Capítulo 2

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Entrei no elevador e desci até a garagem e fui para o meu carro e fui pra casa da minha mãe, ela mora na Barra da Tijuca. Quando entrei pela sala ela se assustou.

Mãe: Priscilla? O que faz aqui? E cheia de malas?

Eu: Meu casamento acabou.

Mãe: Como assim? – perguntou assustada.

Eu: A Natalie mãe... – contei a ela.

Mãe: Você não está sendo precipitada? Nem tudo que parece, é. E esse Rodrigo é um imbecil, Rio de Janeiro inteiro sabe disso.

Eu: Ela prefere ele, eu cansei de pedir pra ela se afastar dele, e ela não fez, então pra mim chega. Nosso casamento está indo para o lixo desde a perda do nosso filho, e ela vem se comportando do jeito que bem entende, e eu não vou ver esses dois se beijarem na minha frente e ficar quieta. Pra mim, chega... Eu a amo muito, mas não vou aceitar esse tipo de coisa. Eu vou embora pra Boston, vou assumir a chefia do hospital de lá, eu sonhei com isso e fui pra casa correndo pra contar e me deparei com aquela palhaçada. Chega mãe, não dá mais. Eu vou pra Boston, me estabilizo, eu engravido e tenho o bebê que eu tanto quero ter e é isso.

Mãe: Filha, não faça o que pode se arrepender depois.

Eu: Eu a amo mãe... Muito... Mas não dá pra viver entre brigas, desconfianças, e depois do que eu vi hoje dentro da minha casa. Eu vou ficar aqui tá? Até me organizar para ir embora. Tenho que estar em Boston em um mês.

Mãe: Tudo bem filha. – me abraçou. Eu não dormi nada aquela noite, estava cega de raiva e de mágoa. Estava consumida com a cena que vi e imaginando mil situações. No dia seguinte eu fui para o hospital tinha cirurgia numa paciente de 30 semanas, o bebê dela tinha uma massa em volta do coração e eu precisava retirar. Foi uma longa cirurgia, mas deu certo. Depois de algumas horas atendendo algumas pacientes a Natalie veio.

Nat: Podemos conversar?

Eu: Não.

Nat: Priscilla é importante, por favor.

Eu: Não temos nada para conversar. Tenho outra cirurgia. – sai da sala sem falar com ela. Fiz a cirurgia que eu tinha que fazer, evolui alguns prontuários falei com meu chefe que já estava por dentro de tudo e fui resolver a questão do meu visto. Eu já tinha recebido o contrato assinado então tinha que mudar meu visto. Eu fiz o agendamento para daqui 10 dias. Em casa eu procurei um apartamento pela internet, precisava de um lugar para morar nesse inicio até comprar uma casa. Encontrei alguns apartamentos próximos ao hospital, eu nem ia precisar usar o carro pra sair de casa e isso seria ótimo. Falei com a corretora, ela era brasileira então marcamos uma visita online por chamada de vídeo para o dia seguinte de manhã. No dia seguinte eu escolhi meu apartamento, ele já era mobiliado, ela ia providenciar roupas de cama pra mim, louças, panelas, depois eu compraria o resto. Natalie não parava de me ligar e de me mandar mensagem e eu não parava de cancelar e de recusar as mensagens dela. No outro dia fui trabalhar e vi a Natalie na cafeteria do hospital com o Ferraro. Ele colocava o cabelo dela atrás da orelha, com a outra mão ela fazia carinho na mão dela. Meu corpo todo pegou fogo. Falei alto para ela ver que eu estava ali. – Bom dia, um café duplo por favor... – vi pelo canto dos olhos que ela se assustou e se levantou vindo até mim.

Nat: Amor... Vamos conversar?

Eu: Não me chama de amor... Fica ai com seu namoradinho fazendo carinho em você na frente de todo mundo. Meu advogado vai mandar os papéis do divórcio pra você, assim pode coloca-lo dentro do meu apartamento o quanto antes. – me deram o café peguei os pacotinhos de açúcar e a tampa do copo e sai andando. Adocei meu café e fui pra minha sala, fiquei conferindo alguns exames e fui para minha consulta com uma ginecologista. Eu queria saber como eu estava eu queria engravidar o quanto antes.

XX: Está tudo bem com você Priscilla, pode começar o tratamento para a fertilização quando quiser. Como está indo para Boston posso te indicar alguns profissionais lá que podem fazer isso por você, podem te acompanhar. Inclusive, duas amigas nossas estão lá e trabalham no mesmo hospital que você vai trabalhar. A Lohana Marinho e a Dani de Melo. A Lohana é especialista em fertilização lá e uma excelente obstetra também e a Dani é uma excelente obstetra e cirurgiã pediátrica. Ah e tem uma neurologista amiga nossa lá também, Nathalia Diorio. Não sei se soube que ela foi pra lá.

Eu: Sim eu soube. – sorri - Vou estar em família, nem vai parecer que sai daqui – ri.

XX: Verdade. – as três eram minhas amigas. Eu sentia muita falta delas. Ela me deu todos os exames que fizemos eu ia precisar levar. Marquei meu check up também eu ia precisar levar tudo. Passei o resto da semana fazendo exames. Eu não via mais a Natalie. Na semana seguinte quando ela estava chegando para um plantão eu estava saindo de um. Eu aproveitei e fui no apartamento pegar minhas coisas. Peguei tudo do meu escritório, embalei tudo que eu queria levar. Peguei o resto das minhas roupas, bolsas e sapatos. Fiquei cerca de 4 horas ali fazendo tudo isso. Logo eu fui pra casa desci tudo, eu precisava separar o que eu ia levar. Comprei dois kits de malas pela internet eu ia precisar de mais malas. Passei alguns dias arrumando tudo, depois fui resolver a questão do meu visto, e estava tudo certo. Eu tinha visto de estudante, eu fiz medicina lá, Natalie também, então eu não precisava validar meu diploma lá. Com meu trabalho em pouco tempo eu receberia minha cidadania americana. Eu estava morrendo de saudades dela, e doía. Era meu último dia no hospital eu viajo em 5 dias. Eu mudei todas as minhas escalas para não encontrar a Natalie pelos corredores. No final do dia na sala de reuniões tinha uma festa surpresa pra mim.

Eu: Quero agradecer a cada um de vocês, por todo esse tempo de convivência, de trabalho, de parceria. Vocês são as melhores pessoas que conheci e que trabalhei, e espero poder vê-los em breve. Obrigada por essa despedida. – brindamos.

Chefe: Que você seja uma grande chefe, eu sei que você vai ser.

Eu: Aprendi com o melhor... – comemos, conversamos, ganhei presentes e logo fui embora. Olhei bem aqueles corredores, dei alta a minha última paciente coloquei tudo no meu carro, era hora de ir embora. – Obrigada Copa Star, obrigada por tudo... – falei olhando para dentro do hospital. Entrei no meu carro e fui pra casa. Natalie me ligou de novo e eu resolvi atender e ela já foi logo falando.

Nat: É verdade que vai embora?

Eu: Sim.

Nat: E eu? Como eu fico sem você? Temos que conversar Priscilla, não nos falamos a quase um mês, eu preciso de você. – já falava chorando.

Eu: Não Natalie, você não precisa de mim. Você se fechou no seu mundo de dor quando nosso filho morreu, e eu te entendi, mesmo sentindo a mesma dor que você. Eu te pedi um milhão de vezes para não colocar aquele imbecil na nossa casa e você não fez isso nenhuma das vezes que eu te pedi. Ele te beijou na minha frente e isso doeu. A nossa cama bagunçada, ele tomando vinho no meu sofá... Isso passa na minha cabeça o tempo todo. Você estava na cafeteria com ele, e ele segurando sua mão, colocando seu cabelo atrás da orelha na maior intimidade. Você não me respeita... – falava magoada.

Nat: Não é nada disso Pri, não aconteceu nada... – soluçou... - Boston... Você vai pra Boston?

Eu: Sim. Eu cheguei em casa aquele dia feliz pra te contar que eu tinha conseguido a chefia do Massachusetts General Hospital. Até levar um banho de água fria. Inclusive eu consegui uma posição para você lá.

Nat: Amor... Vamos resolver isso, a gente vai embora juntas, me deixa te dar a notícia que eu queria dar eu tenho certeza que tudo vai mudar e...

Eu: Não Natalie... Eu estou machucada, eu estou ferida. Não quero ouvir nada, não quero falar mais sobre isso. Preciso desligar, tenho que arrumar minhas coisas. Adeus e seja feliz com o Ferraro. – desliguei antes que ela respondesse. Doía muito fazer isso, mas era o melhor... Era o que eu achava... 

NATIESE EM: ENTRE O AMOR E O ORGULHO - RECOMEÇOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora