Cap. 66

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Durante a renovação dos votos eu pude perceber sinais da doença do meu pai. Coisas que para o resto dos convidados deve ter passado despercebido. As vezes ele tinha uma especie de "tique" no ombro, as vezes balançada a mão. Até poderia dizer que era nervosismo ou emoção, mas não era e eu sabia disso.

Apesar de toda aquela cena de "Continuarem a se amar, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe" ser terrivelmente desnecessário, pra não dizer irônico e completamente falso para mim, Anahí ao meu lado conseguia me dar a paciência necessária. Em momentos absurdos como esse, ela era a única coisa que fazia sentido para mim.

Eu não conhecia nem metade da metade dos convidados, mas percebi olhares furtivos lançados para a minha namorada, inclusive de homens acompanhados de quem eu pensava ser suas esposas. Já as mulheres ao redor lançavam olhares invejosos. Algumas senhoras e senhores de mais idade conseguiam olhar com mais ternura. Já Anahí parecia nem perceber tudo isso. Uma mulher linda e completamente alheia de sua beleza. Eu tentava imaginar como seria nós dois vistos como um casal por outros olhos. Eu, um sujeito mais amargo, e ela uma garota cheia de ternura. Mas eu sei bem que aos poucos ela está conseguindo me deixar menos amargo, como se fosse um raio de sol que invade o breu sem ser convidada, e ilumina tudo.

Quando os votos foram renovados, uma banda começou a tocar dando inicio a festa que se arrastou por horas. Depois de darmos algumas voltas, e apresenta-la aos poucos que eu conhecia ali, vi minha mãe vindo em nossa direção com Victoria enquanto meu pai conversava distraído com um casal, e eu soube de cara que nada de bom sairia dali:

- Alfonso, meu filho! Acho que você poderia dançar com a Victoria agora.

- Não acho uma boa ideia, mãe. - Eu disse entre dentes, soltando um sorriso sínico para ela.

- Tudo bem. - Interveio Anahí. - Eu vou estar te esperando ali. - Ela apontou para uma mesa aonde não tinha ninguém. - Uma musica apenas. - Ela deu um beijo na minha bochecha e foi se sentar. Senti um aperto no coração ao vê-la se afastar. Minha mãe pulou literalmente de alegria.

Durante a dança com Victoria eu não conseguia olhar para outro lugar que não fosse para Anahí, sentada à mesa, sozinha. Um ou outro ia falar com ela, o que me corroía por dentro, mas ela apenas sorria, falava algo que eu não conseguia captar e eles iam embora, por incrível que pareça, sorrindo também. Acho que esse era o efeito que ela causava nas pessoas, felicidade instantânea.

O que Victoria falou durante a dança foi perdido, porque eu não fiz questão de prestar atenção e mesmo que quisesse não conseguiria. Era um absurdo sem tamanho que eu estivesse dançando com alguém que eu mal suportava, enquanto a mulher mais doce, gentil e linda estava sentada sozinha. Era um absurdo que eu estivesse no meio de uma dança com alguém que não fazia diferença nenhuma pra mim, enquanto o amor da minha vida ficava me esperando.

E foi me dando conta disso que larguei Victoria antes de esperar a musica acabar e fui em direção a minha Annie. Victoria esbravejou sento abandonada no meio da pista de dança, enquanto Anahí, eu me ver chegar, sorriu. Um sorriso que chegou aos olhos brilhantes e azuis:

- A moça mais linda dessa festa me daria a honra dessa dança? - Perguntei, me curvando e estendendo a mão para ela, em uma reverencia elegante.

- Se eu fosse essa moça, ficaria honrada. - Ela segurou minha mão.

- Você é!

Conduzi ela até a pista e a rodopiei, fazendo assim a saia do vestido dela levantar levemente e acompanhar o movimento, chamando a atenção de vários convidados. Nesse momento a banda começou a tocar uma outra musica...

"Já me acostumei com a tua voz, com teu rosto e teu olhar / Me partiram em dois e procuro agora o que é minha metade. / Quando não estás aqui sinto falta de mim mesmo / E sinto falta do meu corpo junto ao teu. / Meu coração é tão tosco e tão pobre / Não sabe ainda os caminhos do mundo. / Quando não estás aqui tenho medo de mim mesmo / E sinto falta do teu corpo junto ao meu. / Vem depressa pra mim, que eu não sei esperar / Já fizemos promessas demais. / E já me acostumei com a tua voz, quando estou contigo estou em paz. / Quando não estás aqui meu espírito se perde, voa longe... "

Eu a girei, a segurei, a abracei, nos balancei e com um ultimo rodopio eu a beijei, arrancando assim da nossa plateia que tinham se tornado os convidados vários suspiros e alguns aplausos...

Sexy e Doce: A Namorada Perfeita.Onde histórias criam vida. Descubra agora