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MARATONA 3/5

JADE

Tava num puta estresse por conta do meu pai ter chegado da igreja me dando sermão pelas mesmas coisas de sempre: meu comportamento, que pra ele é absurdo (ps: coisas como chegar tarde).

Mas não deixaria me abalar porque hoje eu e as meninas pediríamos pizza pra acompanhar de um vinho maravilhoso, e eu precisava estar bem pra animar nossa garotinha Duda.

Leandro me passou mensagem dizendo que tinha que falar comigo e que era urgente. Já fiquei super desconfortável, aliás, quando era assim nunca era coisa boa, mesmo depois de ontem de madrugada que ele me buscou pra se desculpar e dizer que gostava de mim de verdade.

— Já vai sair, Jade Amorim? — meu pai disse sério enquanto lia um livro na sala.

— Vou sim, senhor Jorge ou você quer me prender também? — cruzei os braços.

— Eu só acho que você deveria frequentar a nossa igreja e fazer novos amigos, essa sua vida não vai te levar a nada. — balançou a cabeça.

— Sua igreja! — dei ênfase. — Eu to muito bem com minha vida e meus amigos, eu não sou obrigada a seguir sua doutrina.

Ele bufou estressado e se levantou em direção ao quarto. Eu simplesmente não podia fazer nada por ele, não concordava e não concordaria com nada e eu tinha uma vida pra seguir.

Peguei minha bolsa no cabide da parede de entrada, pendurei no ombro e fui andando até a portaria do meu condomínio, eu odiava descer a ladeira toda, mas meu pai não me deixaria nem a pau de carro lá.

— Que carro é esse? — eu ri entrando no carro que Leandro tinha estacionado em frente ao condomínio.

— Peguei emprestado com minha mãe. — contou. Eu assenti e selei os lábios dele como cumprimento. — Jade, eu preciso conversar com você.

— Hum, lá vem, né!? Me diz que é coisa boa dessa vez, please. — pedi esperançosa.

— Na verdade... — suspirei. — Olha Jade, tudo que eu te falei nesse tempo era verdade, eu sempre gostei de você, até porque foi minha primeira namorada, mas não dá mais.

— Como assim não dá mais Leandro? — franzi a sobrancelha furiosa. — Ontem você disse que me amava!

— Sim, e amo, mas muita coisa vai mudar na minha vida. O pai da Luísa, aquela menina que eu tava na festa da Ra, me deu uma chance fora do país lutando e eu vou com ela.

— Com a menina? — ele assentiu. — Meu Deus eu sou muito burra. — levei a mão na cabeça. — Caralho Leandro por que você é tão sujo? O que eu te fiz de tão ruim? Pra você pegar meus sentimentos e jogar no lixo.

— Não é isso, eu...

Ele tentou colocar a mão no meu rosto, mas eu desviei. — Eu só consigo ter nojo da porra da sua cara e eu nunca mais quero te ver, nunca. — abri a porta do carro.

— Calma, eu te levo lá na tua amiga. — ele disse calmo.

— Você acha que eu vou daqui até lá do seu lado? Vou repetir pra você Leandro: nunca mais olhe na minha cara, você não me merece. — eu disse pausadamente com raiva no olhar.

Sai do carro e fechei a porta com força, eu não me permiti chorar na frente dele, mas desabei enquanto eu pedia o uber pra casa das meninas.

Até me passou pela cabeça ficar em casa, mas eu precisava delas mais do que nunca. Eu não suportava mais ver o único cara que eu amei pisar no meu coração assim.

Quando cheguei na casa delas, já fui recebida com o abraço cauteloso e empático de Duda e o sorriso mais bonito e calmo que já conheci da Alicia. Aquilo confortou meu coração e eu sabia que não precisava de mais ninguém.

Pedimos pizza de bacon com ovos e palmito, decidimos comer no tapete da sala tomando um bom vinho. Nós riamos com assuntos tão tolos, inclusive sobre a briga na festa da Raissa.

— Ok, mas você depois que puxou o cabelo dela ficou parada que nem uma estátua. — provoquei a Duda que tava bancando a fortona.

— Claro, eu fiquei em choque. — ela se defendeu jogando a borda da pizza de volta na caixa. — Mas dentro de mim tava "quebra a cara dela!".

Rimos.

— Ainda bem que Jade tomou a frente e falou umas verdades na cara dela porque eu fiquei com medo daquela Rebeca me bater. — Alicia disse fingindo apavoro.

— Até parece que Patrick ia deixar! — provoquei.

— Fala sério, Jade. — ela revirou os olhos sem graça.

— Ué, não é mentira Alicia, ele fez questão de falar que ela tava viajando. — Duda me ajudou.

— Tá, mas e daí? — ela deu de ombros.

— É porque foi o Daniel que te ajudou com aquele seu ex louco, porque se tivesse sido o Patrick seria teu anjo da guarda real. — falei.

— Vocês estão me incomodando. — ela levantou pegando a caixa de pizza pra jogar fora.

— Se incomodou é porque você gosta. — Duda me cutucou sabendo que ia perturbar a garota.

Eu comecei a rir.

— Por que o assunto não muda para Jade e o tal do Leandro? Já que ela chegou chorando e tudo. — Alicia sugeriu tentando se livrar.

— Acho melhor não. — fechei a cara dando um gole no meu vinho.

— Eu acho ótimo. — Duda assentiu e Alicia concordou voltando da cozinha. — Adianta Jade, que que aconteceu hoje?

— Vou ser breve porque não quero mais falar disso. — falei e elas assentiram. — Ele disse que vai morar fora do país com a Luísa pra lutar.

— Que!? — as duas arregalaram os olhos. — Não!

— Sim, ele disse na minha cara, sendo que ontem ele simplesmente disse que me amava. — suspirei. Aquilo me doía de verdade.

— Agora você vai aprender de vez, né dona Jade? Porque ele praticamente disse na tua cara que tudo passou de uma ilusão e você caiu. — Duda disse ríspida. — Phelipe sempre esteve certo.

— Eu já aprendi, não precisam nem falar. — disse cansada.

— Te amamos, não sofra por esse traste. — Alicia disse toda meiga vindo me abraçar.

— Eu também amo vocês! — sorri.

— Agora que somos todas solteiras e estamos de férias, já sabem né? Aprontar muitas, inclusive minha prima tem uma agência de viagens, podíamos viajar. — Duda sugeriu.

— Eu topo. — disse animada.

— Eu queria topar, mas não posso por vários motivos. Número um, sem grana. Número dois, eu trabalho queridas. — Alicia falou contando nos dedos.

— Afff, então é curtir por aqui mesmo, mas eu tenho risco de encontrar com... vocês sabem...

— Para de fazer desfeita do meu bf, tá? Você ama ele, você tá sofrendo e quer fingir que não. — Alicia revirou os olhos.

— Eu não estou fingindo, Alicia. Eu admito que tô sofrendo por dentro, mas eu não vou deixar isso acabar com minha vida. Eu quero viver. — ela disse com lágrimas nos olhos.

— E tá certa e não vai chorar. Separou separou, agora vamos viver! — falei puxando as duas pra um abraço.



Era uma vez, AliOnde histórias criam vida. Descubra agora