A pauta da imortalidade

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Eu definitivamente decepcionei meu chefe

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Eu definitivamente decepcionei meu chefe. Dado o enorme atraso que eu tive, nem compensou ir. Fiz-me de doente e sabia que no dia seguinte teria que fazer hora extra.

Deus tenha misericórdia, eu vou me matar. Ficar oscilando entre a vida real e o mundo sobrenatural não é a coisa mais fácil de se fazer.

Como se não bastasse tudo, agora parece que as palavras de Alice se impregnaram na minha mente como chiclete no cabelo. Eu tento não pensar demais nisso durante as aulas, mas justamente na de filosofia, abordando o tema da morte por conta do trabalho que tivemos no ano passado — um que Jasper fez para mim, por sinal — é quando o pensamento retorna. E eu olho.... diferente de todos ao meu redor, eu tenho o poder de parar o tempo para mim.

Uma vampira excepcional. Vampira. Eu posso me tornar uma vampira. Posso dar adeus para todas as fraquezas e males que afligem os humanos. Sem mais doenças, dores. Eu serei forte, imbatível.

Meu Deus. Eu quero ser isso?

— O que é a morte para você... senhor Smith?— perguntou meu professor, apontando para um de meus colegas.

— O que mais seria além do fim de tudo?— o garoto respondeu.— Tipo, game over. Não tem mais nada para se fazer.

— Será que é mesmo o fim? Não acha que nossas almas são apenas levadas para um outro plano ou simplesmente... que podemos reencarnar?— o professor pergunta, o mesmo garoto ri.

— Não acredito no sobrenatural, senhor.— diz. Eu seguro o riso. Ah, você nem imagina o quanto está errado.

— E se a gente não morresse?— eu pergunto em voz alta, toda a sala se voltou para mim. Não faço parte do grupo de alunos que interage, se é que me entende— E se houvesse um jeito de sermos eternos? O que aconteceria?

— A vida eterna para um homem é a condenação dele— disse o professor, exalando convicção— A morte é a única certeza que nós temos. É o que nos motiva a viver uma coisa de cada vez, um momento de cada vez. A morte é nosso direito e nossa sentença. Um elemento incontrolável. Sem isso... qual o propósito? Se você, unicamente você fosse imortal, e todos a sua volta fossem mortais, como acha que seria, senhorita Swan?

— Eu acho que nunca teria nada— respondi um pouco baixo, o professor apontou para mim, animado com minha resposta embora parecesse mais mórbida do que qualquer outra coisa.

— Você nunca teria nada, nem ninguém. Todos que você conhece e se apega vão morrer um momento e você sabe disso. Nós esperamos que seja pela idade. Temos lá um consolo em nossos corações de que a dor da perda não será eterna, mas e se fosse? Imagine a dor, como ela nunca iria parar. E o ciclo se repetiria mil vezes. Porque você conheceria pessoas novas e se encantaria de novo. Amaria um novo alguém mas sempre pensaria no fator principal: você não pode impedir a natureza nem o tempo de agirem. O medo de perder todo mundo poderia acabar com você, mas sendo imortal, como fazer isso parar?

HIGH ENOUGH, Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora