Cap. 69

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A viajem de volta para casa foi silenciosa. Dessa vez Anahí não quis nem se quer ligar o radio. Ela também não me perguntou como foi a conversa com a minha mãe. Chegamos ao apartamento dela no final da tarde de domingo. Eu deveria ter seguido para a minha casa logo após deixa-la, mas não quis. A conversa com a minha mãe tinha sido pior do que eu imaginava, meu pai estaria sozinho a partir do momento em que eu o deixei lá, eu tinha muito na cabeça, e tinha que começar a pensar no que fazer, mas no momento eu não queria pensar em nada. 

Eu estava me sentindo exausto, acabado de dentro para fora, devastado de todas as formas e completamente perdido. Se o chão se abrisse e me engolisse eu não me importaria nem um pouco. 

Parado no meio da sala de Anahí, olhando para um quadro de Audrey Hepburn em sua parede, e com o pensamento longe,  sinto ela me abraçar por trás com seus braços rodeando minha cintura:

- Tem alguma coisa que eu possa fazer por você? - Ela perguntou. 

- Tem uma coisa que nós dois podemos fazer, o que você acha? 

- Que você é um tarado! - Eu ri do que ela disse. 

- Você só pensa besteira, Annie. Eu ia propor de fazermos algo para comer. Eu estou morrendo de fome, você não? 

- Sempre! Mas eu não confio em você na cozinha... E nem em piscinas. Você é tarado! 

- Você é que vive se exibindo na minha frente. 

- Você é que só sabe pensar em sexo. - Ri do comentário.

- A culpa é sua. 

- Até parece... E como eu realmente não confio em você na cozinha, vamos pedir alguma coisa... 

- O seu problema não é que você não confia em mim. - Me virei para encara-la. - O nosso problema é que somos um desastre cozinhando. - Colei os lábios em seu ouvido. - Apesar de sermos ótimos na cozinha. - Sussurrei. 

- Você é terrível. - Ela empurrou de leve meu ombro. - Tem uns folhetos no balcão da cozinha. Pede o que você quiser. Eu preciso fazer uma ligação e já volto. 

Ela seguiu em direção ao quarto e eu fiz o que ela disse. Resolvi pedir alguns lanches, afinal ainda era o fim da tarde e estava cedo demais para jantar. Anahí demorou na ligação. Demorou demais. Vinte e cinco minutos depois a comida tinha sido entregue, eu tinha organizado tudo e ela ainda não tinha saído do quarto. Não me atrevi a tentar ouvir atrás da porta, mas fiquei tentado, preocupado, talvez até mesmo enciumado. 

Quando ela finalmente saiu do quarto parecia tranquila, como se a conversa seja lá com quem fosse, tivesse a ajudado de alguma forma:

- Hum... Delicia. - Ela disse olhando os lanches sobre o balcão. - Demorei? 

- Imagina... - Dei os ombros. - Quase nada. - Ela riu. 

- Era uma ligação de família. 

- Não precisa me dar satisfação, Annie. 

- Não é satisfação, eu só... Só queria que você soubesse. Eu estava falando com o meu avô. 

- Seu avô? Você não me disse que ele... 

- Sim... Meu avô por parte de pai sim, mas por parte de mãe está vivíssimo. Sabe? A maioria das pessoas tem dois avôs. - Ela mostrou a língua. 

- Boba. - Repeti o gesto dela. - Você não fala muito da sua família, Annie, então como é que eu ia saber? 

- Você tem razão, mas isso vai mudar. É só ter paciência, eu ainda pretendo te apresentar para eles, todos eles... Cada um deles. 

- Nossa... E quantos são? 

- Sei lá, perdi as contas. - Ela se sentou em um banco do outro lado do balcão e começou a se servir dos lanches e batatas. 

- E todos moram a califórnia?

- Exatamente. - Ela respondeu, dando uma bela mordida no lanche. 

Pensar em conhecer toda família dela me assustou. Nunca tinha conhecido família de namorada nenhuma, a não ser a de Victoria, mas não havia comparação. Eu queria passar o resto da vida ao lado de Anahí, logo teria que fazer parte da família dela também. Ela tinha acabado de conhecer a minha família e não tinha passado nem perto de ser um encontro agradável ou no minimo bom, mas para mim isso pouco importava. Já com ela eu sabia que seria diferente, conquistar a família dela seria conquistar mais uma parte dela. Se eles não gostassem de mim poderia significar o fim? Eu não queria nem pensar nessa possibilidade:

- Poncho! - Ela chamou minha atenção, me tirando do meu devaneio. - Você não vai comer? Disse que estava morrendo de fome! 

- Vou sim, eu só estava pensando.... 

- Pensando no que? 

- Você conheceu minha casa, meu amigo e meus pais, acho que só falta conhecer o lugar aonde eu trabalho, não?

- Você vai me levar no seu escritório? 

- Vou... Amanhã...

Sexy e Doce: A Namorada Perfeita.Onde histórias criam vida. Descubra agora