Tive dificuldade de voltar para o quarto. Minha visão estava turva, meu coração descompassado, meu estomago revirava, o chão parecia desigual e mole, tudo ao meu redor girava. Precisei me apoiar no corrimão para conseguir subir as escadas. Andei devagar até conseguir chegar ao quarto, parecendo que eu fosse desmaiar ou vomitar a qualquer momento. A descoberta da doença do meu pai tinha sido mais do que um choque para mim.
Abria a porta e vi Anahí sentada no meio da cama, encostada na cabeceira, com o edredom cobrindo suas pernas e segurando uma xícara com as duas mãos:
- Você demorou. - Ela disse. Eu não consegui responder.
Caminhei até a cama, fui para debaixo do edredom e deitei me agarrando a ela, precisando demais daquele colo. Ela era a única paz que eu tinha naquele momento:
- Amor? - Ela falou. - Tudo bem? - Eu balancei a cabeça em sinal negativo. - O que aconteceu? Foi a Victoria? - Neguei novamente. - Sua mãe? - Neguei de novo. - Você ta começando a me preocupar. Fala comigo. Foi seu pai? - Balancei a cabeça em gesto afirmativo dessa vez. Não que eu não quisesse falar, eu apenas não conseguia. - Me conta meu amor, o que ele fez? - Ela disse usando um tom suave na voz.
Me apertei mais em seu colo, me sentindo totalmente frágil e impotente. Sem forças para falar, também não conseguia chorar. Comecei a tremer. Deus, eu tinha que ser forte... Eu sabia disso, mas não sabia como:
- Alfonso! Por favor, fala comigo. - Ela pediu. O tom de preocupação era nítido na sua voz.
Ela levou uma das mãos aquecidas pela xícara até os meus cabelos e começou a fazer um leve carinho. Senti meu corpo relaxar um pouco com aquela caricia, até parar de tremer. Mesmo assim demorou alguns minutos até que eu conseguisse falar:
- Meu pai... - Eu sussurrei. Esse era o mais alto que eu conseguia falar naquele momento.
- O que tem ele? - Ela perguntou, usando o mesmo tom de voz suave.
- Ela tá doente! - Ela parou o carinho por um segundo, e depois continuou.
- Doente como?
- Ele tem Huntington. - Era difícil demais pra mim dizer aquilo.
- Meu Deus... - Ela passou a fazer carinho nas minhas costas. - Eu sinto muito. - Se inclinando para a frente, dando um beijo no topo da minha cabeça e deixando a sua cabeça pousar na minha, ela disse . - Muito mesmo!
Ficamos assim um bom tempo. Ela ainda dava um espirro ou outro, mas nada era capaz de me tirar daquele estado de depressão que estava me consumindo desde a conversa com meu pai. O homem que eu sempre vi como uma rocha. O homem que eu temi durante anos da minha vida. Um homem que viveu a vida sem se preocupar com suas canalhices, sem se preocupar com suas traições e com suas atitudes. Um homem que não se preocupava com nada por pensar ser inatingível, e que me fez acreditar que ele realmente era. Eu pensava que nada podia destruí-lo, derruba-lo. Agora, porem, saber da sua doença tinha mexido com a minha cabeça também. Ele não era o ser indestrutível que eu pensava:
- Sabe? - Eu comecei, ainda sem conseguir força na voz além de sussurros.
- O quê?
- Eu não sei o que fazer...
- Como assim não sabe o que fazer?
- Não sei se vou conseguir ajudar. Não sei se vou conseguir ficar do lado dele enquanto a doença se agrava. Não sei nem mesmo se quero estar perto quando piorar.
- Você não pode estar falando sério! - Foi a primeira vez que a voz dela se alterou, se tornando um pouco mais grave e séria.
- Ele viveu uma vida terrível. Ele sempre foi uma pessoa terrível. No final, ele pode estar tendo o que merece.
- Eu não acredito que você pense assim, meu amor.
- É a verdade! - Afirmei convicto.
- Mesmo que fosse. - Ela suspirou. - Mesmo que seja... Seu pai vai precisar de você. Por mais terrível que ele tenha sido durante a vida, a própria vida deu um jeito de castigar ele, e um castigo horrível. Você precisa ser aquele que vai estar ao lado dele. Não o castigue ainda mais... - Apesar de ter dito isso no mesmo tom suave que usava antes, aquelas palavras me atingiram como um soco.
- Ele não contou pra minha mãe, ainda.
- Ela precisa saber.
- Eu sei disso. Mas se eu fosse ele também não contaria. Não acho que ela vá ficar ao lado dele.
- Eu não sei se a sua mãe é tão monstruosa assim.
- Ela é. Não enxerga nada alem dos interesses dela. Não se deu conta de que tem algo errado mesmo morando debaixo do mesmo teto que ele.
- Então se esse é o caso, está ai mais um motivo para você ficar do lado dele. E eu vou estar do seu lado. Você não vai estar sozinho, te prometo.
Me apertei ainda mais em seu colo, sentindo o meu amor por ela crescer dentro de mim. Nem que eu passasse o resto da vida, agradecendo ao céu, de manhã, tarde e noite, seria o bastante para dizer o quanto eu era grato por te-la na minha vida...
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Sexy e Doce: A Namorada Perfeita.
RomanceAdvogado, rico, de família rica, bem-sucedido, poderoso, amedrontador, ríspido e sem tempo pra perder! Esse ERA Alfonso Herrera. Uma parada em uma certa manhã em um certo café e tudo mudou. Ela era encantadora e perfeita demais. Talvez Anahí fosse u...