Depois que Leandro e o Diego, que era o cara, resolveram as coisas deles na rua, nós fizemos uma breve reunião na academia mesmo.
José estava animado pra caralho, cara parecia que tava com formiga no cu de tanta empolgação e eu mais reservado prestando atenção nos detalhes.
Pelo que entendi bem, iríamos pro EUA encontrar com o chefão deles e começaríamos um treino intensivo pra um campeonato que rolaria por cinco meses pelo mundo.
Diego já levou o contrato, José assinou sem nem pensar duas vezes e eu pedi um dia pra isso. A grana era muito boa, Luís se animou em se responsabilizar pela academia, mas eu só iria se minha filha me desse o veredito.
Eles foram embora, José voltou pro trabalho porque tinha turma a noite também e eu sem nada pra fazer decidi ligar pro Daniel. A intenção era minha filha, mas estava tarde pra acordar ela.
Ligação
Daniel: que milagre é esse me ligando?
Patrick: não posso?
Daniel: deve, fala aí!
Patrick: tenho boas notícias!
Daniel: hummm, vindo de você eu tenho até medo, mas eu tô achando que sei sobre essa boa notícia.
Patrick: sabe nada, como saberia?
Daniel: ué, se for o que eu tô pensando eu soube antes de ontem.
Patrick: sobre o que, Daniel? — franzi a sobrancelha.
Daniel: sobre a Alicia.
Patrick: o que aconteceu com a Alicia? eu não sei nada dela. — disse aumentando o tom de voz preocupado.
Daniel: hã? nada, eu me confundi. — disse atrapalhado.
Patrick: não, você disse que sabe de algo.
Daniel: não, so sei que ela tá bem, ela veio aqui pra conversarmos.
Patrick: hum...
Daniel: fala sua notícia!
Patrick: jae, eu recebi uma proposta foda pra um campeonato pelo mundo.
Daniel: e você não aceitou, né? Você não aceitou daquela outra vez.
Patrick: eu aceitei sim, Sarah me deu apoio e amanhã vou ver com Sophia e acertar o contrato.
Daniel: Patrick...
Patrick: fala po.
Daniel: você não pode ir!
Patrick: claro que posso, eu...
Daniel: a Alicia tá grávida.Arqueei a sobrancelha, meu braço ficou mole, parecia ter perdido toda a força que eu tive enquanto lutava e não conseguia dizer nada.
Daniel: Patrick? Responde Patrick!
Patrick: isso é mentira.
Daniel: eu não podia ter te contado isso, mas também não posso deixar você aceitar.
Patrick: não é possível Daniel, se ela tivesse grávida ela me contaria e não iria pra.... — me interrompi. — ela foi pra fugir de mim.
Daniel: não viaja, Patrick. ela ia te contar, quer dizer, ela vai te contar.
Daniel: ela só ficou confusa, sem saber o que fazer, precisava da mãe e ter certeza, ela descobriu acho que há uma semana, não tenho certeza.
Patrick: mas ela fugiu, Daniel, de mim, do pai do filho dela. eu não tô acreditando.Eu estava em choque, em choque. Já estava há muito tempo em pé andando pro lado e pro outro sem acreditar.
Daniel: também que que você queria? você surtou com a mina depois de ajudar ela, a culpou, voltou a ser daquele jeito, que fere as pessoas e ainda não correu atrás dela, fingiu que ela não existia.
Patrick: eu surtei porque fiquei apavorado, Daniel. apavorado de perdê-la, ainda pelo mesmo motivo que nossa mãe sofreu.
Daniel: e como você explica ter cagado pra ela?
Patrick: eu não caguei, eu me protegi.
Daniel: é, eu sei muito bem o que você fez, você se privou dos sentimentos, o que é péssimo, e assim a magoou, mas agora você tem um filho na barriga dela e precisa estar presente.
Patrick: eu sei...
Daniel: você me roubou a garota, agora você vai cuidar dela!
Patrick: eu vou desligar!
Daniel: promete que vai fazer o certo?
Patrick: eu preciso pensar.Desliguei o telefone e o coloquei em cima da mesa. Eu não sabia como pensar, o que pensar e o que eu iria fazer. Estava completamente perdido, assustado, desnorteado.
Quando recebi a notícia da Sarah, eu fiquei bem, fiz minhas obrigações, assumi minha responsabilidade e no final ganhei duas melhores amigas, ela e a nossa filha.
Dessa vez o sentimento era pavor e eu não conseguia decifrar o porquê. Me joguei no sofá que tinha no meu escritório, levei meu olhar ao teto e senti meus olhos se encherem de lágrimas.
Desde que nós terminamos eu não tinha chorado uma vez, não por estar bem e sim pelo que Daniel jogou na minha cara, pra me esconder dos sentimentos, mas agora impossível fugir deles, o baque tinha sido grande e eu precisava de agir rápido.
ALICIA
Acordei no dia do exame bem melhor do que os dois dias anteriores que me permiti sofrer um pouquinho. Hoje eu tinha um motivo maravilhoso pra sorrir, ver se meu bebezinho estava bem e começar minhas consultas.
Eu não sabia se ficaria em São Paulo, se voltaria pro Rio de Janeiro, não sabia de nada, tudo dependeria de uma certa pessoa: Patrick. Se ele não me desse o apoio que eu merecia, eu ficaria com minha mãe, caso contrário, grandes chances de eu voltar e ter um neném carioca.
Eu estava muito animada pra consulta, mas um medo tremendo, um medo espantoso do depois. Eu sabia que depois de saber de tudo, não tinha mais pra onde correr, eu tinha que contar ao pai.
— Alicia Ferraz Santos!? — o médico chamou.
Minha mãe pegou na minha mão sorrindo e nós entramos no consultório.
O médico pediu uma bateria de exames, conversou comigo sobre hábitos, sobre minha vida, contei sobre o câncer do meu pai, ele me explicou diversas coisas, ouvimos o batimento cardíaco do meu bebê e eu me emocionei todinha com minha mamis.
Pensei em como o Patrick pai e amigo que eu namorei iria ficar feliz de estar aqui, durante nosso relacionamento eu percebi o quanto o sorriso dele era lindo quando estava feliz e percebi acima de tudo que ele era bem mais alegre do que eu imaginava, eu me sentia grata por vê-ló assim depois do revoltado que eu conheci.
O médico informou que eu estava com oito semanas, ou seja, dois meses e me bateu preocupação de todos os maus hábitos que eu tinha durante esses meses, como a bebida, mas o médico disse que estava tudo bem.
— Sabe quem amaria estar acompanhando você nessa jornada? — minha mãe me perguntou sorrindo saindo do escritório.
— Quem? — perguntei.
— Seu pai. — ela disse e parou segurando meus braços. Seus olhos estavam manejados. — Como ele amaria ver a bebê dele carregando outro bebê.
— Ô mãe... — disse manhosa sentindo as lágrimas virem. — E isso seria um sonho.
— Mas ele está aqui com você, eu tenho certeza. — ela entrelaçou nossos dedos e juntou nossas testas deixando as lágrimas rolarem.
— Com a gente! — apertei a mão dela forte e não aguentei senão em chorar também. — Que que você acha de visitarmos ele?
Ela assentiu desesperadamente e nós seguimos o nosso caminho até o cemitério que papai foi enterrado.

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Era uma vez, Ali
Fanfictionautora: juwebs_ Quando Tina, a filha mais velha de um casal, completa 10 anos de idade, seu pai conta a história do grande amor da sua vida... e uma história de amor nunca foi tão difícil de ser contada: uma mulher sonhadora, dois amores, alguns ami...