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PATRICK

A minha vontade era arrancar aquele moleque do meu sofá a força, ainda mais com o pouco caso que eles me olharam, como se cagassem pra minha presença ali, na minha própria casa.

Alicia me olhou nervosa e apertou minha mão querendo controlar o que eu faria, e eu não podia de forma nenhuma ir contra ao que eu disse pra ela quando assumi que estava apaixonado.

— Que que é? Vieram me monitorar? — Daniel se virou pra gente.

Eu ia responder, mas Alicia respondeu na frente. — Viemos conversar com você.

— O que? Papo de cunhada? Pelo amor de Deus. — os dois riram debochados.

Eu respirei fundo.

— É sério Daniel, a gente veio te pedir desculpas. — ela soltou minha mão andando e eu me virei pra fechar a porta e ficar ao lado dela.

— Beleza, já podem ir. — deu de ombros sem olhar na nossa cara.

— Dá pra tu escutar, mano? — pedi.

Ele largou o baseado de lado e olhou pra gente. Vinicius nem olhava na minha cara, até porque não precisava de muito esforço pra eu me estressar com ele.

— Eu sei que deve ter sido horrível essa situação pra você, gostar de mim e me ver com seu irmão, eu não me isento na culpa e creio que nem ele, então eu precisava vir te pedir desculpas, Dan. Não foi algo que eu planejei, de forma nenhuma, aconteceu. — ela se ajoelhou na frente dele pra explicar. — De qualquer forma eu quero te ter como amigo, eu estar ficando com o Patrick, não me faz deixar de gostar de você.

— Isso é uma piada, fala sério! — ele riu e ela franziu a sobrancelha se levantando. — Gosta de mim? Gosta de mim porra nenhuma, se gostasse não teria feito isso. Sabe esse aí? — ele apontou pra mim. — Esse aí tira tudo de mim, tudo. Sempre fez questão de mostrar que eu era inferior a ele nas coisas, ele te usou pra isso e você caiu.

— Pera aí Daniel, não é bem assim. — balancei a cabeça negativamente. — Eu não quis usar ela, e nem quero, eu gosto da Alicia.

— Mas você não nega que quer tirar tudo de mim, né? — soltei um suspiro sarcástico. Eu não aguentava esses dramas sem sentido do Daniel. — Cara, me faz um favor vocês dois?

Ele ficou de pé.

— Sumam da minha frente e me deixem em paz! Já não foram babacas? Então me esquece! — ele pegou nossos braços nos empurrando até a porta. — Rala.

— Dan... — ela murmurou com lágrima no olho.

— Qual é Daniel, essa casa também é minha e a gente tá aqui na melhor das intenções de melhorar nossa relação contigo. — falei.

— Eu tô pouco me fodendo pra nossa relação, Patrick. — ele riu sarcástico.

— Namoral você é muito cuzão, pega a mina do irmão e ainda quer que aceite desculpas. Cuzão do caralho! — Vinicius encheu o peito e disse sem nem olhar no meu olho.

Não adiantava. O ranço que eu tinha desse moleque superava qualquer autocontrole que eu tinha. Meu coração acelerou, eu larguei da Alicia e andei até ele.

— Repete, moleque. — apontei o dedo na cara dele.

— Patrick, mete o pé, jae? — Daniel segurou meu braço e eu tirei com força.

— Repete! — mandei.

— Você. é. um. cuzão. — ele disse separadamente me encarando.

Meu punho se fechou ao lado do meu corpo, minha respiração ficou ofegante e meu próximo passo eu já sabia qual ia ser se não passasse na minha cabeça a Alicia e só ela.

— Patrick! — ela me chamou com a voz trêmula.

Eu engoli a seco, virei de costas e fui até meu quarto.

— Não me deixa lá sozinha, doido. — ela disse me seguindo.

— Tô louco! — disse tentando me acalmar da vontade de quebrar a cara daquele moleque.

— O que importa é que você se controlou. Agora vai fazer o que aqui? — ela perguntou me vendo mexer nos armários.

— Posso passar o final de semana lá na tua casa? Não posso ficar aqui com ele não. — pedi.

— Claro, Duda não vai pra lá mesmo. — ela disse.

Assenti pegando uma mochila e jogando algumas roupas dentro dela. Passar esse tempo com ela me faria tranquilizar, se eu continuasse aqui daria merda.

Coloquei a mochila nas costas, peguei na mão dela e fechei a porta de casa. Essa conversa não tinha dado em nada, só piorado, mas pelo menos fizemos nossa parte.

JADE

Meus amigos estavam muito lentos com esse lance de relacionamento. Eduarda iria passar o fim de semana na casa do Matheus com a família, Alicia não tinha planos mas também passaria com o boy.

— Tem certeza que você não vai ao jantar? — perguntei colocando vinho nas nossas taças.

— Você não quer ir. — Phelipe deu de ombros.

— Claro que não, como que eu vou num jantar que é pra família? — balancei a cabeça negativamente.

— Exato, digo o mesmo. O pai do Matheus é só casado com minha mãe, isso não me faz família. — ele disse inventando desculpas.

Ele queria porque queria me convencer de comparecer ao jantar de noivado dos dois com ele, e apesar de Eduarda ter nos chamado, eu e Alicia decidimos deixar eles terem esse momento bem família mesmo.

E depois de ter batido o pé de que não iria, ele inventou de bebermos em casa. Eu super topei porque eu gostava da vibe do Phelipe e porque estávamos nos dando bem mais do que já nos dávamos.

— Te faz sim e a família de vocês é toda interligada, ou seja, é família. — disse teimosa.

— Que seja, eu decidi ficar aqui com você bebendo, não posso? — ele cruzou os braços.

— Pode, claro, a casa é sua! — levantei às mãos em sinal de rendição e ele emburrou. — Tá, nooossa.

A verdade é que ter vindo morar com ele foi a melhor coisa que me aconteceu. O apartamento era enorme, dois andares, espaçoso e a convivência ótima. Era até um pouco longe da faculdade, mas era último período e por sorte nossos horários de aula batiam, então iria de carro com ele.

Minha mãe no início não gostou da ideia de eu morar com um menino, sabe como é, de igreja a mente é outra, mas com a ajuda do meu padrasto - como sempre - ela superou.

— Agora chega de falar, bota uma música, bora trocar ideia e beber! — ele disse pegando a taça de vinho e me puxando pra varanda.


Era uma vez, AliOnde histórias criam vida. Descubra agora