Era uma vez, Ali

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O caminho todo Karine foi me contando o quão estava feliz pelo casamento do irmão e eu compartilhando do mesmo sentimento. Matheus era como um irmão pra mim também e meu maior orgulho era ver ele feliz com esse casamento.

Toda essa conversa foi me distraindo pro problema que não era problema, mas que me deixava nervosa, que no caso, Sophia.

Primeiro passamos na casa da mãe do Luan pra eles buscarem os gêmeos e depois chegamos no condomínio, estacionaram o carro no estacionamento e fomos pro bloco onde a irmã da Sarah morava, avisando que passaríamos na Ka pra pegar a chave.

— Tô nervosa! — disse apertando a mão dada pro Patrick enquanto entrávamos no elevador.

— Para de graça. — ele riu.

Pegamos o elevador, batemos na porta descolando as mãos dadas e uma mulher loira abriu, a cara da Sarah.

— Oi Patrick. — ela disse com uma voz maliciosa.

Franzi as sobrancelhas.

— E aí, cadê Sophia? — ele perguntou.

— Tá colocando a roupa, animada que o irmãozinho vai nascer. — ela disse. — Entrem!

Ela fechou a porta atrás da gente e ficamos em pé perto dela.

— Namorada nova? — ela riu olhando pra mim.

— Ela é minha namorada sim, mas Sophia ainda não sabe, então por favor... — ele pediu impaciente.

Não entendi a impaciência, mas de alguma forma ela devia estar sendo inconveniente, porque pra mim estava quase claro que sim pelas feições. Só que eu sou boba demais.

— O grande Patrick namorando, que doideira! — ela balançou a cabeça negativamente apoiando a mão no rosto.

— Pra você ver, o mel é bom. — pisquei pra ela que assentiu rindo fraco.

— Então tá bom. — ela se deu por vencido de ficar nos olhando. — Sophia, seu pai tá aqui! — gritou.

— Papaaaai! — ela veio correndo do corredor pulando no abraço dele.

— Oi amor da minha vida, animada pro Henricão nascer? — ele perguntou pegando ela no colo.

— Muito! — ela disse sorrindo. — Tia Ali? Por que você tá aqui?

Meu corpo logo esquentou de nervosismo, ainda mais pelo rostinho dela confuso.

— Essa vai ser boa! — a mulher riu.

— É... é, estávamos na formatura e eu acabei vindo com ele te ver. — gaguejei.

— Por que você estava na formatura, papai? — ela perguntou.

— Ela me convidou, ué. — ele disse. — Chega de perguntas que a senhora tá muito curiosa, vamos na sua casa buscar sua mochila que você vai passar uns dias com o papai.

Ela assentiu e nós fomos buscar a mochila. Primeiro ela ficou agarrada nos gêmeos na casa da Karine e depois conseguimos fazer com que fôssemos embora.

Pedimos um uber pra casa do Patrick e ela foi o caminho todo tagarelando sobre o irmãozinho e também sobre o espetáculo que estava chegando.

Chegamos na casa dele, nós subimos as escadas, guardamos a mochila dela no antigo quarto do Daniel e ela foi correndo deitar na cama do papai com o celular dele.

— É agora! — ele olhou pra mim rindo.

— Antes disso, que que foi aquilo na casa da irmã da Sarah? — cruzei os braços.

— Você é muito ciumenta, sabia? — ele veio andando pra perto de mim.

— Não. — fiz bico.

— Eu já fiquei com ela. — ele contou.

— Cara, você já pegou a mãe e a tia? — apontei com a cabeça pro quarto onde estava Sophia.

— A mãe é meio óbvio, né. — ele riu. — A tia eu tava muito doidão e a própria Sarah ficou me empurrando pra ela em uma festa que teve do aniversário dela.

— Hum, entendi. Só fiquei curiosa. — dei de ombros.

— Ok minha ciumentinha. — ele me abraçou pela cintura.

Sorri pra ele que selou meus lábios. Dei passagem com a língua segurando seu rosto e ele continuou o beijo de forma delicada.

— PAPAAAAAAI!? — um grito estridente soou do corredor.

Nós nos afastamos rapidamente, eu arregalei os olhos a vendo com as mãos tampando o rosto e ele começou a rir.

— Sophia, eu... — corri me agachando na frente dela. — Eu...

— Sophia, eu e Alicia estamos namorando. — Patrick falou na minha frente.

Olhei pra ele querendo o fuzilar com o olhar.

Ela foi tirando lentamente e silenciosamente as mãos do rosto e nos olhou.

— Por isso que o papai tá dançando com a gente às vezes? — ela perguntou.

— Sim. — eu ri fraco.

— Você é minha mamãe nova? — ela perguntou confusa direcionando pra mim.

— Não Sophi, sua mamãe sempre será a Sarah. Eu só sou namorada do seu pai e sua amiga. — disse ainda nervosa.

— Você vai ficar aqui com a gente esses dias? — perguntou.

Eu balancei a cabeça positivamente sorrindo.

Ela não disse nada, o que me deixou um pouco desconfortável, mas segundos depois ela me abraçou, bem forte por sinal.

Eu sorri suspirando aliviada e virei pra olhar pro Patrick que fez um sim com o polegar.

— Vocês podem ver toy story comigo?

— Claro que sim! — me levantei.

— Então vamos! — ela esticou as mãos pra gente que seguramos e nos levou pro quarto.

Só tinha televisão na sala, mas ela cismou porque cismou que queria ver pelo celular do papai.

Ela deitou no meio de nós dois e foi com aqueles dedinhos lindos até a netflix colocar o tal filme, deu play e nós ficamos assistindo.

— Eu amo vocês! — Patrick falou.

Aquilo fez com que meus olhos brilhassem, nós nunca tínhamos dito "eu te amo" um pro outro, apesar de em vários momentos eu querer esbravejar que o amava.

Dei meu sorriso mais sincero e até meus olhos se encheram de lágrimas.

— Eu também te amo, papai. — ela colocou o celular de lado, deu um beijo na bochecha dele e voltou a deitar.

— Eu amo você. — sussurrei pra ele que balançou a cabeça positivamente sorrindo.