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PATRICK

Em toda minha vida rabugenta e problemática, eu nunca pensei que pudesse passar por algo parecido na minha vida. Se eu soubesse, nunca teria reclamado tanto e não desperdiçaria momentos brigando.

Depois de uma semana depois que descobrimos o câncer da Alicia, as coisas estavam melhores, mas nada tirava a dor no meu coração de vê-la lutando tanto pra continuar com aquele lindo sorriso no rosto apesar de todas as coisas.

Hoje nós iríamos fazer um jantar lá em casa porque Alicia cismou em agradecer aos nossos amigos por estarem sendo fundamentais no tratamento dela.

De fato eles ajudaram mais do que tudo, reuniram uma boa grana, encontraram um bom médico, então Alicia inventou isso em forma de agradecimento e também pra juntar todo mundo pela primeira vez depois daquele momento triste.

— Poxa, mas e o papai? Você só quer saber da mamãe, é? — disse conversando com a Tina enquanto eu trocava a fralda dela na minha cama.

Tina era a bebê mais tagarela que eu já conheci, muito mais que Sophia e olha que ela resmungava demais também quando bebê.

— Mamãe já está chegando com sua titia Laura, não precisa chorar, ok? — terminei de fechar a fralda e a peguei no colo.

A linda não aguentava nem uma hora longe da Alicia, era muito grudada, eu arrisco dizer que vai ser a cópia fiel dela e isso me deixava feliz, afinal, se uma já é bom, imagina duas?

Alicia tinha ido no médico e também se despedir da mãe no aeroporto com Laura. Depois de muita insistência de que as coisas iriam melhorar, dona Mayara cedeu e foi embora, mas era triste de ver o como a mãe dela estava preocupada.

Laura foi acompanhada dela com o carro que ela tinha alugado com Daniel no Rio. Eles conseguiram prolongar um pouco mais o tempo aqui pra ficar com a gente, sim, ninguém queria sair de perto.

— Quer que eu pegue ela? — Daniel perguntou deixando o controle do videogame de lado.

— Até parece, se ela tá chorando comigo, imagina com você. — disse e ele riu. — Mas papai tá aqui com ela, né filha?

Coloquei uma mpb pra tocar baixinho porque por incrível que pareça mesmo com cinco meses de vida se acalmava ouvindo e ela parou de chorar descansando no meu colo.

— Sophia vem hoje também? — Daniel perguntou enquanto eu a balançava.

— Claro! — disse sorrindo lembrando da minha pequena. — Vem com Sarah.

— Que louco essa parada da Sarah ter separado, né? Ainda mais com o filho pequenininho. — ele disse.

— Loucura, mas ela tá certa. O cara mesmo depois de tudo ainda tem esse ciúme bizarro dela comigo, quem aguentaria? — balancei a cabeça negativamente. — Inclusive ela deve estar chegando aí.

— Antes de todo mundo? — eu assenti. — Pra que?

— Disse que viria pra ajudar e porque Sophia não para de falar na Tina. — expliquei.

— Melhor ajudar mesmo pra não sobrecarregar a Alicia. — ele concordou.

— Não sei, acho que daqui a pouco ela vai surtar com todo mundo tratando ela como uma boneca de porcelana e eu entro nessa também. — fiz careta.

— É foda porque a vontade é de guardar ela num potinho mesmo. — ele disse e eu ri.

O interfone tocou e Daniel correu pra atender já que Tina estava quase dormindo e aquilo despertou ela.

Sarah e Sophia subiram e não deu nem tempo de eu ajeitar a Tina que Sarah já estava pegando ela
do meu colo.

— Tu vai não vai me abraçar não? — cruzei os braços pra Sophia.

— Ah pai, você eu falo depois, agora eu quero ficar um pouco com minha irmã. — ela disse sem nem olhar pra mim apertando a bochecha da Tina.

— Que isso, tô mal mesmo. — falei chateado e ela deu de ombros.

— Deixa ela Patrick, vai você e Daniel arrumar essa mesa que tá uma bagunça. — ela apontou.

— Meu Deus, já chega mandando. — Daniel disse indignado.

— Mulher é assim mesmo, só nos resta obedecer. — disse e ele assentiu.

— Cadê Henrique? — perguntei.

— Deixei com o Bruno. — ela contou.

As três foram pro quarto da Tina brincar e nós obedecemos Sarah arrumando aquela bagunça que estava em cima da mesa de roupas que era pra passar, que a moça que nos ajudava faltou.

Eu não sabia como ia caber todo mundo no nosso humilde apartamento, mas nós faríamos caber. Alicia também chegou minutos depois e foi direto pra cozinha com Laura preparar o strogonoff.

Casa limpa, comida pronta. Alicia designou a tarefa de arrumar a Tina pra Sarah e nós começamos a trocar de roupa.

— Nem falei com você direito hoje, dia corrido. — Alicia disse me puxando pra um abraço assim que entramos no quarto. — Como foi hoje com Tina?

— Bem, deixei ela trinta minutinhos com Daniel e passei na academia porque hoje deixei na mão do Luís e queria ver se tava tudo certo...

Ela me interrompeu. — Seu irresponsável!

— Qual foi amor? — ri.

— Deixou ela com Daniel? Que que Daniel entende de bebês, Patrick? — ela disse brava.

— Ahh para, a academia é aqui do lado e ela estava dormindo. Ele não é nenhum idiota. — me defendi e ela fez careta. — E depois voltei e fiquei com ela, a bichinha chora muito quando você não está.

— Tadinha, hoje quase não fiquei com ela mesmo, mas vou passar esse jantar inteiro com ela no meu colo. — ela disse procurando roupa no armário.

— E depois dele? — a abracei por trás passando minha mão pela sua bunda.

— Depois dele espero aproveitar com meu namoridinho. — ela se virou levando as mãos até minha bunda. Que mania!

— Ah é? Então não vejo a hora disso! — a joguei na cama e subi por cima beijando seu pescoço.

— E se a gente adiantar isso? — ela mordeu o lábio.

Sorri malicioso e selei os lábios dela, mas eu queria mesmo era saber de outra coisa. Me joguei pro lado apoiando minha cabeça na minha mão e a olhei engolindo fundo.

— Ah não, estragou todo clima. — ela sentou bufando.

— Você sabe que eu nunca vou ignorar notícias e sempre vou querer saber. — disse. — Como foi no médico?

— Nada demais, só alguns procedimentos padrões pra eu começar a químio. — ela disse sem me olhar.

— Ei? — ela se virou. — Vai dar tudo certo, né?

— Vai! — ela assentiu sorrindo.

Eu puxei o braço dela pra ela voltar a deitar de frente pra mim e beijei a ponta de seu nariz fazendo carinho em seus cabelos.

Queria travar nessa cena pra sempre. Ela de olhos fechados, com um sorrisinho de canto se deliciando no meu carinho, eu amo essa mulher.

Era uma vez, AliOnde histórias criam vida. Descubra agora