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— Caterine!— Bella estala os dedos diante do meu rosto para me arrancar de meu transe, eu pisco rapidamente e passo a língua nos lábios. Acho que estou com sede.
— O que? Estava falando algo?
— Estava! Mason Crowley está vindo para fazermos o trabalho de filosofia, pode ficar por perto, por favor?— ela pediu, eu estava viajando encarando a TV desligada e comendo pipoca. Acabei de voltar do trabalho estou com sono, o dia parece ter durado uma eternidade.
— Ah, Bells, não estou muito afim.— faço careta estava com preguiça mesmo de mastigar a pipoca— Vou dormir a qualquer momento.
— Por favor!— ela gemeu se ajoelhando na minha frente com as mãos entrelaçadas como se fosse orar.
— Você não vai ter a primeira vez com ele, Bella— levanto as sobrancelhas sentindo meus olhos pesarem— É só um trabalho e ele não é tão insuportável assim.
— Você sabe que eu sou tímida!— ela me disse entre dentes e eu sorri de lado, deleitando-me com o sofrimento dela.
— Você consegue lutar contra esse monstro— lhe dou um joinha e me levanto indo deixar o resto de pipoca na cozinha e subir para o quarto massageando as têmporas, fingindo não notar minha gêmea me fuzilando pelas costas. Arrasto os pés no carpete e bocejo entrando no meu quarto bagunçado, tranco a porta sem a mínima intenção de ser incomodada até o dia seguinte e me jogo na cama de bruços. O sono vem numa tacada só, não demoro para estar roncando.
E, fácil assim, num piscar de olhos, a luz da manhã beija meu rosto. Uma convidada folgada e filha da puta. Queria poder expulsá-la. Tenho uma sensação de que sonhei, mas assim que tento me lembrar do fato, a lembrança me escapa. Que se foda. Estou cansada demais até pra pensar.
Bocejo e tombo para fora da cama, tenho uma leve competição com minha gêmea pelo banheiro e ganhei a corrida, indo tomar um banho quente que parecia prestes a derreter minha pele. Acho que nunca vou cansar de odiar as manhãs. Não penso muito, agindo por memória motora, minha mente vazia me deixa com mais sono ainda, mas sei que isso irá mudar no momento que eu chegar na escola. Deixo que Bella dirija, estou fora de órbita o caminho todo e com preguiça de estar viva. Quando chegamos no estacionamento Bella para a picape e toca meu ombro atraindo minha atenção. A olho inexpressiva.
— Tudo bem?— pergunta ela, preocupada. Sempre quando eu fico quieta demais ela acha que eu tenho depressão ou sei lá. Eu só estou um pouco desatenta, não tem nada a ver.
— Claro.— resmungo e desço do carro. Bato a porta com força e olho ao redor com desânimo. Engraçado é ter que conviver com tanta gente que me irrita só de existir. O que eu não faria para estudar em casa? Uma pena que papai nunca bancaria uma coisa dessas e eu sei que não vou gastar meu salário com isso. Tenho planos maiores para a minha futura poupança, quem sabe uma moto ou um par de peitos novos.
Curiosamente, algo me diz para olhar na direção do lugar que os Cullen sempre estacionam e é o que eu faço. Edward está conversando com uma morena baixinha, acho que a Alice, e Jasper está descendo do carro vermelho que daria pra comprar umas três casas parecidas com a minha se eu não estiver supervalorizando demais minha humilde residência. Acho que vou começar a guardar dinheiro para ter um conversível como aquele. Concentro-me em Jasper Hale e na forma que ele se move. Ele é tão cativante que eu tenho que segurar um balde debaixo do queixo. Ele não me olha dessa vez.
Para de agir como a sua irmã, sua obcecada, meu senso me repreende. Já tem garotas o suficiente para babarem nele.
— Bells— eu chamo, não estava mesmo afim de ir para aula hoje.
— Oi?— ela pergunta dando a volta no carro.
— Eu acho que vou matar a aula hoje— anuncio. Bella me censura com o olhar e balança a cabeça— Venho te buscar mais tarde.
— E o que é que você vai fazer?— ela pergunta, franzindo a testa.
— Vou voltar a dormir.
Bella abre a boca e torna a fechá-la então dá de ombros. Novamente, nós duas sabemos que discussão é inútil na teimosa família Swan.
— Você quem sabe, Caterine— ela vai se afastando e eu me pergunto se ela não se tocou mesmo.
— Bella!— eu chamo, ela para a uns quinze passos de distância.
— O que?
— As chaves, inteligência!— sorrio, Bella revira os olhos e ri, tira as chaves do bolso e as joga para mim. Elas caem aos meus pés e eu abaixo para agarrá-las pouco antes de ouvir um som estranho parecendo uma freada brusca e pneus cantando, alguns alunos deram gritos do nada e eu ergui o rosto só um pouco antes de ver uma van preta se aproximando de mim bem rápido, descontrolada.
— CATERINE— Bella gritou angustiada, deixando sua mochila cair. Me levantei depressa, mas antes que eu sequer raciocinasse, fui atingida de onde não esperava. Escorreguei no gelo e bati a cabeça no chão, a van já estava ali quando consegui abrir os olhos apesar da dor na minha nuca e eu tinha certeza que estava morta, mas não estava sozinha. Um braço envolve meu corpo me erguendo do chão e eu só raciocino que a van estava parada, eu estava inteira. Me sinto terrivelmente tonta, pontadas no meu cérebro, tudo parece errado. Que porra foi essa? Ofego e olho para meu companheiro naquele aperto quando ele tira a mão da porta amassada do veículo preto. É Edward Cullen. A gente se encara.
— Como você fez isso?— pergunto, ele fica em silêncio, inexpressivo, a marca de sua mão estava na porta. Uma gritaria começou, mas nós não podíamos ver os outros.
— Você está bem?— é a única coisa que Edward pergunta. Era estranho estar tão perto dele considerando que nunca antes trocamos duas palavras.
— Não— eu digo me encolhendo contra ele mesmo assim. Queria chorar, queria vomitar.
— Shh, tudo bem— ele põe a mão na parte que bati a cabeça e vê que não tem sangue— Você vai ficar bem.
— Como você fez isso?— pergunto de novo.
— Caterine!— Bella grita subindo na carroceria da picape para nos alcançar antes de todos os alunos. Ela assim que me vê e cai de joelhos, ofegante, ela olha para Edward e então para o outro lado do estacionamento, onde ele estava não havia muito tempo. E então eu sei que ela também viu, minha irmã olha pra mim e eu seguro minha cabeça dolorida. Bella estende a mão para mim e Edward sai do caminho para que eu possa segurá-la. Isabella parece muito confusa, e eu tenho certeza de que não estou diferente— As pessoas já estão... já estão chamando uma ambulância... Você vai ficar bem.
Sem falar nada, parece que houve um acordo entre nós três em um instante, não houve acusações, não houve perguntas, nós três só tentamos me ajudar a sair daquele espaço espremido. Eu não consegui ficar muito acordada. Edward Cullen não devia estar ali, mas se não estivesse eu teria morrido, então... Não sei bem o que pensar. Como diabos foi que ele parou aquela maldita van?
Só tenho certeza de que não é natural. O que ele é?
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HIGH ENOUGH, Jasper Hale
Fanfic❝ Eu costumava beber álcool para me inspirar Mas você me parece tão bonito, meu novo fornecedor Eu gostava de fumar para parar todos os meus pensamentos Mas eu encontrei um agito diferente ❞ Eu pensei que fosse brincadeira, no começo. Não acredita...