A tarde com os dois foi bem legal. Nós comemos a beça, conversamos, e comemos de novo. Por incrível que pareça Daniel realmente estava feliz além da conta com a ideia de ser tio de novo, o que achei legal demais.
Minha mãe me buscou, nós passamos no shopping porque eu tava muito afim de comer sorvete, ela ficou rondando lojas atrás de coisa de neném de tão empolgada de ser avó que ela estava e depois fomos embora.
— Você acha que ele foi sincero com você? — minha mãe perguntou sentando na mesa pra olhar as compras.
Ela tinha essa mania, sempre que fazia compras, chegava em casa, colocava tudo na mesa e conferia tudo.
— Sim, por que não seria? — perguntei puxando uma cadeira pra sentar com ela.
— Sei lá, você disse que ele gostava de você antes. — ela deu de ombros abrindo a sacola de farmácia.
— Gostava, no passado. — ri. — Seu namorado vem hoje?
— Sim, depois do trabalho. — ela falou. — Em falar nisso, pedi uns dias de folga pra ficar mais com você.
— Poxa mãe, não precisava se prejudicar, eu tô bem. — disse preocupada por ela.
— Não, meu chefe tava me devendo folgas mesmo, eu não desperdiçaria um tempo com minha filhotinha. — ela pegou na minha mão. — Ainda mais gravidinha, aí tô tão feliz!
— Eu também. — sorri pra ela. — Acho que vou deitar um pouco, tá? Tô cansadinha.
— Tá bom, descansa lá, filha. — ela assentiu. — Mas você janta comigo e com o Léo?
— Claro mãe! — assenti sorrindo pra ela e me levantei.
Ela me entregou as sacolas que ela comprou pro bebê, dei um beijo na cabeça dela em agradecimento e fui pro meu antigo quarto.
Me joguei na cama sem dó nem piedade de tanto cansaço de andar pelo shopping com a consumista da dona Mayara.
Contar pro Daniel e pra Laura me fez ter muita vontade de contar para as minhas amigas, que até agora não sabiam. Eduarda estava super ocupada com o trabalho e Jade estava na mesma só que em Nova York, eu não queria preocupar.
Mas vi uma foto de Jade que me deixou com tanta saudade que resolvi tentar pelo menos ligar pra elas de chamada de vídeo e se elas não tivessem muito ocupadas eu contaria.
Ligação
Jade: Hello
Eduarda: eu hein, já tá gringa?Elas atenderam juntinhas e as duas ainda estavam deitadas, não sabia se ficava feliz ou nervosa por contar e saber que elas iam querer me matar.
Alicia: como vocês estão?
Eduarda: bem, de folga hoje, presentinho do meu chefe.
Eduarda: Matheus surta de ciúme e eu dou muita risada.
Jade: ri não que quando você ficou com ciúme deu merda.
Eduarda: mas foi com motivo, né? ele só ficou com ciúme porque achou estranho a folga.
Alicia: ah, manda ele ir a merda!
Eduarda: ele eu já mandei, agora eu tenho que mandar você. você acha que eu acredito que você foi embora só por saudade da sua mãe? ainda mais com matheus escondendo, muito burro, deixou bem claro que vocês estão escondendo alguma coisa.
Alicia: e você, Jade? como tá aí? como tá com phelipe? — a ignorei.
Jade: não ignora ela não porque eu também quero saber!
Alicia: eu juro que vou contar, mas primeiro quero saber de vocês.
Eduarda: ram, sei.
Alicia: é sério, liguei pra isso.
Jade: ok então. bom, eu tô bem demais, correndo com o livro pra publicação, tô amando a cidade, mas com muita saudade da minha verdadeira, em breve tô de volta.
Eduarda: não acho sete meses breve, tô com saudade. — ela fez beicinho.
Jade: eu também tô.
Alicia: e Phelipe?
Jade: estamos juntos, amém. no primeiro dia, ele não falou comigo, no segundo, terminou, no terceiro pediu pra voltar e falou que me amava.Eu e Duda gargalhamos.
Eduarda: Phelipe é foda!
Jade: e ele falou pela primeira vez, vocês acreditam? Aí, tô amando muito.
Alicia: affff feliz demais por vocês, que dê tudo certo.
Jade: amém! agora fala, Alicia. Você não vai fugir.
Alicia: vocês prometem que não vão me matar?
Eduarda: sei não!
Jade: promete Eduarda, senão ela não vai contar.
Eduarda: tá, eu prometo. — ela revirou os olhos.Eu ri.
Eduarda: fala logo.
Alicia: tá, vou falar. — suspirei. — eu estou grávida, não me matem.As duas levantaram com pressa de onde estavam deitadas, abriram a boca e arregalaram os olhos.
Eduarda: eu sei que você tá brincando, você só pode tá brincando.
Alicia: não, é sério! não mentiria algo assim.
Jade: PARA TUDO! COMO ASSIM BRASIL?
Jade: Parabénssss amiga, como você tá?
Eduarda: eu ainda tô em choque, não consigo nem falar.
Alicia: é gente, amiguinha aqui vai ter um bebê e vocês vão ser madrinhas.
Eduarda: aí meu Deeeeeeus, quanto sobrinho
Eduarda: mas agora me diz, qual lógica de engravidar e depois largar o emprego?
Alicia: aí gente, eu precisava, sabe? Precisava desse tempo pra pensar e se eu ficasse vendo o Patrick todo dia ia dar ruim.
Jade: meu Deus tem ele ainda nisso, você já contou? Quer dizer, é dele, né?
Alicia: claro que sim, mas ainda não contei.
Eduarda: já está com quantos meses?
Alicia: depois de amanhã vou descobrir e aí sim pensarei sobre contar pra ele.
Eduarda: como assim pensarei, sua maluca? ele é o pai, é claro que tem que saber.
Alicia: não sei, tô com medo.
Jade: para de graça, Alicia. ele pode ter todos os defeitos, mas é um pai maravilhoso pra Sophia e vai ser pro seu também.
Alicia: assim espero independente das nossas desavenças.
Eduarda: mas vocês vão se acertar também, claro.
Alicia: com o patrick de antes eu não volto nem obrigada.
Alicia: gente, eu vou descansar um pouco, ok? Tô morrendo de saudade, amo vocês!
Eduarda: te amo amiga, me liga mais quando acordar, quero conversar.
Alicia: tá bom. — ri.
Jade: te amo, conta comigo pra tudo.Eu assenti sorrindo e desliguei.
Coloquei o celular no travesseiro e comecei a pensar sobre o assunto. Era a primeira vez dentro desses dias que eu sentia um aperto no coração em relação ao meu término.
Isso não significa que eu não estava sofrendo antes. Na real eu sofro bem mais do que as pessoas imaginam, mas em silêncio, até porque preciso estar bem pro meu bêbezinho.
A questão é que eu sabia lidar bem com as coisas e a gravidez me fez ficar melhor ainda, mais vívida assim como eu era antes. Só que comecei a dar atenção a aquele vazio no meu peito. Maldito vazio.
Essa falta dele de me procurar, esse fingir que eu não existia, essa falta de questão me fazia pensar que ele não gostava tanto assim de mim. Tá, eu que terminei, mas que que custava uma conversa depois? Uma corrida atrás? E ele não fez nada além de me tratar como um fantasma.
Talvez eu tenha me iludido com o fato de que alguém mudaria por mim ou por pelo menos influência minha. Eu realmente achei que mexi de verdade com o Patrick assim como ele mexeu comigo.
Eu me senti especial, "a única mulher que fez ele se apaixonar" mas era mentira. Bom, pelo menos parecia. E isso me causava um medo horrendo de que ele abandonasse o nosso filho, por isso as minhas tomadas de decisões, por isso meu afastamento e por isso minha enrolação.
Só precisava de mais alguns dias pra amadurecer a ideia e criar forças pra lidar com o que talvez estava por vir. Dei aquela chorada básica antes de dormir, mas me recuperei assim que orei ao meu pai adormecendo em seguida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era uma vez, Ali
Fanfictionautora: juwebs_ Quando Tina, a filha mais velha de um casal, completa 10 anos de idade, seu pai conta a história do grande amor da sua vida... e uma história de amor nunca foi tão difícil de ser contada: uma mulher sonhadora, dois amores, alguns ami...