HIGH ENOUGH, Jasper Hale

Machos alfas

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CATERINE SWAN

Voltar para a escola no dia seguinte foi barra. Uma tortura, no melhor dos casos. Tantos me perguntando como eu estava e eu nem tive a chance de decorar seus rostos, pra que tanto drama? Eu estou inteira.

Me irritei demais quando uns deles insistiam em me tocar como se tivéssemos intimidade, outros até ousaram me abraçar! Se eu soubesse que seria assim teria trazido uma roupa de astronauta para poder me precaver. Raramente gosto de contato humano mesmo com quem eu gosto, quem dirá de pessoas com quem sequer tenho intimidade.

Na aula de filosofia, eu só queria me fundir à parede então busquei me sentar no fundo da sala, na última carteira da segunda fileira, deixando o lugar de Hale bem intocado para que não houvesse briga. Coloquei a touca e fingi que não existia.

Minha paz não durou dois minutos.

O professor Goodwin não havia chegado ainda, atrasado em tomar seu chá de cogumelos rotineiros. Mason Crowley veio se sentar do meu lado e eu acho até que ele demorou, já que aparentemente ele gosta de chegar em mim quando mais estou querendo ficar sozinha e em silêncio.

— E aí— começa ele, eu me debruço na carteira sentindo um pouco de frio no peito. Minha cabeça lateja.

— Oi.— sussurrei.

— Você está viva.

— Pois é.

— Meu irmão quase te matou, acho que ele já te pediu desculpas, mas vou pedir novamente.

— Por que você pediria desculpas?— eu o encaro com a cabeça deitada, não vejo o movimento dos outros alunos nem quero— Você cortou os freios do carro?

— Que? Claro que não.— ele riu.

— Então pronto.— forço um sorriso— E foi seu irmão quem se feriu mais. Ele levou pontos na testa. Não há necessidade disso.

— É meio que culpa minha, ele não devia estar dirigindo— ele dá de ombros franzindo a testa, reprovando a si mesmo— Ty estava muito cansado, estudou até tarde, não dormiu direito, mas eu não tinha me tocado do quanto ele estava cansado até...

— Está tudo bem, Crowley— eu digo, interrompendo-o.

— Foram questão de segundos, juro— ele insistiu— A minha preguiça poderia ter te matado.

— Não matou— eu me endireito, colando minhas costas na cadeira e me viro para o rapaz— Não deu nada errado, não se culpe por bobagens.

— Não foi bobagem— ele se aproxima de mim, apoiando-se no joelho— Me desculpa, Caterine. Eu estou muito mal pelo que te aconteceu.

— Se você prometer se desculpar também, eu desculpo— falo um pouco comovida e lhe dou um sorriso consolador. Mason olha nos meus olhos e de repente eu capto algo na minha visão periférica. Ou melhor, alguém.

Jasper Hale estava ali, parou de andar e nos olhou de cima. Completamente vestido de preto, cara de poucos amigos e olhar aniquilador. Esse é o Jasper que eu estou acostumada, não aquele que fez o trabalho por mim, me garantindo nota máxima, que quase sorria. Surpreendente é imaginar que ele não é humano. Bem... faz até sentido. Ele é perfeito demais.

Cerrei os olhos na sua direção, não pude evitar, mas também não poderia perguntar o que queria com Mason de testemunha. O que você é?

— Esse lugar é meu— Jasper diz colocando apenas o indicador no canto da carteira que Crowley estava sentado. Mason franziu a testa olhou para mim e para o loiro impaciente logo ali. Então ele olhou para a mesa como se procurasse por algo. O palhaço da turma versus o antisocial. Interação interessante. Cômica. Não pude deixar de me divertir em estar de camarote para isso.

— Engraçado, não vejo seu nome aqui.— diz o Crowley com um sorriso debochado. Jasper sorri de ladino minimamente. Não havia humor algum em seu semblante, ele parece pronto para quebrar a coluna do garoto no meio. Com que velocidade ele pode fazer isso? Será que tem a mesma força que o seu irmão? Quer dizer, não que eu vá querer ver uma coisa dessas. Seria assustador. Só curiosidade.

— Quer que eu desenhe para você entender?— sugere o loiro, no mesmo tom ácido. Eu me levanto ficando incomodada de presenciar o auge da disputa de território dos machos a minha frente, é, foi uma péssima ideia vir pra cá — não que eu tenha pensado tanto antes de fazê-lo. Jasper e Mason voltam sua atenção para mim.

— Senta aqui, Hale— falo para o loiro sobre-humano, mostrando que queria evitar briga mesmo que não desse a mínima se eles se comessem na porrada. Acho que levantei muito rápido, não consigo esconder a careta pela dor de cabeça que sinto e me apoio na mesa, passando mal. Perco a visão e seguro as bordas da mesa com força tentando não desmaiar.

Minha respiração fica descompassada. Tá tudo bem. Tudo sob controle. A bile sobe pela minha garganta. Tudo sob controle.

— Swan, você está bem?— Hale toca meu braço suavemente, só por um momento e logo recua com a mão como se censurasse, nós nos encaramos quando eu volto a enxergar e eu não tenho em nada em mente, demoro a me lembrar que devo me mover.

Ele não é humano.

— Quer ir para a enfermaria, Caterine?— sugere Mason se levantando para ir me dar amparo, passou a mão no meu ombro e deu a outra de apoio para meu cotovelo. Não ligo que me chamem pelo primeiro nome, até prefiro, na verdade, então não entendi porque Mason usou um tom de "eu sou mais íntimo dela" ao dizê-lo.

— Não. Eu estou ótima— resmungo livrando-me das suas mãos e voltando a me sentar no lugar de sempre, ao lado de Bella, na terceira fileira logo no centro da sala. Olho para trás e Jasper joga a mochila na cadeira que eu estava, sentando-se no seu trono, ele me olha, mas não por muito tempo, acho, não tenho certeza, porque eu virei o rosto para frente e não o encarei até o fim da aula.

— Cat— Bella faz carinho no meu braço e eu apenas assinto para ela para mantê-la calma.

Olhei por cima do ombro quando o sinal tocou, ao colocar o material na mochila. Jasper estava se pondo de pé com elegância e nossos olhos se cruzaram como se tivéssemos programado. Uma onda de calma me atingiu e eu me senti bem pela primeira vez em quase vinte e quatro horas. Ele virou o rosto e eu também.

Mason Crowley não saiu do meu lado mais uma vez, mas pelo menos não ficou puxando papo furado. Que dor de cabeça do caralho.

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