ALICIA
— Ah não é possível, vocês não vão brigar, né? Se brigarem eu declaro o fim do relacionamento de vocês pra sempre. — disse impaciente.
Matheus estava toda hora jogando uma piadinha sobre o José ter vindo falar com a gente pra Eduarda que já estava ficando puta. Eu conhecia a peça e não tinha nada a ver, Matheus que era chato mesmo, haja paciência.
— Eu não estou brigando, eu tô rindo. — Matheus disse debochado.
— De deboche com a cara dela. — Jade complementou pra ajudar.. ou piorar.
— Assim você não ajuda. — falei pra ela.
— Ihhh, chatos pra caralho, vamo lá dançar? — Phelipe disse estendendo a mão pra Jade.
— Não tem ninguém dançando. — ela disse envergonhada.
— E daí? Precisa? — ele se levantou puxando ela pra onde o som tava tocando mais forte.
— Ah fala sério, não ficou bolada né? — Matheus perguntou pra Eduarda que estava com um bico do tamanho do mundo.
— Não. — disse seca.
— Poxa amor, eu só tava brincando, prometo não zoar mais, até que ele é bonitinho. — ele disse com voz infantil passando um braço pelo pescoço dela e a puxando pra perto.
— Tu não presta. — ela disse pra ele tentando não rir.
— Não mesmo, sou safado por você. — ele disse enchendo ela de beijos.
— Caralho, essa foi muito ruim. — fiz careta rindo. Ele mandou o dedo do meio.
— Só de castigo olha quem chegou... — ele disse apontando com a cabeça pra entrada.
Quando me virei e enxerguei Bené meu coração quase saltou pra fora, porque acompanhado dele só podia ser o karma do Patrick.
Eu não queria vê-lo fora do trabalho, já era difícil lá por ser diariamente, agora ainda ver final de semana é osso duro de roer. Óbvio que eu sabia que isso aconteceria, mas não tão rápido.
— Ele não vai vir aqui... ele não vai vir aqui... ele não vai vir aqui... — fiquei repetindo de olhos fechados.
— Ele tá vindo aqui. — Eduarda avisou e eu bufei abrindo os olhos e respirando fundo.
— E aiiii, qual foi gale? — Bené chegou daquele jeito animado dele.
— E aí Bené!? — respondi tentando não olhar pro amigo.
— Veio encher a cara também, mano? — Matheus perguntou cumprimentando ele.
— Quando não? — ele riu.
— E aí Matheus, oi Duda. — Patrick cumprimentou eles. — E aí Ali!?
Não era possível que ele ia fingir que nada tinha acontecido e que eu não tinha pedido pra ele me ignorar.
Nem respondi, apenas balancei a cabeça e voltei a beber do meu copo. Eduarda ficou me olhando constrangida com a situação, dei de ombros.
— Bora juntas as mesas po, pra que que vai ficar geral assim separadão? — Bené sugeriu. Tinha que ser o Bené.
Matheus topou com certeza pra provar pra Eduarda que não iria mais brincar com ela ou que estava mudado, sei lá a cabeça dele. Só sei que eu queria levantar da mesa e matar ele.
Enquanto eles chamavam o pessoal, Jade e Phelipe voltaram contando a vergonha que eles tinham passado dançando e não deu nem tempo de eu mandar alguém pra aquele lugar que eles já tinham se juntado.
Eu não estava muito bem. Tinha bebido, mas era um daqueles dias que você sabe que nem tonta você vai ficar - e também nem fiz muito esforço pra isso já que escolhi cerveja - e sem predisposição nenhuma pra aturar quem me magoou na mesma mesa que eu.
Aproveitei meu cansaço, meu sono e ainda minha impaciência pra fingir que iria no banheiro, pagar minha conta e avisar a eles que iria embora.
— Vou embora, tá gente? Tô meio cansada, tenho uns trabalhos amanhã pra fazer e quero tirar um sono pesado. — avisei.
— Ahhh que isso Ali, já? — Bené perguntou fazendo beicinho.
— Sério, tô cansada demais. — disse.
— Que isso Alicia? — Eduarda sussurrou.
O meu grupinho sabia o real motivo mesmo que superficialmente e estavam me olhando como se eu tivesse cometendo algum crime de ir embora e só avisar em cima.
— Tá? Vou pedir o uber aqui. — falei pegando meu celular na bolsa.
— Quer que eu te leve? — Phelipe se disponibilizou.
— Que isso, precisa não. — balancei a cabeça negativamente confirmando a corrida.
— Claro que precisa, vamo lá! — ele se levantou da mesa.
— Não, não precisa! O carro tá há 3 minutos daqui já, beijo beijo galera. — avisei e sai andando.
— Ô Alicia!? — só escutei os passos vindo mais rápido atrás de mim.
Respirei fundo e me virei.
— Não vai falar comigo mesmo mais? — perguntou.
— Não. — respondi seca olhando pro caminho do uber no meu celular.
— Eu não fiz por mal, Ali. Não faz isso, não precisa ir embora por causa de mim. — ele disse.
— Me deixa em paz, tá? Só isso. — pedi e me virei de volta pra pegar meu uber.
Graças ele não veio atrás de mim me impedir de qualquer coisa, eu estava brava demais pra ter que lidar com ele não aceitando minha decisão.
Entrei no uber e fiquei escorada na janela igual filme pensando sobre a vida. Toda vez eu pensava no que fazia me tirar do foco da minha conduta e personalidade, e toda vez eu enxergava que era os problemas que do nada me apareciam.
O único problema é que eu não conseguia enxergar se eu tinha que conviver com eles e adapta-los pro meu modo de viver ou se eu tinha que fugir pra bem longe deles, mas mesmo que a resposta fosse a segunda, eu não conseguiria.
Paguei o uber, desci do carro e subi. Fui direto tomar um banho, eu amava tomar banho, toda hora estava debaixo do chuveiro.
Passei a mão pelos meus cabelos lentamente deixando a água escorrer, me vinha vontade de chorar com aquele sentimento tosco por aquele idiota, mas não me permitia.
Sai do chuveiro, me enrolei na toalha, coloquei um pijama qualquer e me joguei na minha cama. Fiquei lendo um livro que eu tinha comprado sobre hábitos e depois peguei meu celular pra dar uma olhada.
Mensagens
Daniel: Ali???
Alicia: oi Dan, tudo bem?
Daniel: tudo sim, ia te chamar pra vir segunda aqui em casa. Patrick vai sair com a Sophia.
Daniel: to precisando de companhia, não tem melhor que você.
Alicia: como você sabe que ele vai sair?
Daniel: escutei ele combinando com Sarah.
Alicia: pode ser! saudade da sua companhia tb.
Daniel: sério, não tô nem falando na maldade, eu gosto mesmo de você.
Alicia: eu sei 💛
Daniel: te espero segunda! Esse fim de semana vou ficar com Vinicius que tá surtadinho de novo por causa de Raissa, aí quero ajudar.
Alicia: ok, ate 🥰
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Era uma vez, Ali
Fanfictionautora: juwebs_ Quando Tina, a filha mais velha de um casal, completa 10 anos de idade, seu pai conta a história do grande amor da sua vida... e uma história de amor nunca foi tão difícil de ser contada: uma mulher sonhadora, dois amores, alguns ami...