Acordei no sábado com o som de um espirro... Depois outro, mais um e outro mais. Ainda estávamos abraçados e eu não fazia ideia de que horas eram:
- Annie? - Minha voz saiu rouca pelo sono. - Você tá bem?
- Uhumm. - Essa resposta não me convenceu.
- Me deixa ver direito isso. - Coloquei a mão em sua testa. Ela estava um pouco quente, mas eu não sabia dizer se era pelo grosso edredom que nos cobria ou se era febre.
- Eu tô bem. - Ela resmungou e depois outro espirro. Os espirros dela não eram escandalosos, eram espirrinhos, e até isso acho que passei a amar nela.
- Não me venha com essa. - Eu disse. - Você tá gripada. Fique aqui e eu vou lá embaixo buscar alguma coisa pra você tomar.
- Não... - Ele me segurou quando tentei levantar. - Aquela cobra deve estar te esperando. - Achei graça daquele gesto de ciumes dela. Era a primeira vez que ela realmente demonstrava ciumes de mim.
- Ela que se atreva. - Eu disse, prendendo o riso.
- Você acha graça. - Espirro. - Mas essa garota é perturbada!
- Eu também acho. - Concordei. - E essa garota perturbada que se atreva a falar daquele jeito da minha namorada maravilhosa, pra ela ver o que acontece.
- Você não tá me levando a sério. - Ela resmungou. - Eu não gostei dela, Alfonso. E você mentiu pra mim! - Meu queixo caiu.
- Quando eu menti pra você?
- Você me disse que sua família é complicada, e não louca de pedra. O menos louco é seu pai, e ele nem fez muita questão de olhar na minha cara. Ele nem se apresentou ou quis saber meu nome.
- Desculpa por isso. - Pedi sinceramente, me sentindo mal por ter levado ela até ali.
- Tudo bem. - Ela deu um beijo no meu peito.
- Agora eu vou lá embaixo pegar alguma coisa pra você tomar. E não reclama, ninguém mandou você se jogar na piscina daquele jeito.
- Foi burrice. - Ela admitiu.
- Foi mesmo... Mas eu adorei. - Dei um beijo em sua testa e me levantei.
Elis estava na cozinha e eu pedi para que ela fizesse um chá bem forte, pois Anahí estava gripada. A senhora de 60 e poucos anos, baixinha, pele branca, cabelos castanhos com vários fios brancos sobressalentes e um pouco acima do peso ficou logo preocupada com Annie. Perguntou como ela tinha ficado gripada e eu não tive coragem de contar. Disse que faria um chá que era receita de família e que era ótimo, e que apos tomar ela ficaria boa em um instante. Agradeci e sai.
Na sala acabei dando de cara com a Victoria, que vinha do jardim aonde os preparativos para a renovação dos votos dos meus pais estavam sendo feitos:
- Sua namoradinha não acordou ainda? - Ela desdenhou. - Mas já são 10hs da manhã!
- Ela não está se sentindo muito bem. - Eu disse, dando as costas e me dirigindo as escadas.
- Ah! Acabou ficando doente. - Ela disse, debochada. Usando um tom de falsa preocupação. - Será que foi pelo show que vocês deram na piscina ontem?
- Ah! Então você viu? - Me virei para encara-la.
- Claro que vi. Ela está fazendo de tudo pra te seduzir e chamar sua atenção, chega a ser patético. - Aquele comentário me fez rir, ou melhor gargalhar.
- Você quer mesmo falar sobre quem é mais patética? Se olhe no espelho antes de falar da Annie. Você não a conhece. Ela não se preocupa por nada, e ela sabe que você é nada! E eu te conheço, e sei que se tem alguém patético aqui é você. - Falei calmo, tentando fazer ela entender cada palavra.
- Mas o que ela tem que encanta tanto? - Vi a magoa em seus olhos. - Por que ela? Eu fiz tudo por você. Eu faria tudo e vou continuar a fazer.
- É isso... Ela me encanta. Você nunca me encantou. - Sai.
Por mais bruto que eu tivesse sido com ela, era a verdade. Victoria era fútil. O "tudo" que ela dizia fazer eram tão fúteis quanto. Meus pais casaram por conveniência, eu nunca quis ir pelo mesmo caminho, mesmo que todos achassem que eu deveria. Na verdade eu nunca pensei em me casar. Não até conhecer Anahí, que ao contrario do que Victoria disse, não fazia nada pra seduzir ou chamar atenção, pois isso ela já conseguia sem precisar se esforçar muito. Essas eram coisas que ela fazia por ser quem era, divertida, maluca, espirituosa... Victoria nunca entenderia, porque ela precisava mendigar tenção, e deveria pensar que todo mundo precisaria também.
Pensando em tudo isso, lembrei do meu pai. Ele tinha me defendido na outra noite, eu não entendi porque e precisava saber, e agradecer...
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Sexy e Doce: A Namorada Perfeita.
RomanceAdvogado, rico, de família rica, bem-sucedido, poderoso, amedrontador, ríspido e sem tempo pra perder! Esse ERA Alfonso Herrera. Uma parada em uma certa manhã em um certo café e tudo mudou. Ela era encantadora e perfeita demais. Talvez Anahí fosse u...