar em casa pra deixar a mochila lá, mas com certeza não teria nada pra comer e se eu ainda passasse na padaria pra comprar algo ia me atrasar demais, então escolhi ir na padaria perto da casa de Vinicius mesmo.

Comprei um misto quente com uma lata de coca cola, mandei tudo pra dentro e peguei um uber.

Cheguei a academia já estava aberta, bastante gente malhando, dei um alô pra Livia, Maria e pro José e fui pro escritório.

Bati na porta, só escutei um entra e encontrei o Patrick sentado mexendo em uns papéis. Quis sair dali, já que não tinha chegado ninguém, mas não ia fazer esse papelão. Eu não tinha perdido nada pra ele, pelo contrário, eu ia conquistar de volta.

Larguei minha mochila e me joguei num sofá que tinha ali de couro. Peguei meu celular e fiquei mexendo até que bateram na porta.

— Pode entrar! — ele mandou.

E meu coração acelerou rapidamente. Eu não fazia ideia de que Alicia viria pra essa reunião, pra mim era algo sobre a academia.

— Faltando a faculdade? — perguntei assim que ela entrou pra tentar entender alguma coisa.

— Vim pra apoiar o... apoiar vocês. — ela sorriu sem graça.

— Do que se trata essa reunião? — levantei do sofá olhando pro Patrick.

— É assim que você quer ser advogado? Vestindo esse trapo? — ele me olhou de cima a baixo. Revirei os olhos. — É sobre a academia que teu pai tá tirando da gente.

— Ele não vai tirar Patrick, falou da boca pra fora, tu acha mesmo que ele vai fazer isso comigo? — cruzei os braços.

Ele riu sarcástico e balançou a cabeça negativamente me tratando como um idiota.

— É que ele meio que já fez isso Dan. — Alicia virou pra mim daquele jeitinho dela.

Franzi as sobrancelhas. — Como assim?

— Ele já se moveu contra a gente, seu mane. — Patrick disse com desprezo.

— Caralho Patrick, vê como tu fala comigo, tu é babaca comigo e ainda quer me tratar assim? Vai tomar no cu. — me alterei chegando perto da mesa e ele se levantou também.

— Eu fui babaca com você?

— Moleque tu pegou a mina que eu tava ficando e sabia que eu tava gostando e olha que tu é meu irmão. — apontei pra ela.

— Calma gente, não vamos brigar por isso... — ela disse nervosa chegando perto da gente.

— Não, pera aí... — Patrick deu a volta na mesa e parou na minha frente. — Você namorava com ela?

— Fodase porra, que que isso tem a ver? — empurrei ele.

Ela arregalou os olhos entrando no nosso meio e na hora Sarah e mais uma mulher entraram na sala.

Ele não parava de me olhar com raiva, era assim que ele era, se transformava, tomava ódio. E eu era momentâneo.

Sarah entendeu o que tava acontecendo e foi pro lado dele o puxando pro outro lado da mesa de volta enquanto Alicia pegou meu braço me sentando na cadeira de frente pra mesa.

— Bom, não sei o que estava acontecendo, mas cara... não sabia que era possível dois de você, Patrick. Assim alegra meu mundo. — a mulher disse colocando a bolsa dela em cima da mesa e sentando na cadeira ao meu lado.

Ele continuou sério pra ela e eu dei um sorriso sem graça. A mulher era uma puta de uma gata do caralho, um mulherão e eu não estava entendendo nada do que tava acontecendo. Provavelmente era uma advogada.

Sarah puxou Alicia pra sentar no sofá e eu fiquei querendo uma explicação, já que o silêncio predominava até que todos estivessem em seus lugares.

— Tá, aconteceu alguma coisa? Você conseguiu chegar a uma conclusão de uma estratégia pra gente usar? — Patrick perguntou cruzando as mãos por cima da mesa.

— Então... a situação é complicada porque seu pai tem grande influência nos tribunais do Rio de Janeiro e ele tinha sim algum direito, nem que mínimo, ao que sua mãe deixou pra trás, já que o que seu avô deixou por escrito não era nada muito formal. Eu conversei com a Sarah, existiam algumas estratégias, mas não havia nada melhor do que ter sua mãe presente pra conseguirmos mover algo contra ele. — ela explicou.

Eu soltei uma risada irônica. — Isso é impossível, só se ela viesse dos mortos pra nos fazer uma visita.

Os dois se entreolharam sérios e eu não entendi nada franzindo o cenho. Eu realmente estava perdido ali.

— Conversei com a Sarah, e entrei em contato, bom, com você sabe quem... — ela disse pro Patrick que assentiu. — Você não sabia, mas eles estavam movendo provas até hoje contra seu pai, comprovando suas atividades ilícitas, inclusive na carreira, até pra evitar o que tá acontecendo hoje com vocês...

— Tá, mas eu não tô entendendo. — Patrick disse confuso.

— Se você não está, imagine eu. — bufei relaxando na cadeira.

— Sarah... — ela olhou pra trás. Sarah assentiu, se levantou do sofá e saiu do escritório.

Alicia era outra que estava completamente confusa tentando entender o que tava rolando. Ela olhava mais pro Patrick querendo uma resposta e quando olhava pra mim, era um olhar de pena.

A porta se abriu, Sarah entrou e insistiu pra que alguém entrasse passando calma pra pessoa. Olhei pro Patrick que estava que nem eu.

A mulher entrou, eu travei. Patrick travou. Alicia olhou desesperadamente querendo entender, Sarah soltou um sorriso nervoso e desconfortável e a mulher assentiu pra minha...

— Mãe!? — eu e Patrick soltamos juntos.

Era uma vez, AliOnde histórias criam vida. Descubra agora