Parte 57

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A noite chegou e Miguel apareceu com uns guardas.
- Vamos transferir você para o presídio daqui, você tem que aguardar o julgamento só então saberemos para onde vai.
Assinto e ponho as mãos pra frente, ele observa minhas mãos mas não coloca as algemas, só dá as costas e os guardas caminham comigo, lado a lado.

- Filho
- O que faz aqui mãe?
Sinceramente não quero ter que lidar com ela, não hoje?
- Como você está meu bebê? Ela se aproxima e tenta me tocar, mas desvio do seu toque.
- Rugge... Me perdoa filho eu...
- Delegado nós podemos ir? Ele assente e olha para minha mãe antes de me acompanhar até a viatura.
- Você deveria conversar com ela, eu ainda estou confuso e puto com a situação, mas entendi o seu lado.
- Vai bancar o conselheiro agora?
- Não, ela é sua mãe e sempre será.
Fico calado a viajem inteira.
Chegamos ao presídio e Miguel me leva até uma sala onde coloco todos os meus pertences e troco de roupa.

Quando estou saindo da sala para ir pra minha cela ele me chama.
- Ruggero. Me viro.
- Cuidado... Sorrio debochado.
- Estou falando sério, aqui dentro é um inferno diferente do que está acostumado, tome cuidado.
Não respondo só continuo andando, o guarda para em uma cela.
- Luis tem companhia. Ele diz e entro, ele fecha a cela e o cara já está de pé na minha frente, ele estreita os olhos pra mim.
- Espere eu conheço você.
- Sorte a sua. Respondo.
- Você é filho do Bruno... Bruno Pasquarelli?
Fecho a cara na mesma hora, minha vontade é de gritar, eu não sou o filho daquele escroto.
-  Trabalhei anos para o seu pai, soube que ele morreu, sinto muito.
- Não sinta... Eu o matei. Ele arregala os olhos.
- V-voce matou seu pai?
- Ele não é meu pai, nunca foi, agora cala a merda da boca.
Me jogo na cama de baixo no beliche e ele fica em silêncio.

Papai...
Papai... Papai ....

Acordo assustado, passo a mão no rosto suado e levanto vou até uma pequena grade e abro as janelinhas, sentindo o ar frio de fora, não demora muito a amanhecer e uma sirene ridícula tocar, bando de filho da puta.
O guarda abre a cela.

- Você não vem? O tal Luis pergunta.
- Não estou afim.
- Cara é melhor você vim, não vai sair novamente ao menos pega um sol e come alguma coisa.
Sinto meu estômago roncar, um lembrete maldito que não como nada desde?
não tenho ideia.
Levanto e sigo o tal Luis.
Quando entramos no refeitório todos se viram e olham para mim, bando de cuzão não sabendo eles que não me intimido fácil.
Pegamos o café da manhã e sento em uma mesa vazia, o Luís senta ao meu lado.
- Você assumiu a máfia? Assinto.
- Então muitos aqui te admiram e outros te odeiam, só fique esperto.
Não respondo nada.

- Pasquarelli tem visita. Olho para o guarda e ele aponta o caminho com o cassetete.
Levanto a contra gosto e sigo o guarda com todos os olhares em mim.
Chego em uma sala e o guarda tira minhas algemas e manda eu sentar.
A porta se abre e Agustin entra.

- Como é viver do outro lado.
- Uma merda, como vão as investigações?
- Fluindo, vamos acha-lo.
- Ótimo, só tome conta de tudo.
- Você precisa de algo.
- Não, eu vou ficar bem.
- Tome cuidado aí dentro, conseguimos a lista de presos e muitos deles indiretamente nós colocamos aqui.
- Deixa comigo.
- Rugge ela está aqui.
- Leve-a de volta. Ele revira os olhos, levanta e abre a porta saindo em seguida.
Logo a porta se abre novamente e Karol entra.
Fico em pé e o guarda se aproxima mandando eu sentar, mas nego.
- Ja acabamos.
- Não, não o leve agora.
O guarda olha de mim para ela.
- Quer por favor me ajudar a entender o que está acontecendo?
Solto uma risada colérica.
- Não é tão difícil assim, já que você chegou a conclusão de que eu era culpado, então não perca seu tempo vindo aqui. Acabamos.
Falo para o guarda.
- Ruggero por favor. Sigo meu caminho para a cela.

Na parte da tarde ao menos eu presumo que seja me levam de volta para mesma sala porque segundo eles meu advogado estava aí.
Sabia que os caras não ficariam quietos, Alfredo é advogado e resolve nossos problemas do círculo, só conto o que quero que ele faça por enquanto.
Sei que posso responder em liberdade e é isso que peço a ele.
Quando volto para a cela encontro Miguel.
- O que faz aqui? Virou sua delegacia agora?
- Não, digamos que tenho passe livre.
Ele coloca tequila em um copo e me entrega, pego, jogo a cabeça pra trás ao beber o líquido que desce rasgando.
- Porque está me olhando?
- Estou vendo se tem algo em você que lembre a mim.
- Papo estranho.
- Eu sei, mas acabei de descobrir que tenho um filho, e olha só estou na cola dele, desde que entrei para o departamento de polícia e um belo dia ele simplesmente se entrega.
- O que foi quer bancar o papai agora?
- Talvez, eu não tive oportunidade para fazer isso, foi tirado de mim então pega leve na arrogância eu não tenho culpa.
- Não é isso que minha mãe falou.
- Eu não sabia que ela estava grávida, fora que seu avô não me deixava casar com ela, porque eu não tinha condições financeiras como ele queria, era pobre, quando consegui entrar para academia foi a solução, mas ela não me esperou.
Casou-se com o Bruno e ele se tornou o seu pai.
- Ele nunca foi o meu pai.
- Eu entendo, conhecia o Bruno sabia do seu caráter.
- Não... Você não conhecia, não sabe o que passamos com ele então não venha bancar o bonzinho pra cima de mim.
- Eu entendo que esteja ferido, entendo de verdade e não peço que me aceite como pai, só não quero ser seu inimigo Ruggero. Dou risada.
- Até dois dias atrás você era, engraçado não?
- Não, eu não era seu inimigo na verdade nunca fui, eu sou um policial e só cumpro o meu dever, não sou uma ameaça ao contrário de grandes nomes lá fora que você conhece bem.
Pego a garrafa da sua mão e viro direto.
- É acabei de ver algo em você.
- O que?
- Eu também bebo para esquecer meus problemas.
- Não bebo pra isso. Ele levanta uma sobrancelha.
- Tudo bem, mais quem não bebe não é?
Ele assente.
- Então qual a sua filosofia de vida papai? Pergunto sarcástico e ele rir.
- Fazer o bem sem olhar a quem e nunca se meter em encrencas meu filho siga o conselho do seu pai e tudo vai dar certo. Dou risada.
- É uma pena esse conselho ter chegado tão tarde.
- Na verdade nunca é tarde para recomeçar.
- Pode ser.

Foi a primeira vez que conversei com Miguel sem querer afundar meu punho na cara dele, eu sei que ele não sabia e é tão inocente quanto eu nessa história, mas o que vivi não pode ser apagado e o Ruggero que eu sou hoje se deve ao que passei lá atrás e não vou simplesmente mudar porque agora tenho um pai "bonzinho".

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