ALICIA
Os últimos cinco dias foram bem emotivos. Voltei pra minha verdadeira casa, revi minha mãe, conheci o namorado dela, contei a notícia que ela recebeu com maior carinho e felicidade e fomos ter certeza do resultado na clínica que deu positivo mais uma vez concretizando meu maior sonho.
Foi incrível de começo, muitas emoções e felicidades, mas depois começou a pesar. Ao contar pra minha mãe nossa história, minha e do Patrick, começou a cair a ficha do que eu tinha que fazer e lidar.
Minha mãe me deu muitos conselhos e no final eu só me senti preparada e confortável de tomar uma decisão depois da minha primeira consulta. As vezes passava na minha cabeça de ser mãe sozinha, mas ele merecia saber, claro. Não só ele como muita gente envolvida.
Hoje eu ia visitar o Daniel na casa da Laura, ele não estava mais morando lá, mas ela também queria me ver. E não, eu não estava indo pra contar nada e não pretendia fazer isso. Só estava indo porque o Matheus burro, contou pro Patrick que eu voltei pra São Paulo, que contou pro Daniel, que me ligou.
— Tem certeza que quer ir, filha? — minha mãe perguntou estacionando o carro de frente pro prédio.
— Sim mami, eles são meus amigos. — disse ajeitando meu batom pelo espelho.
— Não se sinta pressionado pra dizer nada, ok? Só fala se tiver afim. — ela aconselhou.
— Pode deixar! — abri a porta do carro. — Te amo.
Dei um beijo na bochecha dela e sai. Não estava nervosa nem nada, se eu me sentisse confortável pra falar, eu falaria.
O que me deixava desconfortável era ver Daniel e lembrar do Patrick, porque por muito tempo eu tava tentando ignorar a falta que ele me fazia me ocupando das coisas novas da minha vida, que por coincidência e ironia, ele estava beeem envolvido.
Olhei pra minha barriga, acariciei ela com um sorriso e toquei o interfone. Minha mãe só deu partida com o carro quando eu entrei. Ela era uma graça.
— Oi lindaaa, como você tá? — Laura disse abrindo a porta.
— Tô bem, graças a Deus. — entrei abraçando ela. — Cadê Dan?
— Foi na rua comprar salgadinho e coca pra gente comer. — ela contou. — Sabe como ele é.
— Animado, eu sei. — ri.
Ela nos conduziu até a varanda e nós sentamos em uma mesa mara e super confortável.
O apartamento era foda, competição de verdade com o do Phelipe. Só que o dela era bem mais ousado, com uma decoração urbana, incrível, eu fiquei apaixonada.
— Me conta menina, como vocês estão? — perguntei puxando assunto.
— Namorando. — ela disse mostrando a aliança. — Porra, o novinho me laçou.
Peguei na mão dela boquiaberta com aquele anel maravitchoso demais, aí, Daniel merecia muito.
— Parabéns, Laura! Vocês são lindos juntos, casal equilibrado. — disse rindo.
— Sim, uma louca e um tranquilão. — ela disse e nós rimos. — E ele também tá ótimo no trabalho, tem competência real pro direito, tô ajudando ele com a faculdade e tudo tá indo.
— Que bom! — comemorei. — Nada daquelas paradas não, né?
— Droga? — assenti. — Nada disso.
— Então com certeza foi melhor pra ele ter vindo pra cá. — falei.
— Sem sombra de dúvidas. — ela respondeu. — Aí, deve ser ele!
Ela apontou pro barulho vindo da porta e ele entrou com as sacolas na mão. Corri pra abraçar ele que ficou bem animado e o ajudamos a colocar as coisas na mesa.
— Falaram bastante de mim enquanto eu não chegava? — perguntou convencido.
— Nada disso, você nem entrou no assunto. — Laura fez cara de metida e eu ri.
— Ah, para de caô que eu sei que você exibiu essa aliança pra ela. — ele brincou com ela que mandou língua.
— Inclusive quero saber se você tá feliz, tenho certeza que sim, mas quero ouvir da sua boca. — disse mordendo uma bolinha de queijo.
— Claro que eu tô. — ele abraçou a Laura de lado. — Mas quero saber de você o porque diabos você veio pra cá e o que o doido do meu irmão fez.
— Cara, é complicado. — respirei fundo.
— Temos a tarde inteira. — Laura disse.
— Começou com o meu ex namorado maluco me perseguindo pelas ruas, ele começou a ficar neurótico, preocupado, até aí ok, mas daí esse meu ex me sequestrou...
Daniel me interrompeu indignado. — Como assim? Ele não me conta nada esse filho da puta do meu irmão, mas que que deu Ali? Ele foi preso?
— Não, os meninos lá da academia com o Patrick me salvaram. E José me garantiu que ele nunca mais viria atrás de mim e eu acredito. Rodrigo é maluco, mas depois da surra eu não acredito muito que ele possa fazer mais besteiras. — contei.
Continuei contando, inclusive nossa briga dentro da casa dele, onde só de me lembrar me fazia sentir tristeza.
— Não acredito que ele te culpou, sério. Você tem mais do que razão em ter terminado com ele. — Laura disse indignada enchendo mais o copo de coca.
— Eu me assustei muito porque eu pensei que ele não faria mais esse tipo de coisa, de te culpar, de gritar com você, simplesmente por estar puto ou triste e eu dei um basta, com dor no coração, mas dei, porque eu não mereço isso e aceitei estar com ele por acreditar na mudança.
— Patrick só faz merda, puta que pariu. — Daniel balançou a cabeça negativamente. — E por isso você veio pra cá?
— Sim. — menti. — Tava com saudade da minha mãe e muito mal de vê-lo todo dia no trabalho, juntei o útil ao desagradável e voltei.
Daniel assentiu, mas Laura me olhava com os olhos semicerrados desconfiada com alguma coisa.
— Desculpa desconfiar assim Alicia, mas tem certeza que é só isso? — ela disse me encarando firme.
— Sim, por quê? — menti com a voz mais trêmula. Daniel franziu a sobrancelha.
— É que eu já descobri várias vezes com amigas minhas uma coisinha específica, e você me parece calma contando isso, serena, mas insegura.
Eu engoli a seco.
— Que doideira é essa? — Daniel riu. — Alicia sempre foi calma.
— Calma de alegre, feliz e inclusive era agitada por conta disso, não alegre de serena e eu sei que isso vem da insegurança. — ela dizia com propriedade.
— E o que você quer dizer com isso? — perguntei rindo de nervoso.
— Se me permiti dizer você tá com cara de... — ela parou pra que eu a autorizasse. Eu já sabia que ela sabia, apenas assenti. — de mãe.
Meu coração palpitou, sorri de nervoso, mas me mantive calada, de uma forma eu estava aliviada de não ter que esconder mais.
— É sério? — ele perguntou pra ela. — É sério? — se virou pra mim.
Eu assenti.
— Não, não, mentira que eu vou ser tio de novo!? — ele riu e se levantou.
— Vai. — balancei a cabeça positivamente rindo de nervoso e Laura sorriu com o olhar pra mim.
— Parabéns! — ele me abraçou. — Mas pera, você não vai contar pra ele?
— Por enquanto não, depois da primeira consulta vou me preparar pra isso. — falei.
— Ok. — ele assentiu. — Sophia ganhou irmãos tão rápido, né?
— Nossa, eu nem tinha pesado nisso. — mordisquei o lábio preocupada.
— Relaxa, ela vai amar! — ele se sentou de volta. — E ele também.

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Era uma vez, Ali
Fanfictionautora: juwebs_ Quando Tina, a filha mais velha de um casal, completa 10 anos de idade, seu pai conta a história do grande amor da sua vida... e uma história de amor nunca foi tão difícil de ser contada: uma mulher sonhadora, dois amores, alguns ami...