82

1.6K 262 276
                                    

DANIEL

Minha vida era um desastre, eu dizia a mim mesmo. Como que pode se dar mal em tudo? E justamente na única coisa que eu achei que era unicamente minha, não era.

Alicia quando entrou na minha vida nem sabia da existência do meu irmão, ela veio até mim por ser eu e não ele. Não tinha nenhuma interferência do Patrick nisso, nenhuma. Maldita hora que eu fui indicar ela pra trabalhar na academia.

Minha cabeça parecia sem rumo, eu tava me sentindo sozinho, rejeitado, infeliz, sem rumo, confuso, todos os piores sentimentos que alguém pode sentir. E não era só pela Alicia, eram múltiplos acontecimentos.

Poderiam não acreditar mas meu relacionamento com o Patrick me consumia muito, não só por essa parada de competição, mas também por nos tratarmos como estranhos. Minha mãe viva? Quem aguenta isso? Eu estava levando por ter a Alicia do lado, até que não tinha mais. Só merda!

Peguei uma cachaça braba no mercado e fui pra praia tarde da noite. Andando pela orla e bebendo, cada passo era uma virada. Descia rasgando pela minha garganta, mas não se comparava a dor que eu sentia no meu coração.

Virei a garrafa na minha boca e caiu a última gota. Foi o suficiente pra eu querer surtar. Taquei com força a garrafa na parede de um quiosque e dei um berro mais tão alto tão alto que eu sabia que quem morava nos prédios de frente pra praia da Barra tinham escutado.

Tava doendo tanto... o peso dos problemas na minha cabeça me faziam querer surtar. Eu ajoelhei na calçada e comecei a chorar muito. A minha sorte era que era bem tarde mesmo não tinha quase ninguém, senão iam me achar maluco.

Ainda tinha uma buzina alta que pra um bêbado surtado me fazia piorar. Era tão alta e ainda não parava nunca.

— Daniel!? — escutei um grito.

Me virei, apertei os olhos pra enxergar melhor e por uma surpresa era a nossa advogada da academia, Laura. Me levantei limpando as lágrimas e fui até a janela do carro.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntei.

— Indo pra casa da Sarah até ver um ser humano quebrando uma garrafa do nada, percebi que era você e parei. — ela explicou.

— Ah... — resmunguei.

— Tá bêbado demais, né? — ela enrugou o nariz e sorriu pra mim.

— Tô. — disse.

— E sofrendo? — eu assenti. — Peraí!

Ela disse e eu desapoiei do carro franzindo a sobrancelha. Ela deu ré, estacionou em uma das milhões de vagas ali e saiu do carro.

— Quer sofrer? Sofre conversando com alguém, não se jogando no chão porque você não é louco. — ela disse daquele jeitão dela. — Vamo sentar lá na areia?

— Pode ser. — consegui sorrir pela primeira vez.

Ela me puxou pela mão e fomos andando rápido pela areia até um canto que ela resolveu sentar.

— Isso tem a ver com aquela parada lá na academia? — ela perguntou curiosa.

— Tem, mas envolve outras coisas também. — disse.

— Tipo? Fala aí, tô com tempo. Quer dizer, tenho que devolver o carro da Sarah, mas ela não liga. — ela disse dando de ombros.

Era uma vez, AliOnde histórias criam vida. Descubra agora