Fique por perto

9K 1K 102
                                    

JASPER HALE

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

JASPER HALE

Observo a estante do meu quarto que vai do chão ao teto recheada de livros e examino os títulos em busca de algo que prenda minha atenção, mas não encontro nada. Morro dos ventos uivantes. Catherine está a um pequeno pulo de diferença para Caterine. Nem pensar.

Bufo e saio do cômodo como um adolescente mimado por não conseguir o que quer, acabo batendo a porta com mais força do que o necessário e recebo uma censura de Esme do outro lado da casa.

— Desculpa, Esme— resmunguei e me esbarrei com o palerma do meu irmão no meio da escada.

— Opa!— diz Emmett para minha cara mal humorada— Juro que não peguei nenhuma roupa sua de novo!— diz ele vestindo minha jaqueta. Ao menos não é minha favorita então não me importo tanto em saber que ele vai rasgá-la assim que a tirar. Reviro os olhos e o empurro para o lado para poder passar— Jazz? O que foi?

— Vou dar uma volta— aviso correndo para a porta da frente e pegando as chaves da minha moto no porta chaves.

— A gente vai para a escola daqui a pouco!— Rosalie fala do seu quarto, deve estar penteando os cabelos pela milésima vez no dia que mal começou.

— Eu vou matar a primeira aula— corro para a garagem sentindo um estranho sufoco e necessidade de me afastar de tudo e de todos.

A sensação é angustiante, eu sei que me sentiria ainda melhor se fosse correndo para qualquer que seja meu destino, mas estou mais afim de ir para o meio do nada e destruir alguma coisa porque eu não paro de pensar nela e isso me irrita profundamente. Melhor seria se fosse só minha obsessão por seu sangue e cheiro, mas eu estava pensando nos olhos dela enquanto deixava a garagem acelerando na moto a toda. Lembrei-me de sua risada e odiei o quanto eu gostei do som. Preciso de mais calma para espairecer então vou o mais longe possível da estrada, maltratando minha moto por obrigá-la a passar por caminhos estreitos e levar uma surra de tantos galhos ao criar uma trilha para uma clareira já conhecida. Chegando naquele espaço livre, desci da moto e a chutei para longe, fazendo-a capotar por uns bons metros. Aquilo não serviu de nada para me ajudar.

Enchi meus pulmões mortos com ar puro e joguei-me para trás, deitando-me no chão, na terra molhada e encarando o céu cinzento a tantos quilômetros de distância. Ela devia estar lá. Intocável e inalcançável para mim, mas não. Eu sei exatamente onde ela está e posso chegar até ela sem a menor dificuldade. Caterine quer falar comigo de novo e eu estou começando a me importar com sua vida, o que será péssimo para todo mundo já que eu não tenho muitas esperanças de que eu vou resistir á sede o tempo todo. A sede do sangue dela.

Eu odeio esse conflito tanto quanto qualquer outro. Detesto cada batalha interna que enfrento. Me aproximo quando deveria correr para longe. Não deixa de ser uma surpresa eu ter deixado ela viver tanto tempo e talvez eu devesse me sentir orgulhoso, mas eu não sinto orgulho. Esta noite algumas perversidades dominaram meus pensamentos, uma se sobressaindo a outra e Edward até teve que sair de perto para não se deixar levar.

Sonhei acordado com o que não deveria após ser obrigado a assistir um romance com o resto da família porque Esme gosta de ter uma rotina do tipo "nós assistimos filmes de comédia romântica todas as quartas", mas não é como se ela tivesse amigas para quem se gabar por ter a família toda unida por uma hora sem pausa, compartilhando o momento.

Foi ridículo e vergonhoso quando me peguei pensando nos lábios dela. Apoiei o rosto na palma da mão e o cotovelo no encosto do sofá quando o casal estava se beijando e pensei no calor que deveria ser. A sensação macia e gostosa. Um tipo de desejo que eu não sinto faz tempo. Mas aí eu me lembro da Swan e não questiono quando meus pensamentos se focam na boca dela quando ela falou comigo. Que gosto teria? Visualizei como seria beijá-la, como seria? O encaixe parece um sonho e meus pensamentos voam longe. Estávamos na sala de aula, eu a beijei e aos poucos fui empurrando-a contra as carteiras, fazendo barulho e bagunça. Quase fui capaz de sentir o calor de seus braços me envolvendo e tudo ia muito bem até eu beijar o pescoço dela. Quando cheguei lá lembrei-me do que sou e a sede veio de uma vez com todos os outros instintos, ouvi seu coração palpitar, o sangue correndo nas suas veias. Ela me queria e eu a queria, mas não mais da mesma forma. Lembrei-me do seu cheiro maravilhoso e então a mordi, meus dentes penetraram sua pele sem nenhuma dificuldade e ela não deu um pio.

Só pude sonhar com o prazer que isso me traria. O sangue dela desceria pela minha garganta e preencheria meu corpo enquanto o seu se enfraqueceria. Não me importei em como ela se sentiu na mudança de trajeto.

Quando "despertei" tive que sair da sala, exaltado pela fome. Pronto, ela estaria morta e minha sede, saciada. Em menos de dois minutos.

Eu sinto um forte anseio de ir atrás dela agora. Quero acabar com essa brincadeira porque eu não sou masoquista nem sádico. A gente só pode se ferir com todo esse contato e eu sou o único que irá permanecer. Enquanto afundo meus dedos na terra sob mim, penso que não quero machucá-la. Também penso nos lábios dela, mas prefiro não dar atenção à isso.

Acabo matando todas as aulas do dia simplesmente porque quero e saio do chão, começando a andar sem rumo. A caminhada é longa e leva boa parte do dia. Não vou direto para casa e ando ao redor de Forks para matar o tempo já que não vou matar mais nada.

No entardecer, quando passo pelo medíocre mercado mais popular de Forks, o cheiro dela chega até mim por uma brisa suave, sem ser convidado. Depois de tanto tempo, paro de me mover e, do outro lado da rua, saindo do mercado iluminado, a Caterine Swan aparece, empurrando a porta de vidro daquele estabelecimento ao sair. Ela tem o olhar fixo em mim. Aqueles malditos olhos cativantes.

Penso mais uma vez em como ela deveria estar longe, a quilômetros de distância, inalcançável como o céu. Mas ela está ali, do outro lado da rua. Eu posso chegar até ela e isso só pode ser um pesadelo. Um pesadelo muito bom, porque, por algum motivo, eu esqueço dos porquês não deveria estar ali quando seus olhos azuis me fitam e ela sorri, sua alegria em me ver me abraça mesmo daquela distância.

Maldita. Fique por perto.

 Fique por perto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O que estão achando?

HIGH ENOUGH, Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora