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DANIEL

Meu corpo estava tão cansado, suando, mole e as vezes eu tinha uns calafrios muito loucos. Acordei diversas vezes na cama daquele hospital frio lembrando da noite horrível que eu tive com o Vinicius. Só conseguia voltar ao dormir quando via Patrick dormindo na poltrona perto de mim.

Eu realmente achei que eu ia morrer. Eu não sentia o meu corpo, só sensações. Calafrios, tremedeira, falta de ar, vontade de vomitar e se não fosse pela falta de ar a minha vontade seria de me jogar do andar do nosso apartamento.

A primeira pessoa que eu pensei em ligar era pra Alicia, eu sabia que ela estava com o meu irmão e que os dois viriam me ajudar. Depois em Laura, que me passava uma esperança muito boa. Achei que não ia aguentar até os três chegarem, mas me mantive forte pra isso.

— Já acordou? — Patrick perguntou se mexendo na poltrona.

— Há muito tempo, quem dorme muito é você. — disse e ele riu em meio ao bocejo. — Eu posso ir pra casa hoje?

— Não sei, preciso falar com o médico. — ele disse se levantando. — Como você tá se sentindo?

— Só fraco. — falei e ele assentiu.

— Aquele filho da puta do Vinicius, chega dele, ouviu? — ele disse autoritário apontando o dedo pra mim.

— Nem comigo assim você é capaz de parar de ser insuportável, né? — o provoquei rindo, mas ele tava certo.

— Tô falando sério Daniel, olha só o que esse moleque fez! — disse arregalando os olhos.

— Ele não me obrigou, fiz porque quis e deu nisso, mas eu vou me afastar dele mesmo assim. Fica tranquilo. — falei calmo.

O problema não foi a gente ter usado, o problema foi o que veio depois e eu não gostava nada de lembrar disso. Não agora.

Ele assentiu aliviado e na hora o médico entrou. Ele me deu alta, fez algumas indicações e ficou enchendo nossa cabeça sobre clínica de reabilitação, eu nem tava dando ideia.

Quem buscou a gente no hospital foi Sarah que me passou um sermão daqueles, a primeira a fazer isso depois do estrago, mas eu escutei com atenção, muito respeito por aquela mulher. Laura tinha vindo junto e só ficou escutando.

—...escutou, Daniel? — Sarah disse ao final do sermão.

— Sim, dona Sarah. Eu prometo. — disse oferecendo o dedo mindinho pra ela.

— Promete mesmo? Porque se eu te ver usando droga mais uma vez eu vou te internar em uma clínica sem você querer. Porra, a Sophia precisa de um tio. — ela disse estacionando o carro em frente ao nosso apê.

Eu ri. — já disse que prometo!

— Vou precisar passar na academia pra receber um equipamento, você pode ficar com ele, Sarah? — Patrick pediu antes de sair do carro.

— Pior que eu tenho que buscar a Sophi na casa da dona Flávia. — ela disse fazendo careta.

— Eu posso ficar sozinho gente, não precisa disso tudo. — falei revirando os olhos.

— Até parece, vou desmarcar com o cara aqui! — Patrick avisou puxando o celular do bolso.

Eu bufei.

— Eu fico com ele! — Laura se manifestou e eu olhei pra ela que sorriu pra mim.

— Sério? — Patrick perguntou e ela assentiu. — Valeu de verdade Laurinha.

Ela piscou pra ele como um de nada, ele e ela me ajudaram a subir as escadas por conta da fraqueza e depois Patrick foi embora.

Laura foi comigo apoiado no ombro dela até o quarto e me deitou. Eu tava muito fraco. Eu ajeitei o travesseiro e ela sentou na ponta da cama me encarando.

Era uma vez, AliOnde histórias criam vida. Descubra agora