HIGH ENOUGH, Jasper Hale

O loiro dela

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JASPER HALE

O que foi isso? Admito que foi muito interessante vê-la nervosa daquele jeito, um tanto quanto repentino, mas bem adorável. Não penso em outra coisa até porque não há coisa melhor no que se pensar já que eu sei ainda mais da história do que o professor. Batuco o polegar na mesa enquanto o que é ditado entra por um ouvido e sai pelo outro. Por que Caterine pensaria tal coisa de mim? Sei que ela se encontrou com Edward em Port Angeles, mas meu irmão estava tranquilo demais, ele notaria se a tivesse deixado conturbada, isso se eles tivessem conversado. É, parece que ela vai me fazer perguntar mais. Vou tomar para mim um pouco da sua personalidade invasiva porque o que aconteceu foi bem esquisito e eu fiquei curioso.

Na hora do intervalo, sou um dos primeiros a chegar no refeitório e decido esperar pela morena, mas conforme o tempo vai passando e ela não aparece, eu quase fico preocupado. Estou encostado perto da porta de entrada bem como ela tinha feito há dias atrás e fecho os olhos, apurando os ouvidos. Reconheceria a voz dela em meio uma multidão então, se ela estiver falando, não vai demorar para se destacar, eu pensei. Só que três palavrinhas que ecoam pelo corredor parecem fazer mágica em mim quando eu sei que foram proferidas por uma voz muito parecida com a dela.

— Ei, me solta— diz Isabella claramente desconfortável e, de repente, eu sei para onde ir. Sinto quase o mesmo que geralmente sentia ao entrar em modo de combate. Fico robótico e crio um alvo que não vou perder de vista. Edward não está, foi caçar com Sabine porque a gula estava o deixando sensível e ele não queria colocar a irmã de Caterine em risco. Nós dois nunca nos entendemos tão bem.

Saio do refeitório sem hesitação e avanço na direção do som com passadas largas e determinadas.

— Vai, me ajuda aí, Bella— ouço a voz de Mason Crowley e assim que viro outra esquina, os vejo perto da sala de química. Bella encolhida contra os armários, claramente inquieta. O rapaz segurava o braço dela e eu só pude bufar de impaciência.

— Eu não vou te ajudar em nada— Isabella sibila, curiosamente valente. Me camuflo com meu dom para que eles não reparem na minha aproximação— Caterine te disse para ficar longe, acha mesmo que eu a farei mudar de ideia? Nem se eu quisesse conseguiria.

— Eu só preciso que você a convença que eu não sou o que ela pensa.— ele fala com certa manha. Ouvir seu coração batendo me irrita.

— Você está agindo exatamente da forma que ela esperava!— Isabella tenta livrar seu braço bruscamente, mas falha. Mason nem sonha que eu estou logo atrás dele— Me solta!— a garota finalmente foca os olhos castanhos em mim e eu vejo que é hora de acabar com a brincadeira, por isso, agarro o ombro de Mason, o viro para mim e o empurro contra os armários do lado da Swan, segurando-o pela gola do casaco com força. Tomo muito cuidado de não usar minha força sobrenatural pois, por mais que eu queira o machucar, não preciso que ele grite e não acho que Caterine ia gostar se eu matasse alguém na frente da irmã dela.

— Não ouviu ela?— pergunto retoricamente, ele processa a surpresa por me ver com uma lerdeza que me faz revirar os olhos de tédio. Olho para Isabella franzindo a testa e ela parece um chocada pela minha intervenção, mas não vejo nenhum machucado então não me preocupo— Tudo bem com você?

— S-sim, obrigada, Hale... com licença— ela balança a cabeça timidamente, aperta os livros contra o peito e se afasta em passos apressados, evitando olhar para trás. Volto-me para Mason e fecho a cara, posso sentir seu medo mas ele disfarça bem. Como que para testá-lo, brinco com suas emoções.

— E aí, herói da pátria?— ele sorriu com deboche como se sua voz não tremesse um pouco graças ao meu dom— Pode me soltar agora?

Se ele soubesse do meu passado seu ódio por mim seria muito mais justificável, mas sentir isso por conta de uma garota é além de medíocre em comparação. A guerra que eu lutei quando humano, atrás de pessoas da mesma cor de pele que ele é a primeira coisa que me lembro e tudo o que sei é que eu nunca serei capaz de mudar o que aconteceu e isso me deixa mal. Mason me lembra de muitos outros rostos. Eu o solto bruscamente porque ele me lembra dos meus demônios, principalmente aquele que eu fui.

— Você não cansa de se meter onde não é chamado?— ele bufa e ajeita a roupa, irritado.

— Não— dou meio sorriso, cínico— Alguém tem que fazer isso se você mesmo não tem o mínimo senso de parar.

— Fica fora do meu caminho, Hale— ele dá uma de valente se aproximando, eu apenas reviro os olhos. Ele é quase um palmo mais baixo que eu, chega a ser ridículo o ver estufando o peito como um galo de briga.

— Fica fora do caminho das Swan— sibilo entre dentes olhando em seus olhos— Ou eu não vou ser a única pedra no seu sapato, moleque— o empurro mais uma vez antes de me afastar.

Balanço a cabeça e volto para o refeitório esperando me acalmar. Não sou de ficar dando avisos, é melhor que ele entenda porque não vai ser legal se eu ter que me meter novamente. Passo a mão nos cabelos e atravesso as portas duplas controlando os pensamentos mercenários quando a voz dela chega até mim.

— Ele o quê!?— Caterine sibila e sem demora meus olhos a encontram na mesa de seus amigos, emaranhada no braço de sua irmã. Como não vou ir lá simplesmente buscá-la já que ela obviamente está fugindo de mim, faço caminho para a mesa em que meus irmãos estão. Desvio o olhar das gêmeas para olhar onde piso.

— Não aconteceu nada— Isabella tenta acalmar a irmã— O Hale fez com que ele me soltasse e eu saí de lá.

— Jasper?— Caterine indagou, a surpresa em seu tom me ofendeu um tanto.

— É, o seu loiro— Bella falou em tom provocativo e eu rapidamente tive minha atenção cativada de volta às irmãs Swan. Sentei-me na mesa entre Rosalie e Alice sem tirar os olhos de Caterine que olhou na minha direção, alarmada. Ao ver que eu já estava olhando, voltou a virar o rosto socando o ombro de Bella.

— Não fode— ela rosnou e Bella deu uma risadinha. Sorri, meio confuso com o que senti.

Então quer dizer que eu sou o loiro dela?

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